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“Rei das Rifas” ilegais tentou a política e se candidatou a deputado

Em um dos pleitos, Big Jhoow declarou ter apenas um veículo Sandero 2019, avaliado em R$ 33 mil, e um Hyundai Veloster, de R$ 36 mil

atualizado

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dois homens sorrindo
1 de 1 dois homens sorrindo - Foto: Reprodução

Principal alvo da segunda fase da Operação Huracán, da Polícia Civil do Distrito Federal, o influenciador digital Elizeu Silva Cordeiro, conhecido nas redes sociais como Big Jhoow ou “Rei das Rifas”, foi candidato a deputado estadual por Minas Gerais nas últimas eleições. Filiado ao Solidariedade, o youtuber teve 17.344 votos e terminou o pleito como suplente. Ele é investigado pela PCDF por lavagem de dinheiro por movimentar milhões em rifas ilegais.

Big Jhoow recebeu pouco mais de R$ 128,6 mil do fundo partidário e gastou R$ 116,3 mil durante a campanha. No entanto, o que mais chama a atenção é a declaração de bens e renda dele. Apesar de levar uma vida luxuosa e andar a bordo de carros superesportivos de valores milionários, o candidato declarou ser dono de uma empresa com capital social de R$ 80 mil e possuir R$ 120 mil em dinheiro.

Não é a primeira vez que o investigado pela PCDF tenta se eleger. Em 2017, ele concorreu a uma cadeira de vereador pelo município mineiro de Contagem. Naquela ocasião, Big Jhoow declarou possuir, apenas, um veículo Sandero 2019, avaliado em R$ 33 mil, e um Hyundai Veloster 2013, avaliado em R$ 36 mil.

Veja imagens do “Rei das Rifas” ilegais ostentando:

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Bolsonarista

Bolsonarista de coração, o influenciador coleciona fotos com o presidente Jair Bolsonaro (PL) durante as motociatas que o chefe do Executivo costumava fazer ao redor do país. “Conhecerei a verdade e a verdade vos libertará. Esse é meu presidente, a melhor opção para o nosso Brasil”, escreveu o influenciador na legenda de uma foto em que parece ao lado de Bolsonaro.

Por meio da Coordenação de Repressão a Crimes Patrimoniais (Corpatri), a Divisão de Repressão a Roubos e Furtos (DRF) deflagrou a operação nas primeiras horas desta quinta-feira (10/11) a fim de desarticular um esquema milionário de rifas ilegais e lavagem de dinheiro com uso de empresas de fachada.

A segunda fase da Operação Huracán mira dois influenciadores do DF e Minas Gerais que têm ligações com o youtuber Kleber Rodrigues de Moraes, conhecido como Klebim, preso temporariamente na primeira fase da investigação.

Os mandados de busca e apreensão são cumpridos simultaneamente em Vicente Pires e Minas Gerais pela Divisão de Repressão a Roubos e Furtos (DRF). O principal alvo da ação é o influenciador Elizeu Silva Cordeiro, conhecido nas redes sociais como Big Jhoow.

O outro youtuber envolvido no esquema das rifas ilegais é Marcelo Alves Lopes, sócio oculto de Klebim, que não aparece nos sorteios. Marcelo utiliza um espaço da Estilo Dub Shop, que fica em Samambaia e pertence ao youtuber preso na primeira fase da operação.

A Justiça deferiu o sequestro de uma lancha de luxo, um jet ski e dois carros da marca italiana Lamborghini, avaliados, juntos, em R$ 5 milhões. Também serão bloqueados R$ 12 milhões distribuídos em várias contas bancárias.

Apesar de a lancha e o jet ski estarem na lista dos bens sequestrados, a PCDF ainda não localizou esses dois itens.

Veja a Lamborghini amarela em ação:

 

Empresas de fachada

Os investigadores identificaram que a outra ponta do esquema no DF ficava sob a responsabilidade de Marcelo Alves. O influenciador , segundo a PCDF, sorteia veículos sem autorização através de uma plataforma na internet. Marcelo já sorteou pelo menos dois veículos e vários Iphones. Tanto Big Jhoow quanto Marcelo usam empresas de fachada para lavar o dinheiro amealhado com as rifas ilegais.

Foram mapeadas ligação entre as empresas, confirmadas por meio de depósitos entre contas vinculadas às firmas de fachada. As investigações mostram que Marcelo é proprietário das empresas BR Vendas e ML Pagamentos e Comércio de Produtos Eletrônicos. Ambas as empresas deveriam estar situadas em Taguatinga, mas não existem fisicamente.

Veja imagens:

Movimentações milionárias

As investigações também acompanharam o fluxo milionário que percorria a conta bancária dos influenciadores responsáveis pelas rifas ilegais. Tanto Big Jhoow quanto Marcelo Alves usavam laranjas para receber grandes quantias. Em apenas dois meses, a conta do influenciador, que tem renda presumida de R$ 4 mil, recebeu R$ 3,1 milhões.

Já o influenciador mineiro movimentou R$ 5,3 milhões em um período de apenas sete meses. Big Jhoow se apresenta como leiloeiro com uma suposta renda mensal de R$ 5,3 mil. Ele é dono dos dois superesportivos apreendidos na operação. O primeiro é a Lamborghini modelo Gallardo S, de cor amarela, ano 2011, avaliada em R$ 1,1 milhão. O segundo, modelo Huracán Spyder LP580-2, ano 2017, está avaliado em R$ 3,3 milhões.

Veja Lamborghinis rifadas por influenciador Big Jhow:

O que diz a lei

Sobre as rifas feitas pelos dois alvos da PCDF, a Secretaria de Advocacia da Concorrência e Competitividade (SEAE), da Secretaria Especial de Produtividade e Competitividade (SEPEC), do Ministério da Economia, informou que a licença constante no site usado pelos influenciadores não se refere a uma autorização daquela secretaria

Segundo a SEAE, “a mecânica utilizada não se trata de uma promoção comercial, na verdade, se assemelha a “rifa”, a qual é considerada modalidade de jogo de azar, tipificado, no Brasil, como contravenção penal, segundo a Lei de Contravenções Penais (Decreto-Lei nº 3.688/41)”.

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