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PM diz que sem-teto usam crianças como escudo no Hotel Torre Palace

Negociações não avançam e invasores afirmam que se a polícia subir no prédio, “haverá uma tragédia”. Trânsito continua interditado no Eixo Monumental

atualizado

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Daniel Ferreira/Metrópoles
torre palace hotel
1 de 1 torre palace hotel - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

A Polícia Militar retomou na manhã desta quinta-feira (2/6) as negociações para a desocupação do Torre Palace Hotel, localizado na região central de Brasília. O chefe da Comunicação Social da PM, coronel Antônio Carlos, contou que as negociações não avançaram pois ainda há duas crianças no prédio que, segundo ele, estão sendo submetidas a “tratamento cruel” por parte dos pais, que não atendem à solicitação para descer. “Pelo contrário, ameaçam as crianças se a PM invadir o prédio. Por isso, não tomamos uma medida mais enérgica”, disse.

Caso as negociações não avancem, o militar disse que a PM terá que usar os meios necessários para desocupar o prédio e retirar as crianças. “A partir do momento em que submetem crianças a um tratamento desumano e ameças e agridem os órgãos de segurança, porque jogam vários objetos lá de cima, eles passaram a ser tratados não como cidadão de bem que estão ali em uma situação de risco, e sim como criminosos que precisam ser retirados”, argumentou o coronel.

Como parte da estratégia, a polícia cercou o local, proibiu a entrada de pessoas, água e comida. Os invasores, entretanto, garantem que vão permanecer no hotel.

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Líder do movimento, Edson diz que os sem-teto vão resistir. Ele já foi preso por extorsão

Segundo Edson Francisco da Silva, líder do Movimento da Resistência Popular (MRP), as negociações estão paradas. Ele afirma que há cerca de 40 pessoas no local, incluindo mulheres e crianças e que não deixarão o prédio enquanto o governo não se comprometer a doar um terreno ou moradias às 110 famílias sem-teto. “Se a polícia subir, haverá uma tragédia”.

Edson, que chegou a ser preso em uma operação da Polícia Civil do DF, é suspeito de extorquir dinheiro de famílias sem-teto. De acordo com a investigação, ele cobraria parte do auxílio-aluguel recebido pelos beneficiários. De acordo com a polícia, ele mora em um condomínio em Taguatinga e dirige um carro avaliado em R$ 85 mil.

O coordenador de proteção social especial da Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedest), Jean Marcel Alves, afirmou que o governo está disposto a acolher as famílias necessitadas. “Conversamos com os manifestantes que estão do lado de fora do hotel e explicamos que eles podem ser alocados nas oito unidades de acolhimento espalhadas pelo DF. Eles podem ficar lá por 90 dias, com possibilidade de prolongar a estadia. Mas eles disseram que enquanto tiverem força, vão resistir e ficar”.

Na tarde desta quinta, está marcada uma reunião do governador Rodrigo Rollemberg (PSB) com as pastas envolvidas na operação de retirada. Até lá, a expectativa é que nenhuma medida seja tomada.  O trânsito na via N1, do Eixo Monumental, está bloqueado na altura do hotel, entre a rodoviária do Plano Piloto e a Torre de TV.

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Disputa judicial
Abandonado desde 2013, o edifício foi ocupado em outubro de 2015 por cerca de 150 pessoas do Movimento de Resistência Popular, que reivindica políticas de moradias no Distrito Federal. Segundo o coronel Antônio Carlos, o prédio já vinha sendo invadido por usuários de drogas e era local recorrente de crimes e de tráfico de drogas. “É um local muito insalubre”, disse ele.

A reintegração de posse foi autorizada pela Justiça em decisão de 2ª instância, no dia 24 de maio, e mobiliza as forças de segurança e servidores do governo do Distrito Federal, entre representantes da Defesa Civil, Secretaria de Habitação (Sedhab), Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedest) e Secretaria de Estado de Ordem Pública e Social (Seops).

De acordo com o coronel Antônio Carlos, o prédio foi condenado pela Defesa Civil e será isolado após a desocupação. Antes, as famílias do Movimento de Resistência Popular ocuparam o Clube Primavera, em Taguatinga, e o Hotel Saint Peter, também na área central da capital. (Com informações da Agência Brasil)

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