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Crise, desemprego e aumento na mensalidade dificultam ensino superior

Estabelecimentos de ensino se desdobram para conquistar novos alunos e manter aqueles que já estão matriculados

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
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1 de 1 Rafaela Felicciano/Metrópoles - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

A entrada e a permanência de estudantes em faculdades particulares do Distrito Federal têm sido ameaçadas pela crise econômica, pelo desemprego e reajuste nas mensalidades. Dados do Ministério da Educação dão notícia de 186.175 brasilienses cursando o ensino superior – 80,5% (ou 149.970) em instituições privadas de ensino. Mas manter esse número tem sido tarefa árdua para os administradores das faculdades.

O cenário de instabilidade econômica tem se refletido impiedosamente nos bancos da graduação. Para começar, o Fundo de Investimento Estudantil (Fies), um dos grandes responsáveis pelo aumento verificado nos últimos anos no total de alunos dos cursos superiores particulares, teve seus contratos reduzidos. Entre 2014 e 2016, os beneficiados passaram de 730 mil para 200 mil.

Simultaneamente à queda dos investimentos do governo federal no Fies, cresceu a inadimplência do setor. Ao longo de 2016, em todo o país, 9% das mensalidades foram pagas com atraso superior a 90 dias. Esse é o maior índice desde 2010, quando a inadimplência atingiu 9,6%. Os dados foram divulgados na quinta-feira (22/6) pelo Sindicato das Mantenedoras de Ensino Superior (Semesp).

Não bastasse essa realidade, o valor das mensalidades não para de aumentar. Cursos concorridos, como medicina, chegam a custar mais de R$ 6 mil na capital do país. Os reajustes, por sua vez, ficam acima da inflação. Há casos de aumentos superiores a 15% no último ano, mas o acumulado da inflação nacional nos 12 meses de 2016 foi de 6,29%, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

A situação tem gerado debate entre alunos e instituições de ensino. “Estamos em negociação com a direção da universidade. Acreditamos que é injusto interromper sonhos por problemas financeiros. Por isso, pedimos a revisão de reajustes e a ampliação de programas de bolsas estudantis”, explica o presidente do Diretório Central dos Estudantes (DCE) do UniCeub, Rafael Calixto.

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As instituições, por sua vez, argumentam que os aumentos de mensalidades se dão pelos altos custos de investimento e o crescimento da inadimplência nos últimos anos. “O reajuste é necessário em razão de investimentos no processo didático-pedagógico e nas melhorias das instalações físicas que visam a excelência no ensino”, afirmou, em nota, a Universidade Católica de Brasília (UCB). O mesmo texto detalha que os preços dos cursos ficaram, em média, 9,46% mais caros. “Esse cálculo teve como base a análise da evolução do IPCA e do IGPM”, acrescentou a UCB.

O UniCeub disse possuir políticas específicas para quitação de faturas em aberto e aceitar pagamentos em cheque e cartão. Há ainda a possibilidade de divisão em parcelas. “Nos anos de 2016 e 2017, o índice de inadimplência foi em torno de 2%. Para os meses de junho e julho, aumentam as demandas de negociações, uma vez que, para a renovação da matrícula ao semestre subsequente (2/2017), é necessário que as faturas estejam pagas”, destacou a assessoria do UniCeub.

Dificuldade financeira
No DF, há cerca de 336 mil desempregados. Eles representam 20,5% do universo de 1,3 milhão de trabalhadores, segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) divulgados em maio. Isso representa um número menor de adultos capazes de financiar os estudos.

Já outro levantamento, realizado pela Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes), aponta que sete em cada 10 estudantes gostariam de ter ingressado na graduação logo após concluir o ensino médio. No entanto, 76% deles adiaram a entrada na faculdade: 62% por não terem condições de pagar e 14% por não obterem bolsa ou financiamento estudantil. Foram entrevistadas 1,2 mil pessoas – entre pais e estudantes do ensino médio e jovens já formados nesta etapa educacional.

Segundo a pesquisa, 52% dos já formados e que sonhavam fazer graduação desistiram do diploma superior. Para 70%, o motivo da desistência foi a falta de recursos para arcar com as mensalidades; 23% por não terem passado na peneira das universidades públicas (e gratuitas) e 21% porque começaram a trabalhar.

Sobraram vagas
Mudanças nos critérios do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) levaram a uma curiosa situação neste primeiro semestre de 2017. Sobraram vagas: das 150 mil oferecidas, foram preenchidas 115.445 (76,6% do total).

Desde o final de 2014, explicam especialistas, o Fies começou a ter uma série de restrições. Passou a exigir o mínimo de 450 pontos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e renda mínima de três salários mínimos por pessoa, o equivalente, em valores atuais, a R$ 2.811. Os juros aumentaram e a porcentagem de financiamento ao estudante passou a ser calculada de acordo com a renda, não chegando mais a 100%.

Quando o aluno tem a pontuação, não tem a renda; e quando tem a renda, não alcança a pontuação

Solón Caldas, presidente da Abmes

Alternativas
Para driblar as dificuldades e atrair novos estudantes, as faculdades apostam em estratégias como bolsas, financiamentos e até descontos para quem paga a mensalidade em dia. Confira alguns programas para facilitar o ingresso – e a permanência – no ensino superior:

Bolsas: Muitas instituições oferecem bolsas de estudo, inclusive integrais. Um dos critérios mais usados é a pontuação no vestibular ou no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Vale a pena entrar em contato com as instituições para saber se há essa possibilidade.

Outra opção é o ProUni, programa do governo federal que oferece bolsas integrais ou de 50% do valor da mensalidade. Para se cadastrar é preciso ter cursado o ensino médio em escola pública e alcançado 450 pontos na prova do Enem. As inscrições para a edição deste ano estão encerradas.

Financiamentos: O mais conhecido é o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), promovido pelo governo federal. O programa prevê o financiamento em uma quantidade de parcelas equivalente a três vezes a duração do curso. Além disso, o estudante só começa a pagar 18 meses depois de ingressar na faculdade. Mas há algumas restrições para a aprovação do crédito, como exigência de renda mínima e exclusividade de cursos nas áreas de saúde, engenharia e licenciatura.

Outro problema ocorrido no ano passado foi o atraso em repasses do governo para instituições de ensino, que abalou a confiança no programa. Por isso, algumas faculdades têm oferecido financiamentos privados, em parceria com bancos.

Descontos: Para fidelizar os estudantes, muitas instituições de ensino oferecem descontos para quem paga as mensalidades em dia. O abatimento varia, mas pode gerar economia de quase R$ 1 mil em cursos mais caros.

EaD: Uma opção para quem quer conciliar estudos com trabalho é o ensino a distância. Além da flexibilidade no tempo de estudo, os cursos digitais costumam ser mais em conta que os presenciais.

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