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Frieza de taxista que matou mulher a tiros no DF choca vizinhança

De acordo com a Polícia Civil, o acusado, que está foragido, atirou na esposa, arrastou corpo para dentro de casa, trancou o portão e fugiu

atualizado

Reprodução

A frieza do taxista Edilson Januário de Souto, 61 anos, suspeito de matar a mulher, Marília Jane de Sousa Silva, 58, deixou a vizinhança assustada. O crime ocorreu na noite desse domingo (5/8). De acordo com a Polícia Civil, quatro tiros foram disparados dentro da residência do casal, na Quadra 405 do Recanto das Emas. Um deles, fatal.

O delegado plantonista da 27ª DP (Recanto das Emas), Sérgio Bautzer, diz que há suspeitas de que o homem teria passado o dia bebendo e, quando chegou à sua residência, discutiu com a mulher. Os objetos da casa ficaram revirados, o que indica briga entre os dois.

O taxista atirou quatro vezes na mulher. Marília Silva tentou fugir, mas acabou atingida. A vítima caiu quando ia em direção ao portão. “Ele arrastou o corpo dela para dentro da casa. Um vizinho percebeu a movimentação estranha e chamou a polícia”, detalhou o delegado.

O portão, que estava trancado, teve de ser arrombado por um bombeiro que passava pelo local. Ele prestou os primeiros socorros, mas Marília não resistiu ao ferimento no tórax.

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Ainda conforme detalhou Bautzer, antes de deixar a cena do crime, Edilson tirou o carro dele da garagem, colocou o da mulher, deixou os quatro celulares do casal no imóvel e fugiu em seu táxi – o carro é um Spin de cor prata, placa 7431-DF.

Os investigadores aguardam autorização judicial para quebrar o sigilo telefônico e, então, acessar o conteúdo dos aparelhos celulares. Nesta segunda-feira (6), agentes da Polícia Civil percorrem as ruas próximas ao local do crime à procura de imagens de câmeras de segurança que podem ter registrado a fuga do taxista.

Segundo uma moradora que prestava alguns serviços de costura para Marília, o casal residia na quadra há aproximadamente dois anos. Era discreto. Dava apenas “bom dia” e parecia tranquilo. “Aqui todo mundo se conhece. Apesar de eu não ser vizinha de porta deles, temos contato com todos e nunca ouvimos nenhum relato de discussão”, disse.

Conforme afirmou outra pessoa da quadra, sob condição de anonimato, apenas o casal morava no imóvel. “Nunca vimos outras pessoas. Eles não tinham contato conosco. Só ouvíamos que ele reclamava do barulho quando as crianças jogavam bola em frente ao portão dele. Mas nunca presenciamos nenhuma briga”, relatou.

Na manhã desta segunda (6), o carro de Marília, um Fiat Uno vermelho, ainda permanecia na garagem da casa. Na porta de vidro, uma perfuração de bala. Uma corrente e dois cadeados estão presos ao portão. Durante as buscas realizadas ainda na madrugada, os policiais encontraram o registro vencido da arma que teria sido usada no crime, um revolver calibre .38. O armamento não foi localizado.

O taxista não tinha passagens pela polícia do Distrito Federal. Possuía apenas uma ocorrência de ameaça registrada em 2004. A vítima não tinha medida protetiva e também nunca havia denunciado o companheiro à PCDF.

Outros crimes
Somente em 2018, 16 mulheres foram assassinadas no Distrito Federal. No dia 14 de julho, Janaína Romão Lúcio, 30, perdeu a vida de forma covarde, a facadas, e na frente das filhas pequenas. Assassino confesso, o ex-marido, Steffanno Jesus Souza de Amorim, 21, está preso.

O crime bárbaro ocorreu em Santa Maria um dia após as autoridades alemãs divulgarem a prisão de Marcelo Bauer, que, há 31 anos, matou Thaís Mendonça, 19, sua namorada à época. Foi condenado à revelia em Brasília e, agora, sua impunidade chegou ao fim.

Os casos de feminicídio se assemelham não só pela brutalidade e covardia. O modo como os assassinos agem é parecido. De acordo com especialistas, os algozes, geralmente pessoas com quem as vítimas se relacionam, começam com pequenas exigências, cenas de ciúmes, cobranças, brigas seguidas de presentes e pedidos de desculpas com promessas de mudanças.

Acuadas e sob constante ameaça, em geral, as mulheres optam por não fazer a denúncia quando ocorre a primeira agressão. Depois, é um caminho sem volta. O Estado falha no combate à violência e à proteção às vítimas. A família, muitas vezes, não consegue evitar consequências mais graves. E as tragédias ocorrem.

Foi assim com Jessyka Laynara da Silva Souza, 25, morta a tiros pelo soldado da Polícia Militar Ronan Menezes, 27, no dia 4 de maio, em Ceilândia. Extremamente possessivo e controlador, o rapaz não aceitava o fim do relacionamento.

Ameaçava e agredia Jessyka constantemente. A moça, com medo, escondia os hematomas usando maquiagem. “Era para eu estar enterrada agora. Ele me espancou tanto, tanto. Me deu tanto chute, soco, coronhada. Rasgou minha cabeça”, contou a jovem, em áudio enviado para uma amiga. Agora, a mãe da vítima, a técnica de enfermagem Adriana Maria da Silva, 39, chora a perda da filha.

Em 6 de março, outro caso de feminicídio chocou o DF. A funcionária do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) Romilda Souza, 40, foi morta a tiros pelo marido e ex-vigilante Elson Martins da Silva, 39, que se suicidou em seguida, na 406 Sul.

 






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