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Catetinho completa 60 anos

Apesar de estar localizado próximo a uma das principais rodovias que dá acesso à Brasília, o monumento ainda está distante do público

atualizado

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José Cruz-ABr
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Em novembro de 1956, um capítulo importante da História do Brasil se iniciava no Planalto Central. Antes mesmo de ganhar forma, Brasília recebia sua primeira sede de governo: o Catetinho. Um espaço singular, rodeado por uma área de preservação ambiental do cerrado, o Catetinho completou 60 anos no dia 10 de novembro.

Conhecido como Palácio de Tábuas, devido a estrutura de madeira, o Catetinho foi a primeira sede oficial utilizada pelo então presidente Juscelino Kubitschek de 1956 a 1959. O local também serviu de ponto de apoio para os pioneiros que trabalhavam na construção da nova capital federal, inaugurada em abril de 1960.

A construção da nova sede levou apenas 10 dias. O espaço simples e funcional foi o primeiro projeto de Niemeyer para Brasília e hoje é a única edificação feita toda em madeira projetada pelo consagrado arquiteto. As madeiras e todo o restante do material escolhidos para a edificação vieram do interior de Minas Gerais e do Rio de Janeiro. “O Catetinho não era só um barracão, ele tinha uma arquitetura muito especial que abrigava ideias modernistas. A arquitetura dele é muito peculiar, pois reproduz em madeira muitas ideias que mais tarde Oscar Niemeyer concretizou no plano piloto. Ele fez o pilotis num palácio de madeira”, destaca Gustavo Pacheco, subsecretário de Patrimônio Cultural do Distrito Federal.

Oficialmente, o Catetinho era chamado de residência presidencial (RP1), contudo, Juscelino não chegou a morar no local. Apenas pernoitava quando era necessário acompanhar o andamento da construção da cidade. Ali, JK chegou a recebeu autoridades internacionais, como a Rainha Elizabeth II, da Inglaterra. Figuras marcantes das histórias brasiliense e brasileira também foram abrigadas no palácio, como Bernardo Sayão, engenheiro responsável pela construção de Brasília e que dá nome à rodovia conhecida como Belém-Brasília.

Um patrimônio a ser desvendado

A relevância histórica fez com que palácio fosse rapidamente tombado. Ainda no dia da inauguração, em 10 e novembro de 1956, JK entregou o palácio aos cuidados da Diretoria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (DPHAN). Três anos depois, em julho de 1959, a construção foi definitivamente tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). E em 1970, foi transformado em museu.

O local passou por algumas reformas, a última delas em 2012, e ainda abriga parte do antigo mobiliário e objetos pessoais de JK, como livros, roupas e até uma muringa de água usada pelo então presidente.

Segundo a superintendência do Iphan no Distrito Federal, o Catetinho é um dos monumentos históricos em Brasília que mantém o melhor estado de conservação.

Contudo, 60 anos depois de sua construção e mesmo já tombado, o Catetinho não tem um inventário nos termos exigidos pela legislação de proteção patrimonial, situação que deve mudar no próximo ano.

“Acabamos de contratar por meio de licitação, um inventário total do catetinho, para tomar medidas mais efetivas de preservação. Dependemos de recursos financeiros e operacionais. O inventário completo só deve sair daqui a seis meses”, explica Carlos Madson, superintendente do Iphan em Brasília.

O documento fará um levantamento de tudo o que envolve a edificação, desde as medidas exatas da construção, até a definição mais precisa dos limites da área e a identificação da origem e valor das peças expostas, além de dados mais detalhados sobre a vegetação do entorno. “As informações levantadas servirão para definir políticas de proteção do local. Hoje tem a planta, a listagem dos equipamentos, mas o inventário vai além disso, é um estudo bem mais criterioso e aponta demandas. O inventário também é um instrumento de preservação, completa Madson.

Acesso

Apesar de estar localizado na beira de uma das principais rodovias que dá acesso à Brasília, a BR-040, o Catetinho ainda está distante do público. Excursões escolares de vários estados e turistas nacionais e estrangeiros compõem o perfil dos principais visitantes.

Por ano, o museu recebe cerca de 23 mil pessoas, mas o número poderia ser bem maior.

Mudanças nas vias próximas ao museu e a falta de placas de sinalização e opções de transporte dificultam a localização do monumento. Os visitantes Rudimar Machado e Mara Dalila se perderam na primeira vez que tentaram visitar o palácio, mas não desistiram e voltaram ao monumento.”Viemos para conhecer mais história de Brasília, do presidente JK e da primeira residência oficial. Não vim antes justamente porque não conseguia achar, a sinalização não é boa.”, diz Rudimar Machado.

Como estratégia para ampliar a visitação, a Subsecretaria de Patrimônio Cultural do Distrito Federal está planejando para o próximo anos agendar ações culturais no espaço do Catetinho. “Queremos resgatar atividades como apresentações de peças teatrais e espetáculos de música, pois é um lugar muito agradável, no meio da natureza. A atmosfera do lugar é muito inspiradora. Queremos fazer com que ele seja percebido como um lugar aberto ao público, que todos podem e devem visitar”, conclui Gustavo.

O Museu do Catetinho está aberto para visitação pública de terça a domingo, das 9h às 17h. A entrada é franca.

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