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GDF fechou 24 mil comércios que descumpriram regras de combate à Covid-19

Nessa terça-feira (1º/12), passou a valer uma nova restrição: bares e restaurantes devem encerrar as atividas até as 23h

atualizado

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JP Rodrigues/ Especial para Metrópoles
Pessoas reunidas em bar
1 de 1 Pessoas reunidas em bar - Foto: JP Rodrigues/ Especial para Metrópoles

Bares e restaurantes que descumprirem o novo horário de fechamento, às 23h, imposto por decreto nessa terça-feira (1º/12), já estão sujeitos às sanções impostas pela Secretaria de Proteção da Ordem Urbanística (DF Legal).

Segundo informações da própria pasta, desde março, mais de 24 mil estabelecimentos comerciais foram fechados compulsoriamente por terem desrespeitado outras regras estabelecidas para evitar o avanço do coronavírus, como distanciamento entre mesas, descumprimento de medidas sanitárias e aglomeração.

Conforme levantamento da DF Legal, junho foi o mês que teve mais comércios obrigados a cessar o atendimento: 7.085. Desde então, a capital vem observando uma quantidade cada vez menor de infrações que levam ao encerramento obrigatório das atividades. Setembro e outubro, por exemplo, não chegaram a 200 casos. Em novembro, foram oito ocorrências.

O pico das interdições aconteceu em junho e julho, com mais de 300 em cada mês. Em novembro, no entanto, 78 estabelecimentos tiveram as atividades interrompidas por um período de tempo mais longo.

A desobediência aos protocolos sanitários de combate à Covid-19 é o motivo mais comum para a interdição. Conforme a pasta, os fiscais costumam encontrar estabelecimentos que extrapolam o máximo de 50% de lotação, não aferem a temperatura na entrada ou que desrespeitam a obrigatoriedade do uso de máscaras para todos.

Conforme lembra a secretaria, a proteção facial só pode ser retirada quando o cliente estiver sentado à mesa e se alimentando. No caso de música ao vivo, está proibido levantar e dançar.

Novo decreto

Na primeira noite de vigência do novo decreto do Governo do Distrito Federal, os estabelecimentos comerciais tiveram dificuldades para cumprir o prazo. Isso porque vários points estavam lotados devido à transmissão do jogo do Flamengo pela Libertadores.

A ordem impunha o fim do “expediente” antes mesmo de o jogo do Flamengo terminar, o que resultou em descumprimento por parte dos empresários do setor.

Os bares universitários das 408 e 410 da Asa Norte, por exemplo, continuaram com música alta e transmitindo jogos de futebol em telões. Foi o caso do Pôr do Sol, Toca do Coelho, Campinense e Mendes. Alguns poucos estabelecimentos recolheram as mesas antes das 23h para desestimular a entrada de novos clientes, como Pinella, Godofredo e Bogodó. Mas ninguém foi expulso no horário determinado pelo governo local.

Às 23h15 o bar Simpsons da 204 Norte estava fechado. Mas o estabelecimento vizinho – o Dikanto Bar – seguia de portas abertas. “A Covid-19 não tem hora para pegar, até as 23h não pode pegar mais? Não faz sentido o decreto”, reclamou o cliente Ronaldo de Melo. Ricardo Melo, também freguês do Dikanto, completou: “Na Libertadores, não tem Covid”.

Na Asa Sul, o bar e distribuidora de bebidas Piauí estava de portas fechadas às 23h30, assim como os estabelecimentos da 314 Sul. No Sudoeste, hamburguerias e bares, como Geleia e Abençoado, também obedeceram à determinação do GDF.

Veja fotos do funcionamento de bares na primeira noite do novo decreto: 

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Veja do decreto do GDF:

Medidas duras

Ibaneis Rocha alertou que o governo local vai voltar a adotar as medidas restritivas necessárias para conter a disseminação do coronavírus no DF. O ramo mais atingido seria o de bares, “onde temos visto uma aglomeração muito grande”, segundo o governador.

“Recebi os relatórios da Secretaria de Saúde que apontam aumento no nosso indicador de contágio do novo coronavírus. O índice, que vinha se mantendo na casa de 1, evoluiu para 1.3.  Antes que a situação se agrave, resolvi dar este recado para a população, retomando algumas medidas restritivas. A qualquer sinal de piora da pandemia aqui no DF, vamos rever as medidas e tomar providências ainda mais duras, se for o caso”, disse Ibaneis, à coluna Grande Angular.

Entidades reclamam

Representantes do comércio no Distrito Federal reagiram. Assim que se tornou público, o decreto repercutiu na reunião por videoconferência realizada entre Osnei Okumoto e o setor produtivo, no início da tarde de quarta-feira (2/12).

O presidente do Sindicato Patronal de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Brasília (Sindhobar), Jael Silva, pediu a revogação da restrição. “As pessoas não aguentam mais ficar em casa. Então, temos que ir para rua com consciência”, disse.

Segundo Jael, 3 mil empresas foram fechadas e 25 mil pessoas que trabalham no setor, que “já está combalido”, acabaram sendo demitidas durante a pandemia. O sindicalista ainda frisou que o protocolo de segurança é rigorosamente seguido por “99,9% dos bares e restaurantes”. “Temos alguns que estão extrapolando. Esses têm de ser penalizados, mas não pode o segmento todo pagar por poucos”, assinalou.

Nesta quinta-feira (3/12), a entidade entregará ao GDF um pedido para que, pelo menos durante as ceias de Natal e Ano-Novo, haja uma flexibilização do horário de funcionamento no setor gastronômico.

Presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas do Distrito Federal (CDL-DF), José Carlos Magalhães concorda com Jael e ratifica a opinião de que o segmento de bares e restaurantes não pode ser culpado pelo crescimento da taxa de transmissão na capital federal. José Carlos sugeriu, ainda, a revisão de feriados prolongados: “As pessoas emendam, acabam viajando e confraternizando mais. O segmento de bares, hotéis e restaurantes não pode ser eternamente culpado por esse aumento da Covid”.

O presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio-DF), Francisco Maia, disponibilizou-se para ajudar o governo a adotar medidas de conscientização e combate à Covid-19, mas destacou que é inaceitável a ideia de fechar o comércio neste período próximo ao Natal.

“Não queremos abandonar esse barco, porque somos responsáveis pela economia do Distrito Federal. O que for possível fazer, nós vamos fazer”, afirma o presidente da Fecomércio-DF.

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