Para revitalizar o centro de Brasília, o governo quer conceder a gestão da Rodoviária do Plano Piloto à iniciativa privada e acelerar o início das reformas do Teatro Nacional Claudio Santoro, fechado – e abandonado – há cinco anos e meio. No caso do terminal, segundo o Palácio do Buriti, será lançada uma parceria público-privada (PPP) para gerir a estação central de transporte coletivo. Em relação ao teatro, nos próximos dias será divulgado o edital para a reconstrução do monumento.
“Nós pensamos em projeto de PPP para essa área da Rodoviária, para transformá-la em um grande shopping dentro da cidade, onde as pessoas tenham realmente acessibilidade e condições de manutenção. É uma coisa que nós temos que pensar: as rodoviárias que funcionam bem no mundo todo são geridas pela iniciativa privada”, declarou o governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), nesta terça-feira (04/06/2019).
O Governo do Distrito Federal (GDF) vai lançar um procedimento de manifestação de interesse (PMI) para chamar empresas interessadas na administração da Rodoviária. No entanto, não foi anunciada data.
Teatro Nacional
De acordo com o GDF, o edital para a reforma do Teatro Nacional está mais avançado. O governador diz que o documento está pronto e em análise pela Procuradoria-Geral do Distrito Federal (PGDF). Tão logo a consultoria jurídica dê o aval, Ibaneis colocará a licitação na praça.
O Teatro Nacional está fechado desde janeiro 2014. Para custear parte da obra, o governo cortou R$ 25 milhões do Fundo de Apoio à Cultura (FAC), conforme antecipado pelo Metrópoles.
Segundo Ibaneis Rocha, a reabertura vai aquecer a economia e promoverá o resgate de um pedaço da cultura brasiliense. Por outro lado, uma parcela expressiva dos produtores culturais e artistas contava com o dinheiro para seguir em frente com 300 projetos neste ano. Pelas contas do setor, 30 mil empregos diretos e indiretos deixarão de ser gerados.

A entrada do Teatro Nacional está deterioradaJulia Bandeira/Especial para o Metrópoles

A estrutura de cimento tem placas destacadas, sem manutençãoJulia Bandeira/Especial para o Metrópoles

Moradores de rua andam e consomem drogas ao redor das estruturasJulia Bandeira/Especial para o Metrópoles

Fezes e urina estão espalhadas pela rampa de acesso ao teatroJulia Bandeira/Especial para o Metrópoles

O cheiro de urina é quase insuportável: é possível senti-lo de longeJulia Bandeira/Especial para o Metrópoles

A entrada do teatro tem mofo, vidro quebrado e poças de águaJulia Bandeira/Especial para o Metrópoles

Os banheiros estão quebradosTCDF/Reprodução

O mofo no carpete só aumentaTCDF/Reprodução

Algumas partes estão irrecuperáveisTCDF/Reprodução

A cozinha tem baratas, sujeira e ferrugemTCDF/Reprodução

Goteiras e mofo na Sala Villa-LobosDaniel Ferreira/Metrópoles

Carpete rasgado e cadeiras danificadas também estão presentes na Sala Villa-LobosDaniel Ferreira/Metrópoles

O estrago é grande no espaçoDaniel Ferreira/Metrópoles

Poltronas e carpetes rasgadosDaniel Ferreira/Metrópoles
Obras
Em dezembro de 2018, o Metrópoles mostrou que os problemas na Rodoviária do Plano Piloto estavam na mira do Tribunal de Contas local (TCDF). Em vistoria, os técnicos da Corte observaram problemas no terminal, como o deslocamento das placas de revestimento nas paredes.
Aberturas no teto, ausência de forro e instalações expostas também são falhas apontadas no relatório. No piso, havia buracos, deformações e trincas. O laudo também indicou o mau funcionamento das escadas rolantes.
Pela Rodoviária, transitam, diariamente, 700 mil pessoas. Elas são testemunhas do estado precário do terminal e são expostas a riscos constantes. Em agosto deste ano, os problemas crônicos enfrentados pelos passageiros e usuários do terminal foram mostrados pelo Metrópoles em reportagem da série DF na Real.
As reformas na Rodoviária do Plano Piloto parecem infindáveis. As obras começaram em 2014 e, até hoje, não solucionaram os problemas estruturais do terminal. A licitação ocorreu no último ano da gestão do ex-governador Agnelo Queiroz (PT) e previu investimentos da ordem de R$ 36,5 milhões. Até o fim de 2018, somente R$ 11,8 milhões do recurso – 32% do valor orçado – haviam sido usados. As intervenções continuam até hoje.