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Entenda o papel de cada preso na chacina que fez 10 vítimas no DF, segundo depoimentos

Até o momento, quatro suspeitos foram presos por envolvimento no crime, e, segundo a polícia, a participação de outros não foi descartada

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1 de 1 Foto-suspeitos-detidos - Foto: Reprodução

Na manhã de quarta-feira (25/1), a confirmação de morte da 10ª integrante de uma mesma família — vítima da maior chacina do DF — foi divulgada pela polícia. Na tarde do mesmo dia, um dos suspeitos que estava foragido, Carlomam dos Santos Nogueira, de 26 anos, se apresentou na 30ª DP, em São Sebastião.

Dia após dia, a tragédia que envolve a morte de 10 pessoas ganha novos capítulos. Até o momento, quatro suspeitos foram presos por envolvimento no crime. No entanto, segundo a polícia, a participação de outros ainda não foi descartada.

A reportagem cruzou depoimentos de suspeitos de envolvimento no crime, bem como relatos de familiares e testemunhas à polícia, para tentar explicar o possível papel de cada um dos presos na maior chacina do DF. Confira:

Gideon Batista de Menezes, 55 anos

Gideon foi o primeiro a ser detido. Preso em 17 de janeiro no Recanto das Emas, no Distrito Federal, ele teria dito à polícia que trabalhava com Marcos Antônio e era próximo dos integrantes da família do suposto chefe.

Ele chegou à delegacia com os braços e as mãos queimados. Ao ser indagado sobre o papel no crime, optou por ficar calado.

Contudo, de acordo com Horácio Carlos Ferreira Barbosa, o segundo suspeito preso, Gideon teria participado ativamente das mortes de Renata, Gabriela, Elizamar e dos três filhos dela. Além disso, ele seria o responsável por ter atraído a mãe das crianças à chácara dos sogros, por enforcar os pequenos e por comprar gasolina.

Quanto ao envolvimento na morte de Renata e Gabriela, Gideon teria “pego” as duas na chácara onde elas moravam e as levado ao cativeiro. No local, teria exigido que elas passassem informações pessoais, tais como números de documentos, senhas e agências bancárias.

Após manter as duas sob cárcere por aproximadamente duas semanas, teria informado que as soltariam, na madrugada de 14 de janeiro, o que não aconteceu. Ainda segundo depoimento de Horácio, Gideon teria dirigido com elas até Unaí e asfixiado as mulheres com cintos de segurança.

As marcas encontradas nas mãos do suspeito seriam resultado de uma “falha”. Horácio teria jogado gasolina no carro e ateado fogo, mas Gideon ainda estava posicionando os corpos das vítimas no momento em que o incêndio começou.

Horácio Carlos Ferreira Barbosa, 49 anos

O primeiro a confirmar participação na chacina, Horácio Carlos Ferreira Barbosa, também foi preso em 17 de janeiro. À Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) o homem teria dito que trabalhava com Marcos Antônio e, inclusive, morava no mesmo terreno que a família do suposto chefe residia.

Horácio declarou à polícia ter alugado a casa onde as vítimas foram mantidas em cativeiro três meses antes de o crime acontecer.

Segundo o assassino confesso, as mortes de Elizamar e dos filhos dela ocorreram a partir de uma ordem de Thiago, que estaria cansado do relacionamento com a esposa. Então, após atrair a mulher e as crianças para a morte e atear fogo nos corpos, ele teria retornado ao cativeiro para matar Renata e Gabriela. Horácio levou as duas para Unaí, em Minas Gerais.

O homem disse que Thiago e Marcos eram os mandantes do crime e que eles teriam fugido com Cláudia e Ana Beatriz.

Fabrício Silva Canhedo, 34 anos

Fabrício foi o terceiro suspeito a ser preso pela PCDF, na noite de 17 de janeiro. Segundo a corporação, Fabrício Silva Canhedo teria sido responsável por vigiar as vítimas mantidas no cativeiro.

À polícia ele disse que foi convidado por Gideon e Horácio para ajudar no sequestro de Renata e Gabriela, respectivamente sogra e cunhada de Elizamar.

O homem relatou que recebeu R$ 2 mil pelo serviço. Segundo Fabrício, ao chegar ao cativeiro, as duas mulheres estavam com os olhos vendados, além dos braços e das pernas amarrados. Ele disse que fazia comida, vigiava o local e levava as vítimas ao banheiro, mas voltava à noite para casa.

De acordo Fabrício, Gideon e Horácio Barbosa eram os que dormiam no cativeiro. Os dois falavam com pessoas ao telefone, dizendo que “estava tudo certo”, mas Fabrício disse não saber quem era do outro lado da ligação.

Indagado, o suspeito negou que tivesse acesso à arma e disse que Marcos e Thiago não apareciam no cativeiro. Declarou, porém, que outras duas mulheres — Cláudia Regina Marques de Oliveira, 55, e Ana Beatriz Marques de Oliveira, 19, — teriam sido levadas até o local, em 14 de janeiro, de mãos amarradas e olhos vendados.

Elas teriam permanecido no cativeiro apenas algumas horas, no período em que Renata e Gabriela foram levadas por Gideon e Horácio para serem executadas. Fabrício disse que vigiou Cláudia e Ana Beatriz nesse intervalo de tempo.

Carlomam dos Santos Nogueira, 26 anos

Durante as apurações, a PCDF localizou impressões digitais de Carlomam no cativeiro e no carro de uma das vítimas. Em 22 de janeiro, a Polícia Civil divulgou a imagem do suspeito e ofereceu 20 mil de recompensa para quem tivesse alguma pista sobre o homem. Três dias depois, porém, Carlomam se entregou.

A polícia ainda não esclareceu qual teria sido a participação do suspeito em uma das maiores chacinas do Distrito Federal. Contudo, segundo informou a corporação, ele teria envolvimento direto na morte dos 10 integrantes da mesma família.

Suposto envolvimento de um adolescente

Em 25 de janeiro, um adolescente de 17 anos, suspeito de envolvimento na chacina, revelou à PCDF que, no Natal, foi procurado por Carlomam dos Santos Nogueira para fazer uma mudança e que receberia, em troca dos serviços prestados, R$ 5 mil.

Na delegacia, o suspeito alegou que acreditava envolver “uma mudança normal” e que, inicialmente, não tinha noção do que se tratava. Entre o Natal e o Ano-Novo, o jovem foi com Carlomam e Horácio até uma chácara no Condomínio Entrelagos, onde buscaram móveis que foram levados para o cativeiro, em Planaltina.

Na mudança, o trio usou um Renault Scenic cinza, com engate. Em relato aos investigadores, o adolescente contou que ficou na casa de Planaltina de um dia para o outro.

Na residência utilizada como cativeiro, além do jovem, estavam Horácio, Carlomam e Gideon Batista de Menezes. A função do adolescente era descarregar a mudança e cuidar dos itens. O rapaz, no entanto, teria descoberto a presença de duas mulheres no local, mas não soube dizer os nomes. Ele desconfiava de que ambas estavam de olhos vendados, porque escutou uma conversa entre elas.

O investigado contou que, quando passou a noite na casa, ouviu um diálogo que dava a entender que Marcos Antônio também estava no imóvel. Em outro momento, o adolescente afirmou que viu Horácio cavar um buraco. O jovem contou que se assustou e fugiu. Dois dias depois, recebeu R$ 2 mil de Horácio como pagamento por ter ajudado na mudança.

Após ser ouvido, o menor foi liberado, por não ter sido preso em flagrante. No entanto, no mesmo dia, a Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA) I pediu pela internação provisória do jovem.

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