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“Dr. Bumbum” adota discurso de extrema-direita nas redes sociais

No Facebook e Instagram – onde tem 666 mil seguidores – ele fala bem de Bolsonaro, elogia o período da ditadura e ataca Dilma, Lula e o MST

atualizado

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Facebook/Reprodução
Dr Bumbum na lancha
1 de 1 Dr Bumbum na lancha - Foto: Facebook/Reprodução

O médico Denis Cesar Barros Furtado, conhecido como “Dr. Bumbum” é um prato cheio para estudiosos de diversas áreas, a saber: clínica, psicológica, comportamental… e até mesmo política. Preso desde a última quinta-feira (19/7), indiciado por homicídio doloso qualificado da bancária Lilian Calixto, 46 anos. A moradora de Cuiabá morreu na madrugada do domingo anterior (15), após fazer intervenção estética de incremento dos glúteos com o médico numa cobertura residencial na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.

“Dr. Bumbum”, por exemplo, exerce um febril ativismo político, nas redes sociais, de acordo com levantamento do repórter Mário Magalhães, do site Intercept Brasil. O médico imprimiu nas redes – no Instagram e no Facebook – as digitais de seus pensamento e caráter. Adora se fotografar com bíceps avantajados, é adepto da autopromoção e, também, do proselitismo político. Apregoa seus tratamentos, que ofereceriam benefícios milagrosos e apela para a tática de mostram os bumbuns “antes” e “depois”.

A reportagem cita, para início de conversa, um post de março de 2015, em que o médico postou foto de protesto em Brasília com um manifestante portando uma bandeira com o slogan “Fora, Dilma”. E publicou: “Estamos cansados de tantas mentiras e roubos!”. E pensar que, segundo uma pessoa que trabalhou como enfermeira para ele declarou que o médico “ficava com parte dos produtos” que as pacientes lhe compravam. “Ele vendia 500 ml de metacril e aplicava 300 ml”, disse Wanessa Ribeiro Reis, segundo a matéria do site. “O restante do produto vendia para outras mulheres.”
Que coisa, hein, doutor?

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Logo você que em março passado foi condenado a pagar R$ 12,2 mil a duas pacientes que receberam dose menor do que a combinada em tratamento hormonal. E que trabalhou em parceria a mãe, Maria de Fátima Barros, cujo registro no Conselho Regional de Medicina havia sido cassado. Aliás, o filho não poderia trabalhar no Rio, pois não tem autorização do Cremerj. À época, seus registros ativos eram de Goiás e do Distrito Federal.

Mesmo assim, em março de 2016, o médico postou mensagem a favor do Movimento Contra Corrupção: “Teori Zavascki, indicado por Dilma, dá mais um golpe – Cuspiu na cara de quem paga impostos! Riu de quem foi às ruas! Pisou na Constituição! Se você tem vergonha de ele ser ministro do STF, compartilhe!”

E em junho de 2017, postou: “Julgue seu médico também pela ética em que este trabalha, valorizando a avaliação médica presencial para garantir resultados de excelência e qualidade”. Há dez anos ele não paga o condomínio da sua cobertura na Barra, uma dívida estimada em meio milhão de reais.

Dívida
Mesmo sem pagar condomínio há tanto tempo, em março de 2015, ele divulgou a seguinte mensagem: “Eu sou um cidadão brasileiro honesto. Eu sou contra o PT. Simples assim”. Na 16ª Delegacia Policial do Rio, uma mulher denunciou-o por não restituir o dinheiro que ela adiantara para um procedimento de que desistiu. Outra, desconfiada após uma consulta, também pediu a devolução, segundo o texto do Intercept Brasil. Perdeu R$ 9,3 mil.

“Dr. Bumbum” aplicava um certo PMMA, o polimetilmetacrilato, nas bioplastias de glúteos. A Sociedade Brasileira de Dermatologia e a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica não recomendam o emprego de tal substância com objetivo estético. Seu uso em grande quantidade pode causar morte, adverte o Conselho Federal de Medicina.

Perigo
De qualquer forma, para o “Dr. Bumbum”, o que é perigoso é o programa Mais Médicos. Em fevereiro de 2015, ele: “Se por nenhum motivo plausível o PT trouxe médicos cubanos sem revalidação de diploma, e muitas vezes até sem diploma para o Brasil, muito em breve, por sua própria metodologia de certificação, estará trazendo professores cubanos”.
Mais. Em fevereiro de 2014, sobrou até para Che Guevara. Dali a dez meses, perguntou: “Desmilitarização das polícias: você é contra ou a favor?” Ensinou: “Devemos ficar muito atentos a essa questão. Será esse um passo decisivo para a instalação de um golpe comunista no Brasil. Fica o alerta!” Em agosto de 2015, os brasileiros corriam o risco iminente, preveniu o Doutor Bumbum, de serem “escravos do comunismo ditatorial”.

O médico também promove o deputado Jair Bolsonaro. Em dezembro de 2014, postou vídeo com discurso em que amaldiçoa os direitos humanos. O hoje candidato à Presidência dirigiu-se à deputada Maria do Rosário: “Eu falei que não iria estuprar você porque você não merece”. O médico escreveu: “Militância: PT, LGBT, além de acusar Bolsonaro de assassino, o agridem fisicamente e verbalmente. E eles dizem que a direita é quem estimula a violência”.

Os posts direitistas e revoltados não cessam. “Dr. Bumbum” fala mal do Movimento Sem-Terra, da deputada Maria do Rosário, de Lula, de Dilma Rousseff. Também fala que “votou no Aécio”.

Ocorrências
Ah, ele já tinha sete ocorrências criminais contra si na polícia, que encontrou, no ano passado, em sua casa, em Brasília, duas pistolas e uma espingarda, todas sem registro. Já o Hospital Barra D’Or registrou que Lilian chegou ao hospital com falta de ar, taquicardia e pele azulada. Ela teve ao menos três paradas cardíacas antes de morrer. O laudo do Instituto Médico Legal definiu como inconclusiva a causa da morte.

Na prisão, “Dr. Bumbum” ficará um tempo sem postar nada nas redes sociais. Seus 666 mil seguidores no Instagram podem, porém, se deleitar com opiniões como “o MST é uma quadrilha”, além de vídeos do cardiologista Enéas Carneiro e do MBL, a favor da redução da maioridade penal. No ar, também, posts alusivos a grupos como Vem Pra Rua, Direita Vive 3.0 e Destra Corporação. Um retrato da personalidade do bumbum. Ops, “Dr. Bumbum”.

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