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Ex-subsecretária diz que alertou sobre “ânimos exaltados” antes de 8/1

Marília Ferreira afirmou à CPI que inteligência da SSP avisou sobre possibilidade de confrontos, mas que os informes eram momentâneos

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Breno Esaki/Metrópoles
Kassio Nunes Marília
1 de 1 Kassio Nunes Marília - Foto: Breno Esaki/Metrópoles

A inteligência da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF) disse que alertou aos integrantes da pasta, incluindo superiores, sobre os “ânimos exaltados” dos bolsonaristas antes da tentativa de golpe, segundo Marília Ferreira Alencar, ex-subsecretária de Inteligência da SSP.

Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos, da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), nesta quinta-feira (9/3), ela detalhou os avisos.

“Várias frações de inteligência avisavam sobre ânimos exaltados. Às 12h30 do dia 7, informamos: ‘Ânimos exaltados e dispostos a animosidade com forças de segurança’, ‘falas de incitação como ocupação de prédios públicos, sem liderança específica’. As frações de inteligência são daquele momento.”

Porém, ela argumentou que esses avisos mudavam constantemente. “Em outros momentos, os ânimos estavam pacíficos. Sábado à noite, estavam se organizando para dormir, não sei. Recebemos informes de que os ânimos estavam tranquilos.”

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Ainda segundo a ex-subsecretária da pasta, a equipe de inteligência não tinha a confirmação sobre o deslocamento dos manifestantes para a Esplanada dos Ministérios.

“Não sabíamos se eles iriam para a Esplanada, havia divergência entre eles à noite. Domingo de manhã, eles acordaram, tivemos informe de ânimos pacíficos, e 9h decidiram que iam descer às 13h”, relatou Marília.

Inteligência não fracassou

A ex-subsecretária afirmou considerar que a inteligência da pasta não fracassou em relação à tentativa de golpe.

“Não acho que a inteligência fracassou. As informações circularam. O que se tinha foi recebido e repassado. A ideia de invasão [dos prédios públicos] foi informada. A gente informou. Não foi só a subsecretaria. Várias agências. Acho que a inteligência da PM trabalhou muito bem, inclusive”, avaliou.

Marília pontuou diversas vezes, durante o depoimento, que o trabalho de inteligência da secretaria era mais estratégico, sem a ação de campo. “Minha área era fazer o acompanhamento de inteligência, o que fizemos a cada minuto. Sobre os demais, não é minha área, não fico confortável para dizer”, disse.

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Ligações com bolsonarismo

Marília Alencar já chefiou a diretoria de inteligência da Secretaria de Operações Integradas (Seopi) do Ministério da Justiça e Segurança Pública, sob o governo de Jair Bolsonaro (PL). Foi esse órgão que produziu, em 2020, o polêmico “dossiê antifascista”, com informações detalhadas sobre servidores identificados como parte do “movimento antifascista”.

Questionada na CPI sobre ideologias, Marília negou que tenha filiação partidária ou que seja “bolsonarista”. “Não me considero nada. Tenho meu voto, que é secreto. As minhas convicções políticas não interferem no meu trabalho e não estão em questão”, argumentou.

As perguntas do distrital Fábio Felix (Psol) sobre possíveis ligações com Bolsonaro gerou um pequeno atrito na CPI. A parlamentar Paula Belmonte (Cidadania) questionou a motivação das indagações, e os dois discutiram de forma breve. “A advogada da Marília está aqui ao lado, ela não precisa de outra advogada”, cutucou Fábio.

Requerimentos

A CPI aprovou sete requerimentos. O destaque foi a aprovação dos deputados para ouvir Anderson Torres de forma reservada, na próxima quinta-feira (16/3). Também houve pedido para oitiva da coronel da Polícia Militar Cíntia Queiroz de Castro.

Subsecretária de Operações Integradas da Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF), ela disse à Polícia Federal que a PMDF agiu de forma atípica ao não elaborar planejamento próprio para a manifestação do dia 8 de janeiro de 2023.

A Comissão também aprovou os requerimentos seguintes:

  • Requer que seja disponibilizada pela Advocacia-Geral da União (AGU) cópia integral de todas as ações civis e criminais que tenham como polo ativo a AGU em decorrência dos fatos ocorridos no dia 8/1/2023 no Distrito Federal;
  • Requer que sejam disponibilizados pela Presidência da República todos os documentos produzidos relacionados aos fatos ocorridos no dia 8/1/2023 no Distrito Federal, assim como as imagens do circuito interno e externo dos locais depredados, começando com 2 horas de antecedência até o fim do ocorrido;
  • Requer a quebra do sigilo bancário, fiscal e telefônico de Joveci Xavier de Andrade, Adauto Lúcio de Mesquita, Rubens Wermem Dornelas de Freitas, Saniamar Dornelas Freitas Chagas e Wilmondes Rodrigues Rosa;
  • Requer cópia integral dos atos e processos administrativos relacionados às férias do ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal Anderson Gustavo Torres, no âmbito do Distrito Federal, nos períodos aquisitivo de 2022 e concessivos de 2022 e 2023; e
  • Requer cópia integral do Relatório de Inteligência nº 06/2023/30/SI/SSP/DF, de 6/1/2023, elaborado no âmbito da Secretaria de Estado de Segurança Pública do Distrito Federal, bem como do respectivo processo administrativo.

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