Ex-presidente do BRB se entrega à PF e será levado à Papuda na sexta
Vasco Gonçalves e outros suspeitos de desvios no banco tiveram o habeas corpus que os colocou em liberdade após a Circus Maximus negado
atualizado
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O ex-presidente do Banco de Brasília (BRB) Vasco Cunha Gonçalves se entregou à Polícia Federal no fim da tarde desta quinta-feira (28/2). Ele dormirá na carceragem da superintendência e, nesta sexta (1º/3), será levado para o Complexo Penitenciário da Papuda.
Vasco havia sido preso em 29 de janeiro, quando a Operação Circus Maximus foi deflagrada. Sete dias depois, ele conseguiu a liberdade por meio de um habeas corpus, mas o documento foi negado pela Justiça, e o benefício foi revogado.
Com a negativa do habeas corpus pela 3ª Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) na quarta (27), a 10ª Vara de Justiça Federal restabeleceu a ordem de prisão preventiva contra ele.
Outros dois suspeitos de desvios no banco também voltaram à Papuda: o arrecadador de campanha do ex-governador Rodrigo Rollemberg (PSB), Ricardo Leal, e o empresário Henrique Domingues Neto. Esses dois já haviam se entregado à polícia no fim da manhã de quinta (28).
Leal estava em prisão domiciliar. Ele foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF), no âmbito da Operação Circus Maximus, por liderar o suposto esquema de desvios de recursos no BRB. Outras 16 pessoas foram denunciadas à Justiça.
Apelidado de Chuck, Criança ou Kid, pela precocidade com que iniciou suas peripécias financeiras, Ricardo Leal foi arrecadador de Rollemberg para o Senado, em 2010, e para o Governo do Distrito Federal em 2002 e 2014. Em 2015, assumiu o comando do Conselho de Administração do BRB, indicando vários nomes de sua confiança para o corpo diretivo do banco.
De acordo com delação feita ao MPF pelo empresário Ricardo Siqueira Rodrigues, Ricardo Leal teria recebido R$ 100 mil em dinheiro de propina para saldar dívidas de campanha do ex-governador.
Defesas
O advogado de Vasco Gonçalves, Iuri Cavalcante Reis, informou que vai recorrer da decisão ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). O defensor de Ricardo Leal, Hamilton Carvalhido, disse que também recorrerá à Corte superior: “Vamos postular nova medida cautelar”.
A reportagem tenta contato com a defesa de Henrique Neto, da corretora BI Asset Management (BIAM DTVM). Ele é apontado como o elo entre empresas, o grupo BRB e seu conglomerado.
Investigações
A Operação Circus Maximus apura transações suspeitas no BRB. São citados, na ação, os empreendimentos do Edifício Praça Capital, no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA); do LSH Lifestyle Hotel, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro; e a reestruturação da dívida do jornal Correio Braziliense, que tem sede no Setor de Indústrias Gráficas (SIG).
O MPF apontou, com base na diligência da força-tarefa da Greenfield, a existência de esquema criminoso instalado na cúpula do BRB que movimentou, segundo investigadores, aproximadamente R$ 348 milhões. Só de propinas, teriam sido distribuídos R$ 40 milhões.
De acordo com o MPF, os suspeitos “organizaram uma indústria de propinas e favorecimentos em detrimento do procedimento técnico e da boa gestão que se esperam das instituições financeiras”.