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Maus-tratos a idosos no DF: filhos são algozes em 57% dos casos

Nesta semana, Leila Maria Marçal, 69, foi resgata pela PCDF em condições insalubres. Ela não resistiu aos ferimentos e morreu no HRT

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Resgatada pela Polícia Civil (PCDF) após, supostamente, ser vítima de maus-tratos por parte da própria filha, Leila Maria Marçal (foto em destaque), 69 anos, integra índices preocupantes que apontam crescimento dos casos de violência envolvendo idosos na capital do país. Em dois anos, o Distrito Federal computou mais de 3 mil denúncias do tipo.

De acordo com o estudo mais recente elaborado pelo Tribunal de Justiça do DF e Territórios (TJDFT), a capital registrou 2.016 episódios de violência praticados contra idosos em 2018. O montante coloca a capital em nono lugar no ranking dos locais mais violentos para pessoas da terceira idade.

Em 82,5% dos casos, o algoz é alguém da família. Ocorrências como a de Leila, em que os filhos são os principais suspeitos de cometerem os maus-tratos, são maioria: 57% dos registros. No caso da moradora de Taguatinga, pelo crime, os investigadores chegaram a prender Flávia Cristina Marçal, 38, filha da idosa. A acusada, contudo, foi solta após pagar fiança de R$ 2,5 mil.

A PCDF aguarda o resultado do laudo pericial para concluir o inquérito que investiga a morte de Leila. Ao Metrópoles, o Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) informou que espera a conclusão das investigações “para que seja elaborada a denúncia”.

Como Leila morreu, a filha poderá responder por outros crimes, além dos três pelos quais já foi acusada. Um deles é deixar de prestar assistência ao idoso em situação de iminente perigo ou dificultar sua assistência à saúde, sem justa causa – pena de 6 meses a 1 ano de reclusão e multa.

Os outros são expor a perigo a integridade e a saúde, física ou psíquica do idoso, submetendo-o a condições desumanas ou degradantes – pena de 2 meses a 1 ano de reclusão e multa; apropriar-se de ou desviar bens, proventos, pensão ou qualquer outro rendimento do idoso – pena de 1 a 4 anos e multa.

“Desintegrando”

A situação em que a idosa se encontrava chocou os policiais civis que foram à casa onde morava, em Taguatinga Sul. “Eles a descreveram como um cadáver vivo. Ela estava se desintegrando, uma situação deplorável”, disse a chefe da Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa, por Orientação Sexual ou contra a Pessoa Idosa e com Deficiência (Decrin), Ângela Maria dos Santos.

A idosa estava desnutrida, sem dentes e com várias feridas pelo corpo. Um dos machucados, nas costas, deixava o pulmão da mulher à mostra, de tão profundo. Os policiais chegaram até a casa da idosa após denúncia de um médico do Núcleo de Atendimento Domiciliar, do Hospital de Taguatinga (HRT). Durante uma das visitas, o profissional se deparou com as cenas de horror.

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Aos investigadores, a filha da idosa teria assumido que usava, mensalmente, os R$ 3,9 mil da aposentadoria da idosa para benefício próprio. Ela justificou que a vítima se alimentava por meio de sonda e, por isso, não tinha gastos pessoais.

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