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“Ela só queria segurança”, disse irmão de Debora, morta por policial

Parentes e amigos se despediram da professora no Cemitério Campo da Esperança na tarde de terça-feira (21/05/2019)

atualizado

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Raimundo Sampaio/Especial para o Metrópoles
Enterro Debora
1 de 1 Enterro Debora - Foto: Raimundo Sampaio/Especial para o Metrópoles

Parentes e amigos se despediram da professora Debora Tereza Correa, 43 anos, na tarde desta terça-feira. Na segunda-feira (20/05/2019), ela foi assassinada dentro do prédio da Secretaria de Educação, na 511 Norte. Após a execução, o policial civil do DF Sérgio Murilo dos Santos, 51, ex-namorado da vítima, tirou a própria vida.

Ulysses Caiuby, 82 anos, pai de Debora, foi um dos primeiros a chegar ao Cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul. O idoso afirmou ter visto Sérgio Murilo dos Santos apenas uma vez. Na ocasião, Debora estava acompanhada do agente na Igreja que frequentava, na Asa Norte. No entanto, em nenhum momento, ela o apresentou como namorado, segundo Ulysses.

Reservada e introspectiva. Assim a professora é descrita pelos parentes. De acordo com um dos irmãos da vítima, o servidor público Ulysses Antônio Correa, 51, Debora só comunicava algum relacionamento à família quando se firmava em algo sério.

A revolta é um sentimento de toda a família. “Ela não queria dinheiro, pensão alimentícia ou danos morais. Só queria segurança, terminar o relacionamento para poder seguir com a vida afetiva, e isso lhe foi negado”, destacou Ulysses Antônio.

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Ele se queixou de a irmã não ter tido a proteção que buscou. “Ao meu ver, ele (o agente da PCDF) não tinha condições ou perfil psicológico de ter o porte de arma. O que mais me entristece é que ela recorreu ao Estado, e o Estado faltou”, disse.

O militar da reserva Samuel Péricles Correa , 52, outro irmão de Debora, afirmou que o sentimento de impotência. Familiares se perguntam se poderiam ter feito alguma coisa para ajudá-la. “As mulheres vítimas desse tipo de crime se sentem perdidas. A quem devem recorrer?”, indagou.

“Deve ser perturbador lidar com alguém que tem uma arma. Algumas mulheres se sentem ‘Deboras’ , vulneráveis. As medidas não estão sendo suficientes: precisa de algo mais efetivo contra o agressor. A sociedade se sente desassistida. Ele (Sérgio) continuou portando arma, apesar de todo o histórico e instabilidade emocional”, reforçou.

Samuel disse que este momento deve ser usado como para rever o modo que a justiça lida com casos de ameaça e agressão. “É hora de reflexão pela grande perda. Ainda mais pela forma como foi. A medida protetiva não salvou minha irmã”, lamentou. “Débora deixa um legado. Tem que ser lembrada como professora, irmã e amiga. Ela não pode ser mais um número.”

O crime
O crime ocorreu por volta das 10h de segunda-feira (20/05/2019), na Sede II da Secretaria de Educação do Distrito Federal, na 511 Norte. Sérgio, com quem Debora teve um relacionamento, chegou ao edifício, identificou-se e foi direto para o terceiro andar, onde a professora trabalhava. Câmeras de segurança gravaram o momento. Após uma discussão, o policial disparou três tiros contra a docente e, em seguida, tirou a própria vida.

Na manhã desta segunda, servidoras da pasta fizeram um protesto em frente ao prédio. “Parem de nos matar”. Esta era uma das frases publicadas nas faixas e cartazes espalhados na frente do edifício que foi palco da tragédia.

Débora é a 13ª vítima de feminicídio no DF somente este ano no Distrito Federal. Em 2019, o Metrópoles deu início a um projeto editorial para dar visibilidade às tragédias provocadas pela violência de gênero. As histórias de todas as vítimas de feminicídio do Distrito Federal serão contadas em perfis escritos por profissionais do sexo feminino (jornalistas, fotógrafas, artistas gráficas e cinegrafistas), com o propósito de aproximar as pessoas da trajetória de vida dessas mulheres.

O Elas por Elas propõe manter em pauta, durante todo o ano, o tema da violência contra a mulher para alertar a população e as autoridades sobre as graves consequências da cultura do machismo que persiste no país.

Desde 1° de janeiro, um contador está em destaque na capa do portal para monitorar e ressaltar os casos de Maria da Penha registrados no DF. Mas nossa maior energia será despendida para humanizar as estatísticas frias, que dão uma dimensão da gravidade do problema, porém não alcançam o poder da empatia, o único capaz de interromper a indiferença diante dos pedidos de socorro de tantas brasileira.

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