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MP requisita investigação sobre PMs que agrediram jovem negro no DF

Caso ocorreu nesse domingo (13/11). Jovem negro de 27 anos afirma ter sido vítima de racismo

atualizado 15/11/2022 8:32

Polícia Militar agride um homem negro durante abordagem em Planaltina-DF, neste domingo (13/11), com tapas, soco, chute e joelhada. Os militares chegaram a jogar a vítima no chão durante os minutos de violência Material cedido ao Metrópoles

A Promotoria Militar do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) requisitou nesta segunda-feira (14/11), por meio de ofício, a instauração de inquérito policial militar para apurar a agressão de membros da corporação a um jovem de 27 anos durante abordagem ocorrida em Planaltina nesse domingo (13/11).

Segundo consta no documento, a finalidade da investigação é “esclarecer a existência de indícios de materialidade e autoria de crime militar”. O pedido é pela colheita imediata de eventuais “elementos indiciários”.

Outro pedido é para que, no prazo de 10 dias, seja encaminhada resposta acerca dos questionamentos.

“Foi racismo”, diz vítima

O jovem de 27 anos afirma que foi vítima de racismo ao ser revistado por equipes da corporação. Marcos Vinícius Vasconcelos da Silva levou tapas, soco, chute e joelhada enquanto estava em frente a uma distribuidora de bebidas.

“Eu não acho. Tenho certeza de que foi racismo. Precisam parar com essa mentalidade. Não é porque a gente é preto, tem uma tatuagem, que precisa ser bandido. Eu não sou bandido e não aceito isso”, disse a vítima.

Marcos Vinícius trabalha há mais de cinco anos em um bar do DF. Em vídeo obtido pela reportagem, é possível ver o momento em que os militares o agridem e o jogam no chão.

Imagens de câmeras de segurança da distribuidora registraram a violência. Quatro homens estão em frente ao estabelecimento quando chegam três PMs. Os clientes atendem à ordem de largar as bebidas e colocar a mão na cabeça. O jovem negro é o primeiro a ser abordado e passa a ser vítima da truculência.

Assista:

O garçom conta que sentiu discriminação e abuso de poder. “Ninguém merece passar pelo que eu passei. É muito triste”, lamentou. “Eu tenho muito orgulho da minha cor. Sei o que eu sou, sei da minha realidade. Sou trabalhador, mas fiquei muito mal depois de passar por essa situação. É muito revoltante. Por isso, resolvi que não vou ficar calado.”

Durante a abordagem, nenhum dos outros suspeitos passou pela mesma situação. Irritado com a violência, o garçom chutou uma garrafa de cerveja em direção à rua, o que irritou os policiais e os fez intensificar as agressões. Depois, os PMs vão embora do local.

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Marcos Vinícius afirma que vai processar os envolvidos e procurar a Corregedoria Geral da Polícia Militar do Distrito Federal para apuração do caso. A reportagem procurou a corporação e questionou, entre outros pontos, o que motivou a abordagem, se houve crime praticado por algum dos abordados, por que o homem negro recebeu tratamento diferente e quais medidas serão tomadas pela PMDF.

Em nota, a Polícia Militar do Distrito Federal respondeu que, “sempre que acionada diretamente pela população ou por meio do 190, busca de imediato a melhor forma de atender o chamado”.

“Os policiais militares são treinados para atuarem em todas as circunstâncias e buscam seu melhor no desenrolar das ocorrências. Quando um possível erro acontece, abre-se o devido procedimento para apurar os fatos, visto que a PMDF não compactua com irregularidades. A Polícia Militar do Distrito Federal reforça seu compromisso de bem assistir à sociedade, visto que temos como ideal servir e proteger a sociedade brasiliense”, comunicou.

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