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Ex-deputado José Edmar é preso ao entrar com comida em hotel invadido

O ex-parlamentar furou o cerco da PM, que há três dias negocia com sem-teto para desocupar o Torre Palace

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
José edmar, torre palace hotel
1 de 1 José edmar, torre palace hotel - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

O ex-deputado José Edmar, 63 anos, foi preso no início da tarde desta sexta-feira (3/6) ao invadir o Torre Palace Hotel, cercado há três dias pela Polícia Militar, para tentar entregar uma caixa de mantimentos aos sem-teto que ocupam o local desde outubro do ano passado. O ex-parlamentar, que fez carreira política ancorado na questão fundiária do DF, foi levado para a 5ª Delegacia de Polícia (área central). Segundo a Polícia Militar, ele furou o cerco, desobedecendo a ordem de parar. Depois de prestar depoimento e assinar um termo circunstanciado, ele foi liberado.

Desde quinta (2), foi proibida a entrada de água e comida no hotel, que também teve a energia cortada. As medidas fazem parte da estratégia da polícia de vencer os invasores pelo cansaço e obrigá-los a sair espontaneamente do edifício, localizado no centro de Brasília. Além dos sem-teto, o local é ocupado por usuários de droga.

O nome de José Edmar, que já foi eleito deputado distrital e federal por partidos como o PSDB, PMDB, Prona e PR, é ligado à grilagem de terras e invasões no Distrito Federal. Essa atuação lhe rendeu votos e processos na Justiça. Hoje, se apresenta como comerciante, mas está lotado no gabinete do deputado Lira (PHS).

João Gabriel Amador/Metrópoles
Produtos levados por José Edmar ao Torre Palace Hotel

 

José Edmar esteve à frente de muitas invasões de áreas públicas. Duas, viraram cidades: Itapoã e Estrutural. Em 2003, o ex-parlamentar foi preso na Operação Grilo, acusado de chefiar uma quadrilha que atuava no parcelamento irregular de áreas e lavagem de dinheiro. Em 2005, a Polícia Civil do DF o indiciou por formação de quadrilha, incitação ao crime e invasão de terra pública.

Na época, José Edmar acusou o GDF de retardar o processo de loteamento de áreas públicas. Negou que estivesse apoiando o movimento em busca de votos, afirmou que todo o seu passado era de luta pela conquista da moradia e que não ia abandonar os movimentos. “Não se pode proibir o povo pobre de lutar pela busca de um lote”, discursou na ocasião.

Após as acusações, a vida do político sofreu uma reviravolta, com o suicídio do filho dele, atormentado pelo escândalo que envolveu o pai. Outro episódio que marcou a vida de Edmar foi uma greve de fome que durou cinco dias, em 2009, no Salão Verde da Câmara dos Deputados, porque ele foi recebido em audiência pelo então presidente da Câmara dos Deputado, Michel Temer.

Ajuda
Enquanto aguardava na delegacia para prestar depoimento, José Edmar disse ao Metrópoles que sua intenção era “apenas” tentar levar comida para as crianças e negociar com os ocupantes: “Vi a reportagem ontem e fiquei muito mal pensando naquelas crianças. Hoje, na hora do almoço, resolvi fazer uma pequena compra e levar lá. Gastei uns R$ 50. Mas quando cheguei lá fui abordado, os policiais rasgaram a caixa para ver o que tinha dentro e me trouxeram por desobediência. Mas sequer resisti”.

O ex-deputado, que agora diz ser comerciante, afirmou que poderia ajudar na negociação: “Fui do governo Roriz e fiz parte de negociações, como na Boca da Mata, que envolveu milhares de famílias”.

Não tem explicação um governador deixar aquelas famílias mais de um ano sem resposta. Falta negociação

José Edmar
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Gasolina
Na hora em que entraram no hotel para prender José Edmar, os policiais encontraram escondidos entre os entulhos galões de gasolina. Segundo a PM, o produto não estava com o ex-parlamentar. Desde que a operação de desocupação começou, os invasores ameaçam incendiar  e explodir o edifício. Eles mantêm na dependência do imóvel botijões de gás, galões de gasolina e pneus.

Após a tentativa de José Edmar de entrar no hotel, o clima voltou a ficar tenso no local. Os invasores começaram a jogar pedaços de entulho de cima do prédio nos policiais militares.

O Governo do DF cumpre determinação judicial de desocupar e cercar todo o edifício, que também é usado por usuários de drogas. Pelas contas da Secretaria de Segurança Pública e da Paz Social, nove adultos e quatro crianças, sendo duas de colo e outras duas de sete e oito anos, estão dentro do hotel. As crianças estariam sendo usadas como escudo para evitar uma ação mais enérgica dos policiais.

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