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Chuva não chega como o esperado e níveis de reservatórios despencam

De 1º de outubro até esta segunda (9/10), o volume útil do Descoberto, principal fonte de abastecimento de água do DF, caiu 15,3%

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Michael Melo/Metrópoles
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1 de 1 Michael Melo/Metrópoles - Foto: Michael Melo/Metrópoles

Os níveis dos reservatórios do DF preocupam mais do que nunca. As chuvas não chegaram na quantidade esperada, o que vem reduzindo aceleradamente a quantidade de água disponível para o abastecimento da capital do país. Para se ter uma ideia, em apenas nove dias — de 1º/10 até esta segunda (9) — houve queda de 15,3% (mais de dois pontos percentuais) no nível do Descoberto, responsável por fornecer 60% da água consumida no Distrito Federal. O índice chegou a 14,3% e, caso atinja 9%, novas medidas terão que ser tomadas, entre elas a ampliação do racionamento.

No reservatório de Santa Maria, a queda tem ocorrido de forma menos drástica (4,46% ou 1,3 ponto percentual) no mesmo período. Passou de 29,1% para 27,8%. A meta para este mês é 23%. Enquanto isso, a previsão é que o período chuvoso só se intensifique a partir da última semana do mês. Para ajudar a manter os níveis acima do estabelecido, a população precisa colaborar e reduzir ainda mais o consumo de água.

Segundo o presidente da Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb), Maurício Luduvice, há motivos de preocupação. “A chuva começou e, depois, sumiu. A situação não é simples”, disse. Ao ser questionado sobre o aumento do rodízio no abastecimento, lembrou que essa possibilidade nunca foi descartada.

De acordo com Luduvice, a seca de 2017 ainda não acabou e há grande expectativa com o que vai ocorrer em 2018. Os alertas sobre o fato de a crise hídrica não ter data para acabar vêm sendo dados desde outubro do ano passado. De acordo com o especialista em Economia Ambiental e professor da Universidade de Brasília (UnB) Gustavo Souto Maior, os dois reservatórios estão em colapso há anos.

“Em 2001, o Tribunal de Contas da União (TCU) fez uma auditoria operacional no sistema dos recursos hídricos de todo o país e, à época, chegou-se à conclusão de que o DF tinha a terceira pior situação em todo o Brasil, em termos de disponibilidade hídrica por habitante/ano. A capital só estava melhor que Pernambuco e Paraíba”, ressalta. “Essa situação é de conhecimento dos governantes há muito tempo e nunca fizeram nada para combater essa crise”, afirma.

Souto Maior destaca que a situação atual é, portanto, resultado da falta de ação do poder público, de investimentos em novas fontes de geração de água e de transparência. “Se a população aumenta, o consumo cresce e a oferta não acompanha. Mesmo com Corumbá IV, os problemas não terão solução. Quando começaram a divulgar o assunto (em 2004), dizia-se que o recurso abasteceria a região por 100 anos. Mas a verdade é que, até hoje, não veio um litro de água para cá. Além disso, o compartilhamento da água entre a usina hidrelétrica e o consumo humano também deve ser analisado”, ressalta.

 

Ampliação do racionamento
“É preciso que as chuvas sejam mais volumosas e mais duradouras, e que ocorram por vários dias para que haja diferença nos níveis dos reservatórios. Inicialmente, a chegada das chuvas ajuda a diminuir a velocidade da queda dos níveis, mas ainda assim, o volume segue baixando”, informou a Caesb por meio de nota.

Segundo as previsões das curvas de acompanhamento, o volume do Descoberto deve voltar a subir em novembro e o de Santa Maria, só a partir de dezembro.

Apesar de os números parecerem alarmantes, a Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico (Adasa) diz que eles ainda estão acima do esperado para esta época do ano. Mesmo assim, o órgão reconhece que o volume segue baixando e, caso os níveis caiam além da meta estipulada, medidas mais rigorosas serão tomadas com o objetivo de reduzir a demanda.

“As medidas de restrição poderão incluir a diminuição a captação de água pelos irrigantes da bacia hidrográfica do Descoberto e da vazão média mensal captada pela Caesb”, informou.

Veja abaixo as curvas de acompanhamento com índices mínimos, mês a mês:

Reprodução/Adasa

Reprodução/Adasa

Novas fontes de captação
Sem a ajuda de São Pedro, o GDF corre com obras para aumentar a captação de água. O Subsistema Produtor do Lago Norte, que pela primeira vez na história está destinando água do Paranoá para abastecimento da cidade, começou a funcionar no último dia 2/10. Mas deverá levar pelo menos 40 dias para fornecer os 700 mil litros por segundo previstos.

Outra obra deverá ser entregue até o final do mês. O Bananal significa um reforço de 726 litros por segundo, beneficiando cerca de 170 mil pessoas.

Para abril do ano que vem, o governo pretende entregar à população as obras do Sistema Produtor Corumbá 4. As intervenções são fruto de um consórcio entre DF e Goiás. Além da adutora de água tratada, cabe à Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) a construção da Estação de Tratamento de Água, em Valparaíso (GO), e de 15,3 quilômetros de adutora de água bruta. Ao todo, a parte do DF está 68% executada.

O sistema vai beneficiar cerca de 1,3 milhão de pessoas — 650 mil no Distrito Federal e 650 mil em municípios goianos do Entorno — no início da operação. Em uma segunda etapa, esse número vai chegar a 2,5 milhões, metade em cada unidade da Federação.

O governador Rodrigo Rollemberg (PSB) visitou a obra nesta segunda. Questionado sobre a possibilidade de sair do racionamento, afirmou que tudo depende dos níveis dos reservatórios: “A curva histórica mostra que em novembro eles começam a subir. As chuvas e as obras de captação de água são os principais fatores.”

 

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