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Protesto na Esplanada foi tranquilo e com público abaixo do esperado

Forças de segurança e organizadores esperavam reunir 10 mil pessoas, mas o pico foi de 3 mil manifestantes nesta sexta (28/4)

atualizado

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Michael Melo/Metrópoles
greve geral, manifestação, esplanada dos ministérios
1 de 1 greve geral, manifestação, esplanada dos ministérios - Foto: Michael Melo/Metrópoles

As mobilizações da greve geral em Brasília terminaram por volta das 19h desta sexta-feira (28/4). Com cerca de 50 manifestantes ainda nas imediações do Palácio do Itamaraty, a Polícia Militar decidiu liberar o trânsito no Eixo Monumental e vias de acessos aos ministérios, que eram mantidas fechadas desde a 0h.

As forças de segurança pública e as entidades que organizaram os atos estimavam em 10 mil pessoas o total de manifestantes que chegaria à Esplanada dos Ministérios: palco principal dos protestos. Mas o público máximo não passou de 3 mil: o pico foi registrado por volta das 12h20. No fim da tarde, o movimento começou a dispersar a partir das 17h, quando 2 mil pessoas permaneciam no local, segundo a Polícia Militar. No entanto, a corporação não reduziu seu efetivo: 2 mil policiais seguiram de prontidão na Esplanada até a liberação da via.

No período da tarde, a concentração do público foi mais intensa em frente ao Palácio do Itamaraty: grades e barreiras policiais impediam uma maior aproximação ao prédio do Congresso Nacional. Não havia mais liderança de sindicatos ou categorias profissionais. Eram estudantes e trabalhadores de todas as idades, alguns sozinhos e outros acompanhados de familiares, amigos ou colegas de trabalho que foram até ali para protestar contra as reformas trabalhista e da Previdência. De vez em quando, alguém puxava um “Fora Temer” e era acompanhado pelo grupo.

“Eu vim porque sou contra o governo temer e todas essas reformas. Eu trouxe minha filha porque ela precisa aprender, desde cedo, a importância de lutar pelos nossos direito”, disse a bancária Ângela Peres, de 38 anos, ao lado da filha Adriana, de 10.

No gramado em frente ao Itamaraty havia muitos servidores públicos federais sentados. Segundo um grupo de trabalhadores da Controladoria Geral da União e do Ministério da Cultura, não houve grande mobilização dos sindicatos e, assim, muitos servidores acabaram optando por trabalhar. Quem não deu expediente, contaram, recebeu ameaças de punição pela chefia imediata.

“Todas as passagens para chegar até aqui foram fechadas pela PM. Só está aberto perto da Catedral, que é longe. Isso acabou desmotivando muitos colegas a virem”, informou alguém do grupo CGU/Cultura. Perto deles, também no gramado, uma turma de professores de escolas particulares do DF também relatou pressão para não aderirem à greve geral. “Mas eu vim porque a gente tem de lutar pelo direito. E nossa classe será muito prejudicada”, resumiu a professora de biologia Gabriela Corrêa, 27 anos.

Poucas ocorrências
O protesto foi considerado tranquilo pelas autoridades locais. A Polícia Civil registrou quatro ocorrências ao longo do dia. Uma delas, por volta das 9h30, foi por lesão corporal. A vítima relatou que foi impedida de entrar ao Ministério da Saúde por manifestantes que bloqueavam a entrada. Por ser um crime de menor potencial ofensivo, o autor assinou Termo Circunstanciado e foi liberado.

Outras duas ocorrências foram registradas por desacato. Os autores foram encaminhados para a 1ª e 5ª DPs, ambas no Plano Piloto, e também para a Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA). Uma ocorrência por furto de celular também foi registrada na 5ª DP.

O Corpo de Bombeiros fez dois atendimentos durante todo o dia: um por hipoglicemia e outro por pressão alta. As duas pessoas foram atendidas no posto médico da corporação e não precisaram ser encaminhadas ao hospital.

Além disso, as 2 mil pessoas que permaneciam na Esplanada por volta das 16h, receberam com vaias uma equipe da Agefis. Os fiscais foram ao local impedir o trabalho de ambulantes, que vendiam, principalmente, água e refrigerantes para os manifestantes. Produtos foram recolhidos e os ambulantes, retirados da Esplanada.

Durante todo o dia, a PM manteve pontos de revistas próximo à Rodoviária e nos acessos aos ministérios. Não era permitida a entrada de objetos perfurantes ou cortantes, garrafas de vidro e outros tipos que possam causar ferimentos: foram recolhidos 35 objetos não permitidos. Ainda assim, os policiais recolheram garrafas de vidro do gramado da Esplanada (veja galeria de fotos).

Centrais comemoram
Em texto publicado no site da Central Única dos Trabalhadores no Distrito Federal (CUT-DF), a entidade comemorou o que chamou de “a maior adesão da história de Brasília”. Segundo a entidade, 50 categorias profissionais participaram da greve geral no DF.

“Com a maior adesão de categorias profissionais em toda sua história de mobilização, os trabalhadores do DF conseguiram um marco histórico ao promover a maior greve da capital federal, construída a partir da unidade da classe trabalhadora e dos movimentos sociais”, destacou o texto. “As imagens da Esplanada dos Ministérios vazia nesta manhã, sem trânsito de veículos e com os prédios de portas fechadas, ficarão marcadas na memória e nos livros de história. Também, o fechamento do mais tradicional centro comercial da cidade, o Conjunto Nacional, foi outro momento emblemático”, acrescentou a CUT-DF.

 

Veja a galeria de fotos:

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“Pagar o pato”
O protesto não reuniu apenas servidores públicos. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Condomínios do Distrito Federal (Seicon-DF), Afonso Lucas Rodrigues, 55 anos, chegou cedo na Esplanada. “Os brasileiros não se deram conta do que vem por aí, de que é o trabalhador que vai pagar o pato”, argumentou. Segundo ele, o sindicato não é contra as reformas propostas, mas espera que a população possa ser ouvida. “Ninguém está garantindo emprego; estão tirando.”

Quem também bateu ponto nas primeiras horas do dia foi João Pimenta, da Associação dos Aposentados de Brasília (Asaprev-DF). Ele levou o neto Hugo, 9 anos, para participar do movimento: “Trouxe uma criança para mostrar que as reformas afetam principalmente a elas, que terão de trabalhar desde muito jovens”.

Raiane Wentz/Metrópoles
João Pimenta e o neto Hugo

 

Grupos indígenas, que estão em Brasília desde o início da semana, se somaram aos manifestantes no período da manhã. Ubiratan Fong, 32 anos, veio do Rio Grande do Sul e é da Comissão da Terra Livre: “Estamos juntos no movimento para o bem do Brasil”.

Estou na luta pelos nossos direitos, de nossos filhos e netos. São muitos policiais e é possível que essa força seja usada em algum momento, assim como em 1964, quando utilizaram o braço armado do Estado contra o povo

Professor universitário Cleber José de Oliveira, 37 anos

Rodovias bloqueadas
Mais cedo, por volta das 6h, houve bloqueio e queima de pneus nas principais rodovias de acesso ao centro de Brasília. A via para o Aeroporto JK também foi fechada. Manifestantes jogaram pedras nos policiais, que revidaram com bombas de efeito moral. Muitos passageiros precisaram ir a pé para o terminal. Os bloqueios causaram congestionamentos em vários pontos do DF, já que havia grande quantidade de veículos.

Ônibus e metrô não circularam: a adesão à greve geral começou a 0h e foi mantida durante todo o dia, apesar de a Controladoria Geral da União ter conseguido uma liminar que determinava a obrigatoriedade de 30% da frota ser mantida circulando. Não houve confrontos ou piquetes na volta para casa, entre o fim da tarde e início da noite deste 28 de abril.

 

Veja vídeo da PMDF sobre a manifestação na tarde desta sexta: 

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