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Infestação de ratos toma conta de alas na Papuda onde ocorreu fuga em massa. Veja fotos

Enormes e em grupos, os roedores andam pelas alas atrás de alimento. A comida se tornou escassa após 396 presos terem sido transferidos

atualizado

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Reprodução
Ratos na Papuda
1 de 1 Ratos na Papuda - Foto: Reprodução

Esvaziado após 15 tentativas de fugas apenas em 2020, o Centro de Detenção Provisória (CDP), no Complexo Penitenciário da Papuda, deixou de apresentar as celas entupidas de presos e teve arrefecidos os riscos provocados pela superlotação. No entanto, a unidade enfrenta agora outro problema: a infestação de ratos. Centenas de roedores correm com desenvoltura pelas alas do presídio, justamente no local onde ocorreu a fuga em massa de 17 internos. No último dia 14, o grupo escapou por um buraco no teto.

O Metrópoles teve acesso a imagens registradas por servidores do sistema penitenciário que flagraram, em diversos momentos do dia e da noite, o “passeio” dos roedores. Enormes e em grupos, os animais andam pelas alas C e D atrás de alimento. Antes abundante, a comida se tornou escassa após 396 presos terem sido transferidos para o Centro de Detenção Provisória II (CDP II). Ao todo, 288 internos deixaram a ala C e outros 108 a ala D.

De acordo com uma fonte ouvida pela reportagem, os ratos costumavam se alimentar de restos de comida deixados pelos presos após o consumo das quentinhas. “A verdade é que os ratos ficaram doidos com a falta de alimento e estão correndo pelas alas atrás do que comer. Antes, a comida era mais farta, pois tinham muitos restos jogados fora que acabam sendo consumidos por eles. Com a transferência dos presos, esses restos desapareceram”, detalhou um dos servidores.

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Duas patas

De tão grandes, os roedores chegam a “ficar em pé”, sobre duas patas, segundo um servidor do sistema penitenciário. De acordo com o relato,  durante uma vistoria após a fuga dos 17 internos que escaparam pelo buraco no teto, um rato foi visto caminhando desta forma, sobre a laje. “Era tão grande que me assustei. O roedor estava mesmo em pé, igual a um lêmure, e não estava preocupado com a presença dos servidores”, contou

A infestação de ratos já havia sido citada em um documento obtido pelo Metrópoles. O relatório narra, em detalhes, a situação na qual se encontra o presídio mais antigo do DF.

Inaugurado em 1973, o CDP – antes conhecido como Núcleo de Custódia de Brasília – é apontado como uma “edificação antiga, frágil e inadequada, uma vez que foi construída com materiais impróprios e planejada fora dos padrões atualmente exigidos”.

“Uma estrutura degradada pelo tempo, cheia de gambiarras, pouco arejada, escura, úmida, com inúmeros remendos oriundos de tentativas de fugas anteriores, com um cheiro extremamente desagradável, repleta de lixo, ratos e baratas. Enfim, um ambiente altamente insalubre para servidores e presos”

Trecho do relatório da inspeção feita por integrantes da Seap
Outro lado

Procurada pela reportagem, a Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal (Seape) confirmou a infestação de ratos e destacou que, na próxima segunda-feira (9/11), ocorrerá uma visita feita por técnicos do Centro de Controle de Zoonoses do DF, quando será feita uma avaliação do cenário.

Segundo a Seape, na última sexta-feira (30/10), os blocos do CDP I receberam reforço nas ações de limpeza e desinfecção com água sanitária. A pasta esclareceu, ainda, que foi colocado veneno em 37 tocas de ratos encontradas no CDP. A movimentação frenética dos roedores também se daria pelo fato de a substância provocar fome e sede, desidratando os ratos até a morte.

“Durante as ações pontuais realizadas no Bloco I, além dos materiais de limpeza, jatos d’água de alta pressão foram utilizados. A medida fez com que ratos fossem empurrados pela força da água e passassem a circular pelas dependências do Bloco I, contudo, sem contato algum com internos e policiais penais”, ressaltou a pasta.

A Seape argumentou, ainda,  que a infestação não acarretou danos à saúde de reeducandos e servidores.

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