PCDF vai investigar se câmera em banheiro de escola gravou crianças
Pais procuraram direção da escola para reclamar de equipamento. O dispositivo de vigilância está instalado desde, pelo menos, 2016
atualizado
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Um câmera instalada no banheiro feminino do Centro de Ensino Fundamental (CEF) 4 de Sobradinho tem causado revolta entre pais e estudantes da unidade de ensino. Alguns responsáveis procuraram a direção da escola para reclamar do equipamento e o caso foi parar na Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF).
Escola do DF instala câmeras em banheiro e é notificada
Um dos pais ameaçou chamar a Polícia Militar nesta terça-feira (20/9), caso a direção da escola não o deixasse ver o banheiro com o objeto instalado. “Me explicaram que a câmera está desligada, mas foi instalada porque havia muito tráfico de drogas no período noturno, e eles precisavam evitar de alguma maneira”, contou.
Apesar disso, o responsável pondera que não é adequado que exista uma câmera dentro de um banheiro que é frequentado por crianças. “Essa situação vem colocando nossas crianças em risco, para uma pessoa sem escrúpulo usar essa câmera… a gente não sabe”, ponderou.
Outro fator é que a legislação distrital que versa sobre o uso de sistemas de monitoramento em escolas públicas do DF veda a instalação de câmeras dentro de banheiros. É isso que diz o Artigo 3º da Lei nº 4.058, de 2007.
“É vedada a instalação de câmeras de vídeo em banheiros, vestuários e outros locais de reserva de privacidade individual, bem como em salas de aula, salas de professores, secretarias, cantinas e outros ambientes de acesso e uso restrito na escola”, estabelece a regra.

Câmera em banheiro revoltou pais de alunas Material cedido ao Metrópoles

Legislação veda instalação de equipamentos nos banheiros de escolas públicas Material cedido ao Metrópoles
De acordo com investigadores da PCDF ouvidos pela reportagem, a corporação pediu uma perícia no equipamento, para constatar se ele realmente está desligado. Questionada sobre os dispositivos de vigilância, a Secretaria de Educação respondeu que, além da questão do tráfico de drogas, a direção da escola informou que a câmera foi instalada para coibir que os estudantes pichassem os banheiros. Segundo a pasta, o equipamento estaria desativado desde 2016.
A direção da escola disse, ainda, que teria pedido a desinstalação do equipamento, o que até agora não aconteceu. A pasta disse, também, que defende que a educação patrimonial seja trabalhada em sala de aula e vai pedir apuração sobre a instalação indevida dos dispositivos (veja a íntegra abaixo).
Escola notificada
Caso parecido aconteceu no Centro de Ensino Fundamental 4 de Planaltina, em 4 de maio último, quando a Secretaria de Educação notificou a direção da escola determinando a retirada de uma câmera em um banheiro da unidade de ensino. Assim como em Sobradinho, no caso da escola de Planaltina, o equipamento foi instalado em 2017, no entanto, demorou para os familiares descobrirem sobre a existência dos dispositivos.
Veja a íntegra da resposta da Secretaria de Educação:
“A direção da escola informa que as câmeras foram instaladas devido aos registros significativos de pichação dentro dos banheiros da escola. No entanto, a equipe gestora ressaltou que as câmeras estão desativadas desde 2016 e que já solicitou a desinstalação dos dispositivos.
A Secretaria de Educação do Distrito Federal informa ainda que vai apurar sobre a instalação indevida dos dispositivos e ressalta que não autoriza a instalação de câmeras nos banheiros das escolas, em concordância com a lei nº 4.058, de 18 de dezembro de 2007, que veda a instalação de câmeras de vídeo em banheiros, vestuários e outros locais de reserva de privacidade individual, bem como em salas de aula, salas de professores, secretarias, cantinas e outros ambientes de acesso e uso restrito na escola.
A Secretaria de Educação defende que a educação patrimonial seja trabalhada em sala de aula para que os estudantes reconheçam a importância do patrimônio utilizado por eles no dia a dia.”