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Deformada, vítima do médico Wesley Murakami tirou a própria vida

Acusado de desfigurar rosto de pacientes pode ter feito mais de 40 vítimas no DF. Preso, deve ser indiciado por lesão corporal gravíssima

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1 de 1 Murakami2 - Foto: Material cedido ao Metrópoles

Preso pela Polícia Civil do Distrito Federal na manhã desta sexta-feira (21/12), em Goiânia (GO), o médico Wesley Noryuki Murakami pode ter feito mais de 40 vítimas no DF. Após procedimentos estéticos malsucedidos, os clientes do acusado ficaram com o rosto deformado, traumas psicológicos, e chegaram a desembolsar fortunas para fazer reparação dos danos. Em um dos casos, uma jovem que morava na capital da República tirou a própria vida, no ano passado. A família dela reside no Rio de Janeiro.

Em outro, uma fisioterapeuta jovem, bonita e com mestrado teve tromboembolia pulmonar. Após denúncias feitas por um grupo de vítimas no WhatsApp, a Coordenação de Repressão aos Crimes Contra o Consumidor, a Propriedade Imaterial e a Fraudes (Corf) abriu inquérito no dia 4 de dezembro e investiga 15 ocorrências contra o médico — em Goiás, são mais 14, em um total de 29.

Murakami ainda não foi indiciado. Mas poderá responder por lesão corporal gravíssima, segundo o diretor da Corf, Wislei Salomão, já que há risco de o dano causado ao corpo das vítimas ser permanente. Além disso, a mãe e uma administradora da clínica dele, que também foram presas nesta sexta (21), podem ser indiciadas por associação criminosa e por ministrar produto adulterado ou proibido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Murakami é acusado de aplicar nas vítimas um medicamento perigosíssimo, chamado PMMA, usado normalmente em pacientes em tratamento da Aids para gerar tônus muscular. A substância, porém, deve ser usada em pequenas quantidades. Em uma mulher, o médico teria injetado 200ml em cada mama.

Durante a Operação Dismorfia, deflagrada nesta sexta (21), a PCDF recolheu medicamentos e prontuários nas clínicas do médico, que foram levados para o Instituto de Criminalística da corporação. Os investigadores querem saber se Murakami adulterava os medicamentos.

Um mulher, também moradora de Brasília, gastou R$ 80 mil para reparar as deformidades deixadas após a aplicação de PMMA. Outra tentou se matar. “Algumas tiveram, além das consequências físicas, problemas psicológicos”, disse o delegado Wislei Salomão.

O trio preso nesta sexta (21) já está na carceragem do Departamento de Polícia Especializada (DPE), ao lado do Parque da Cidade. Antes mesmo de ser preso, o Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal (CRM-DF) impediu Murakami de exercer a profissão. A interdição vale para todo o território nacional.

Reprodução/PCDF
Policiais da Corf apreenderam uma série de materiais hospitalares nas clínicas de Murakami
Reprodução/PCDF
Prontuários médicos de pacientes também foram apreendidos

 

Segundo o presidente do CRM-DF, Farid Buitrago, a instituição decidiu interditar cautelarmente Murakami porque houve indícios de danos físicos irreparáveis nos pacientes e para evitar que o mesmo acontecesse com outras pessoas. O Ministério Público também investiga o caso.

Nas redes sociais, o médico se apresenta como especialista em cirurgias de bioplastia e harmonização facial. Além das denúncias feitas no DF, outras seis foram registradas no 4º Distrito Policial do Estado de Goiás, segundo informou o advogado de Wesley Murakami, André Bueno.

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Além de ser acusado de deformar o rosto de dezenas de pessoas, Wesley Murakami é apontado como autor de erro médico ao realizar bioplastia nos glúteos da enfermeira de Goiânia (GO) Kellyane Fonseca, 28. Ela procurou o profissional a fim de tornear o bumbum. Murakami garantiu que o procedimento seria feito com PMMA, mas uma outra substância usada provocou queimaduras de segundo grau na mulher.

Kellyane voltou a procurar o médico, que teria se prontificado a fazer uma segunda intervenção. “Meu bumbum ficou todo irregular. Fui atrás e ele prometeu fazer outra e corrigir. Nessa nova aplicação, reclamei de dor o tempo todo, ameacei desmaiar e, a todo instante, ele me dava água com açúcar. No término, precisei usar oxigênio, pois apresentei insuficiência respiratória.”

Oito dias após a segunda cirurgia, o estado de saúde de Kellyane piorou. “Tive febre e precisei procurar um médico. Estava com infecção. Imediatamente, optaram pela minha internação, quando fiquei oito dias à base de antibióticos.”

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A defesa de Wesley Murakami afirmou que o cirurgião foi preso em casa, na capital goiana. O advogado diz que segue a delegacia em Brasília para tomar conhecimento das razões dos pedidos de prisão e, ao final do dia, emitirá uma nota esclarecendo os fatos.

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