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Em meio à pandemia, festas clandestinas no DF são marcadas pelo WhatsApp

O Metrópoles apurou dois eventos estavam sendo articulados para ocorrer neste fim de semana. Especialistas apontam riscos em baladas

atualizado

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festa clandestina
1 de 1 festa clandestina - Foto: Reprodução

Mesmo que o Distrito Federal contabilize 1.621 mortes provocadas pelo novo coronavírus, além de 116.425 infectados, segundo balanço divulgado na tarde desta quinta-feira (6/8) pelo Governo do Distrito Federal (GDF), grupos ainda pretendem se reunir para realizar festas clandestinas na cidade.  Uma delas, descoberta pelo Metrópoles, está marcada para este domingo (9/8), a partir das 14h, em uma chácara em Brazlândia.

Para se manter no anonimato, os organizadores usam um número de WhatsApp e não fornecem seus nomes. Os convidados são indicados por outras pessoas, que participam da lista de transmissão. O Metrópoles teve acesso às conversas, nelas os produtores afirmam que a festa é para comemorar o aniversário de uma DJ, cujo o nome não é revelado. Além disso, àqueles que conseguiram entrar no grupo, é permitido “levar quem quiser” ao evento.

O ingresso custa R$ 50 e, para evitar que o local seja revelado, os organizadores divulgarão o endereço apenas poucas horas antes da festa. No entanto, sabe-se que será em um chácara em Brazlândia. Entre as orientações, uma é clara: é proibido gravar vídeos e postar nas redes sociais no dia do evento.

Veja os prints:

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Além disso, uma outra denúncia enviada ao Metrópoles citava uma festa que aconteceria no dia 15 deste mês para comemorar o aniversário de um DJ. Neste caso, os ingressos seriam comprados via transferência bancária. A reportagem entrou em contato com o organizador da festa que, logo após garantir que o evento havia sido cancelado, bloqueou o número da repórter.

Mesmo com a flexibilização da quarentena mediante decreto para bares e restaurantes, eventos festivos em boates, casas de festas e shows permanecem suspensos por tempo indeterminado.

Em nota enviada ao Metrópoles, o DF Legal afirma que “esse tipo de evento requer licença eventual, conforme a Lei 5.281/13. Contudo, ainda assim não pode ocorrer por causa do decreto da Covid-19 que suspendeu esse tipo de evento no DF”. O órgão lembrou que as penalidades aplicáveis são interdição do espaço e “multa que varia de R$ 7.299 a R$ 51.098”. O DF Legal vai apurar as denúncias.

Riscos de contaminação

Diferente de bares e restaurantes, onde o uso de máscara facial e higienização com álcool é obrigatório, as festas não seguem as mesmas diretrizes de segurança que evitam o contágio do coronavírus. Considerando que, em baladas, o uso de álcool, narguilés e cigarros eletrônicos são comuns, a chance de infecção em massa também é maior.

Professor da Universidade de Brasília (UnB), do Departamento de Saúde Coletiva, Jonas Brant explicou ao Metrópoles que é comum os jovens “naturalizarem” os riscos, mas lembrou que, mesmo que a taxa de mortalidade entre jovens seja pequena, ele terá contato com outras pessoas do grupo de risco, como idosos, diabéticos e hipertensos.

“É um grande risco a gente naturalizar a pandemia e achar que não estamos em perigo. Qualquer festa como essa representa um risco muito grande. É como uma sala de aula com muito mais risco, pois não estou monitorando se as pessoas estão seguindo as boas práticas de higiene, usando máscara etc”, explica o professor.

Além disso, Brant lembrou que o consumo de bebidas alcoólicas faz com que o usuário “não mantenha o controle da higienização”. “Imaginar que qualquer festa não é um risco, é menosprezar a gravidade da doença”, finaliza Brant.

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