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Mente feminicida: em carta, ex culpa Janaína e pede perdão por matá-la

Texto, escrito com caneta vermelha em folhas de caderno, conta história do casal, na visão do assassino, e vem recheado de palavras de ódio

atualizado

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Daniel Ferreira/Metrópoles
caso janaína, vítima de feminicídio no DF
1 de 1 caso janaína, vítima de feminicídio no DF - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

Stefanno Jesus Souza de Amorim, assassino confesso da ex-mulher, a funcionária terceirizada do Ministério dos Direitos Humanos Janaína Romão Lúcio, aproveitou o tempo em que esteve foragido da polícia para escrever uma carta de próprio punho de dez páginas.

O texto, escrito com caneta vermelha em folhas de caderno, conta a história do casal, na visão do assassino, e vem recheado de palavras fortes, como raiva, ódio, irritado, nervoso e furioso. A narrativa deixa claro que o homem não aceitava o fim do relacionamento e culpava a mulher pela situação. Justificativas comuns à mente de um feminicida.

Após tirar a vida de Janaína na frente das próprias filhas, a facadas, sem dar a ela chance defesa, se mostrou arrependido e pediu perdão. “Sei que vocês (os pais) me entregaram ela de coração e eu acabei devolvendo ela dessa forma. Agora, Deus vai ajudar vocês a lidar com isso”, escreveu. E como se não tivesse cometido uma barbárie, afirma que quando sair da prisão vai tentar a guarda das duas meninas.

Stefanno — que já cumpriu pena por outro homicídio — foi encontrado na casa de uma irmã, no Recanto das Emas, na tarde dessa terça-feira (17/7). No momento da abordagem, carregava consigo a carta (leia abaixo).

 

Carta Stefanno by Metropoles on Scribd

 

O crime ocorreu nesse sábado (14), em Santa Maria. À polícia, porém, ele negou ter ameaçado as próprias filhas, de 2 e 4 anos de idade, conforme denunciaram os familiares da vítima. De acordo com o delegado Alberto Rodrigues, titular da 33ª Delegacia de Polícia (Santa Maria) e responsável pela investigação, o acusado não resistiu à prisão.

Segundo Stefanno, a vítima dificultava o acesso dele às filhas, e o casamento nunca chegou a ser desfeito em definitivo. “A gente brigava de vez em quando, mas nunca terminamos”, contou à imprensa.

Morte anunciada
A morte de Janaína é o quarto homicídio praticado pelo acusado, conforme informou o delegado do caso. Segundo Rodrigues, o assassino tinha dificuldade em estabelecer endereço fixo devido à quantidade de inimigos feitos no mundo do crime. “As amigas de Janaína, inclusive, eram mulheres de pessoas que queriam matar Stefanno”, declarou o policial.

Janaína era vítima de agressões e denunciou o ex-marido à polícia pelo menos duas vezes, em 2014 e 2017. A Justiça decidiu favoravelmente à concessão de medida protetiva à mulher, mas o processo foi arquivado, pois ela teria retirado a queixa.

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Em depoimento à polícia, Stefanno disse ter traído a então companheira recentemente. Ao saber do caso extraconjugal, na versão do homicida, Janaína também teria cometido uma traição.

“Ele chegou a persegui-la numa festa junina do trabalho dela. Janaína teria dito que não o queria ali e voltaria à noite [para casa]”, detalhou o delegado. “Ele, então, passou a monitorar sua chegada, mas acabou descobrindo que ela não tinha dormido em casa. Janaína estaria voltando a se relacionar com o primeiro marido, o que teria provocado ciúmes”, disse o delegado Rodrigues.

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