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Ibaneis a Bolsonaro: “Comemorar 31 de março não contribui para a pauta política”

Após encontro entre os governadores e o ministro Paulo Guedes, emedebista disse que o presidente precisa “ajustar o discurso”

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
Reuniao governadores
1 de 1 Reuniao governadores - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Após reunião entre governadores de todas as unidades da Federação e o ministro da Economia, Paulo Guedes, no Palácio do Buriti, o anfitrião do encontro, o chefe do Executivo local, Ibaneis Rocha (MDB), criticou Jair Bolsonaro (PSL). Disse que o presidente precisa ajustar o discurso e, ainda, que “comemorar o 31 de março [data do golpe militar] não contribui com a pauta política”.

Ibaneis se referia a uma orientação dada por Bolsonaro. Nessa segunda (25), o presidente disse para os quartéis comemorarem a “data histórica” do aniversário do dia 31 de março de 1964, quando o golpe militar derrubou o governo de João Goulart e iniciou um regime ditatorial que durou 21 anos. “Colocar como comemoração o 31 de março, como se não tivesse havido uma revolução e partidos que sofreram com ela. Isso não contribui com a pauta política”, criticou Ibaneis.

O emedebista considera que o governo federal tem a questão econômica clara. “O que está faltando, a partir do presidente Bolsonaro, é definir a sua pauta política”, afirmou. Segundo Ibaneis, na visão de todos os governadores, a condução política está sendo “maltratada”. “Todos os governos querem união em torno da recuperação econômica do nosso país”, acrescentou.

As declarações foram dadas após mais de três horas de reunião entre o ministro da Economia e os chefes de estado. De acordo com Ibaneis, durante o encontro, Paulo Guedes assumiu o compromisso de apresentar um plano de recuperação fiscal para as unidades da Federação.

Ibaneis também atualizou o rombo nas contas do DF que, incluindo o das estatais, soma R$ 12 bilhões. “Mas isso não nos assusta. São dívidas do passado. Grande parte com servidores, que estão dispostos a aceitar parcelamentos. Se não aceitarem, vão para precatórios. Então, não tenho dívidas emergenciais. Eu preciso resolver o problema de investimento, saúde, educação, segurança e geração de emprego. Senão, o caos se aprofunda”, pontuou o governador.

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De acordo com ele, o Distrito Federal está em uma condição financeira intermediária, em comparação a outros estados. “O DF está entre as situações que não é das piores, mas precisa melhorar. Existem estados piores, alguns melhores e, outros, à beira do abismo”, afirmou.

Para o governador, o pacote fiscal é necessário para atenuar a crise nas unidades da Federação. Ibaneis foi indicado para acompanhar o governo federal na elaboração do plano de recuperação fiscal.

Outros temas foram tratados, como a securitização dos débitos, cessão onerosa, revisão de fundos e da Lei Kandir, entre outros. Os governadores fizeram o acordo para que a reforma da Previdência e a cessão onerosa dos royalties do Petróleo caminhem juntas. Paulo Guedes saiu do encontro sem falar com a imprensa.

O ministro desistiu de apresentar aos deputados da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), da Câmara, a proposta que define novas regras para a Previdência. Ele era esperado pelo colegiado na tarde desta terça-feira (26). A ida a Casa seria uma demonstração do governo de atenção com os deputados.

De acordo com nota divulgada pela assessoria de imprensa, “a ida do ministro da Economia à CCJ será mais produtiva a partir da definição do relator”, informou.

Na segunda (25), o governador Ibaneis Rocha já havia criticado Bolsonaro, mais exatamente sobre a dificuldade de o Palácio do Planalto em conseguir fazer a reforma da Previdência tramitar com velocidade no Congresso. “O governo federal ainda não está em marcha”, disparou.

“O presidente [Jair Bolsonaro] costuma dizer que nós precisamos de ‘mais Brasil e menos Brasília’. Eu digo: precisamos de uma nova Brasília para um novo Brasil”, alfinetou. Apesar da declaração, o emedebista assegurou apoiar a reforma e que, ao lado de outros governadores, busca melhorar as condições de votação da proposta no Congresso.

Marcola em Brasília
Outro ponto nevrálgico é a transferência do chefe do Primeiro Comando da Capital (PCC), Marcos Willians Herbas Camacho, mais conhecido como Marcola, de Rondônia para Brasília. “Trata-se de uma medida jabuticaba”, disse, após encontro dos governadores com Paulo Guedes.

Segundo o governador, o DF reuniu informações que confirmam a presença do PCC no DF. O material será apresentado para o governo federal. O emedebista confirmou a intenção de entrar na Justiça, ainda nesta terça (26), para a retirada do criminoso da capital. O documento será baseado na Lei de Segurança Nacional.

Ibaneis disse que, em nenhum outro lugar do mundo existe presídio federal a 6 km da sede do Poder Executivo nacional. “O problema não são os que estão presos, e sim os soltos”, destacou Ibaneis. O emedebista também voltou a alfinetar o ministro da Justiça, Sergio Moro. “Ele tem a sua segurança da PF. Mas me preocupa muito, pois teremos daqui a alguns anos, os meus filhos estudando com os filhos desses presos, porque eles têm dinheiro”, assinalou.

Avião para Temer
Sobre o empréstimo do jatinho particular para o ex-presidente Michel Temer (MDB), após o ex-presidente ser solto na Superintendência da Polícia Federal no Rio de Janeiro, Ibaneis disse: “O dinheiro é meu e eu pago o que quiser”.

Temer ficou quatro dias preso devido à Operação Descontaminação, braço da Lava Jato. Livre, o emedebista pegou uma carona no avião do governador Ibaneis Rocha, também do MDB, de volta para casa, em São Paulo, na segunda (25).

 

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