No lançamento do livro “Querido Lula: Cartas a um presidente na prisão”, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) falou por 40 minutos. E durante esse tempo, na noite de terça-feira (31/5), na PUC de São Paulo, ele aproveitou para criticar adversários e, principalmente, o atual presidente, Jair Bolsonaro. Mas uma frase no discurso chamou atenção, quando o petista afirmou que o “PSDB acabou”.
Lula falava do tempo em que ficou preso e que os adversários achavam que ele tinha ficado mais fraco. E que, na verdade, teria saído mais forte. “Uma vez teve um senador do PFL que disse que era preciso acabar com ‘essa desgraça do PT’, o Jorge Bornhausen. O PFL acabou. Agora quem acabou foi o PSDB. E o PT continua forte, continua crescendo”, alfinetou.
Candidato à Presidência da República, Lula tentou uma aproximação com o PSDB. Conversou, por exemplo, com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o ex-ministro Aloysio Nunes. O último, inclusive, já disse que vai apoiar o petista no primeiro turno das eleições.

Quinze anos depois de concorrerem como rivais nas eleições ao cargo de chefe do Executivo federal, o ex-presidente Lula (PT) e o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) ensaiam formar aliança inusitada para 2022Ana Nascimento/ Agência Brasil

Lula e Alckmin disputaram o segundo turno das eleições presidenciais de 2006 em uma campanha marcada por ataques mútuos. Lula saiu vencedor com 48,61% dos votosBand/Reprodução

Após a derrota, Alckmin seguiu como oposição ferrenha a LulaFilipe Cardoso/ Metrópoles

No entanto, mirando nas eleições de 2022, o ex-presidente mostrou interesse em ter Alckmin como viceRafaela Felicciano/Metrópoles

Pouco antes do Natal, Lula e Alckmin tiveram o primeiro encontro

A aliança entre os políticos é estratégica. Ter Alckmin como vice pode atrair setores do mercado e do empresariado que resistem ao nome de Lula como candidato à Presidência da RepúblicaMichael Melo/Metrópoles

O tucano pode, também, agregar mais votos de São Paulo, o maior colégio eleitoral do paísIgo Estrela/Metrópoles

De acordo com pesquisa realizada em setembro de 2021 pelo Datafolha, Alckmin estava na liderança para o governo paulistaIgo Estrela/Metrópoles

A aliança entre os políticos foi oficializada em abril de 2022. A "demora" envolveu, além das questões legais da política eleitoral, acordo sobre a qual partido o ex-governador se filiariaAna Nascimento/ Agência Brasil

Ao ser vice de Lula, Alckmin almeja ganhar ainda mais projeção política, o que o beneficiará durante possível corrida presidencial em 2026Rafaela Felicciano/Metrópoles

Em 18 de março de 2022, Alckmin anunciou a filiação ao PSB, depois de 33 anos no PSDBDivulgação/ Ricardo Stuckert

Carlos Siqueira, Geraldo Alckmin, Lula e Gleisi HoffmannFábio Vieira/Metrópoles
Lula também chamou Geraldo Alckmin, um dos grandes nomes tucanos, mas agora no PSB, para ser vice na chapa. Brigas internas no PSDB, que fizeram João Doria desistir da candidatura, empurraram o partido para uma indefinição quanto a lançar candidatura própria ou apoiar outras siglas.
Quem não saiu do radar do ex-presidente foi Bolsonaro. “Não adianta o Bolsonaro dizer que vai dar golpe, que ‘só Deus me tira daqui’. Como eu acredito que a voz do povo é a voz de Deus, a voz do povo vai tirar ele de lá”, disse em um dos pontos do discurso, no lançamento do livro que reúne cartas enviadas a ele durante a prisão em Curitiba por causa da Operação Lava Jato.
“Vocês viram o atual presidente chorar com alguma morte de gente pela Covid? Vocês viram o presidente chorar por alguma que pessoa que morreu nesses acidentes e nessas chacinas, muitas vezes causadas pela polícia? Porque a violência da polícia hoje é a ausência do Estado no cumprimento das suas funções”, acusou.
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