DF: tentativas de feminicídio com arma branca aumentaram 27% em 2022

Entre janeiro e dezembro de 2022, Distrito Federal teve 42 casos de mulheres feridas por esses objetos, como armas de corte e perfuração

atualizado 09/03/2023 13:10

Yanka Romão / Metrópoles Arte

O número de tentativas de feminicídio com uso de arma branca cresceu 27% no Distrito Federal,  em 2022, segundo dados da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF). De janeiro a dezembro do ano passado, a corporação contabilizou 42 casos de mulheres feridas por objetos de corte e perfuração. No mesmo período de 2021, ocorreram 33 casos desse tipo.

Em alguns casos, a violência escalou e levou à morte das vítimas. Dos 19 assassinatos de mulheres motivados por questões de gênero registrados em 2022, cinco foram cometidos com armas brancas.

Vítima dessa brutalidade, a filha da técnica de enfermagem Márcia Pereira de Oliveira, 62 anos, não teve outra chance. Priscila Teixeira de Santos, 33, levou uma facada no pescoço e morreu na hora. O caso ocorreu em junho de 2022.

A mãe encontrou o corpo da filha um dia depois no crime, na QNH 13 de Taguatinga Norte, onde a vítima morava com o namorado, Gustavo Brito, preso pelo crime.

“Era uma menina boa, sorridente, alegre e carinhosa. Foi uma morte trágica, fria e cruel. Mataram minha filha e a largaram sangrando no chão, sozinha. Ainda trancaram a casa e o portão, para que ninguém pudesse ajudá-la”, lamenta Márcia.

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Violência em casa

Consultor na área de segurança pública, Leonardo Sant’Anna afirma que a maior parte das tentativas de feminicídio ocorre em ambiente familiar e residencial. Nesses locais, o autor do crime tem mais facilidade para acessar itens domésticos, como facas e tesouras, e cometer a violência.

“Além disso, as pessoas entendem que é muito mais fácil estar com arma branca e eliminar a possibilidade de serem abordadas por uma instituição de segurança. A percepção que o criminoso tem é de que não será pego, diferentemente [do que poderia ocorrer] se estivesse com uma arma de fogo”, compara o especialista.

No DF, quase metade das armas usadas em feminicídios eram legalizadas

Em relação à prevenção a esse tipo de crime, Leonardo Sant’Anna acredita que o caminho se dá por uma mudança de visão coletiva. “A redução do feminicídio passa por um comportamento social. [O crime] tem a ver com uma ideia de domínio, controle e de que o praticante teria direito de usar a força contra a vítima. Tudo isso tem a ver com um processo muito profundo de reeducação”, avalia.

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Casos em 2023

Neste ano, o DF registrou seis tentativas de feminicídio com arma branca, segundo o levantamento da PCDF. De janeiro último até esta quarta-feira (8/3), oito mulheres foram mortas por motivos de gênero; em um dos casos, o assassino usou arma branca para cometer o crime.

O feminicídio ocorreu em 13 de fevereiro, quando Simone Sampaio de Melo, 40, levou 17 facadas do ex-companheiro João Alves Catarina Neto, 45, e não resistiu aos ferimentos. A vítima deixou três filhos, de 21, 15 e 9 anos. Ela morava com a mãe e os dois mais novos, no Gama.

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Em dezembro, a vítima havia deixado o município de Piúma (ES), onde morava com o ex-marido. Os dois se separaram após 20 anos de relacionamento, pois João não quis se mudar para o DF com a então companheira. A divergência levou à separação do casal.

O assassino viajou para o Distrito Federal e, no dia do crime, levou a filha para o colégio com a ex-companheira. Na volta para casa, João e Simone discutiram na rua. Em seguida, ele sacou uma faca matou a vítima.

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