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Caifás: MPGO apreende prova de enriquecimento de padres em Formosa

Religiosos detidos negaram envolvimento na compra de uma lotérica, mas promotores do caso localizaram contrato original de compra e venda

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
Catedral
1 de 1 Catedral - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Exatamente um ano após deflagrar a Operação Caifás, o Ministério Público de Goiás (MPGO) conseguiu uma contundente prova de enriquecimento ilícito de um grupo de sacerdotes da Igreja Católica em Formosa, município do Entorno do Distrito Federal. O Metrópoles teve acesso, em primeira mão, ao contrato de compra e venda de uma casa lotérica, celebrado entre um dos seis clérigos detidos na ação deflagrada por promotores e policiais civis de Goiás em 19 de março de 2018. O negócio custou R$ 450 mil.

Na época da operação, a Lotérica Popular da Sorte, localizada em Posse (GO), estava em nome de dois homens apontados pela apuração como possíveis laranjas dos presbíteros. No aniversário da Caifás, os investigadores conseguiram apreender o 1º Instrumento de Compra e Venda, firmado em 10 de novembro de 2014, que traz o padre Moacyr Santana como o comprador.

O empreendimento teria sido adquirido pelo sacerdote com recursos desviados da paróquia Divino Espírito Santo, de Planaltina de Goiás, ao custo de R$ 450 mil. O templo religioso é uma das 33 unidades subordinadas à Diocese de Formosa, que até abril de 2018 era comandada pelo bispo dom José Ronaldo Ribeiro, acusado pelo MPGO de ser o líder da organização criminosa.

Segundo o Ministério Público de Goiás, padre Moacyr era o braço direito de dom Ronaldo nos esquemas fraudulentos. Detido pela Caifás, o bispo acabou renunciando ao cargo após ser afastado por determinação do Papa Francisco.

Além dos dois clérigos, foram parar na cadeia o monsenhor Epitácio Cardozo Pereira, os padres Mário Vieira de Brito e Waldson José de Melo, e o juiz eclesiástico Thiago Wenceslau de Barros. O grupo permaneceu encarcerado por um mês no Presídio Estadual de Formosa, até ser beneficiado por um habeas corpus concedido pelo Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO). Estima-se que eles tenham embolsado mais de R$ 2 milhões em dízimo dos fiéis.

Contrato
O contrato que confirma a compra da lotérica pelo padre Moacyr, na visão do promotor que chefia as investigações, é fundamental para atestar o desvio dos recursos da Diocese de Formosa. “As provas colhidas são bastante robustas e demonstram que os acusados praticaram os crimes que foram a eles atribuídos”, destaca Douglas Chegury.

Ainda de acordo com o promotor, apesar de a defesa tentar retardar o processo, as investigações avançaram de forma proveitosa nos últimos 365 dias. “A defesa dos acusados, sabedora da culpabilidade dos réus, têm tentado de forma desesperada impedir que haja o julgamento do caso. Foram inúmeros atos de protelação e recursos infundados. Apegam-se a formalidades insignificantes e piolham nulidades inexistentes para delongar o andamento do caso, para levar à prescrição e consequente impunidade”, diz.

O documento apreendido detalha que a casa lotérica foi adquirida pelo padre Moacyr por R$ 450 mil. Ele deu uma entrada de R$ 80 mil e se comprometeu a quitar o restante em duas parcelas: de R$ 20 mil e R$ 350 mil.

Veja:

Operação Caifás
Dom José Ronaldo está no centro das denúncias do MPGO contra a Diocese de Formosa. De acordo com os investigadores, ele seria o mentor do esquema criminoso.

As investigações começaram após o Ministério Público ter recebido denúncias de fiéis que desconfiaram das irregularidades, supostamente iniciadas em 2015. Entre as suspeitas, estava o fato de as despesas da casa episcopal de Formosa, onde o bispo mora, terem passado de R$ 5 mil para R$ 35 mil desde que dom José Ronaldo assumiu o posto.

Além disso, segundo interceptações telefônicas, o grupo teria usado o dinheiro para comprar bens, como fazenda de gado e veículos de luxo. A reportagem revelou, na época, que a Diocese tinha 160 carros registrados – a maioria de luxo – mesmo tendo apenas 33 paróquias sob sua jurisdição.

A defesa dos envolvidos nega as irregularidades e declara a origem dos recursos como “fruto de muito trabalho dos padres”. Além dos seis religiosos, dois empresários foram para a cadeira acusados de atuarem como laranjas dos clérigos.

Confira os nomes dos sacerdotes presos:

 

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