metropoles.com

Coronavírus: Plano Piloto é a RA que menos respeita o isolamento

Uma média de 50,4% das pessoas da área central de Brasília se mantiveram em quarentena. Na outra ponta, está o Riacho Fundo 2, com 79,1%

atualizado

Compartilhar notícia

Metrópoles
jk coronavírus DF distrito federal
1 de 1 jk coronavírus DF distrito federal - Foto: Metrópoles

No Distrito Federal, a população do Plano Piloto é a que menos respeita o isolamento social causado pelo coronavírus. Desde 12 de março, primeiro dia com medidas restritivas em vigor, uma média de 50,4% das pessoas da área central de Brasília se mantiveram em quarentena. Em seguida ficaram Águas Claras (54,8%) e Guará (56,5%).

Na outra ponta, Riacho Fundo 2 (79,1%), Sobradinho 2 (75%) e Varjão (75%) entraram no pódio como as RAs que mais adotaram a quarentena.

Os números foram coletados pela Inloco, empresa de tecnologia especializada em geolocalização. O (M)Dados, núcleo de jornalismo de dados do Metrópoles, analisou as informações.

Confira a média de isolamento da população desde o início das medidas de contenção do coronavírus: 

 

Apesar de o Plano Piloto estar em último lugar no ranking desde 12 de março, a Região Administrativa melhorou o índice de isolamento médio. Entre 12 e 18 do mês passado, uma média de 50,4% das pessoas estavam de quarentena na área central da cidade, e o número aumentou para 55,7% na semana de 6 a 12 de abril, a última com dados disponíveis. O crescimento de 5,3 pontos percentuais foi o terceiro maior entre todas as RAs, mas não o suficiente para tirar a região da última posição e nem aumentar a sua média geral.

Segundo o médico Alexandre Cunha, vice-presidente da Sociedade de Infectologia do DF, ainda é cedo para entender esses dados. “Todas as análises neste momento são especulativas, ainda estamos tentando mapear como a sociedade está se comportando em meio à pandemia, mas tudo muda de forma muito rápida”, disse.

O especialista acrescenta, entretanto, que o Plano Piloto é o polo econômico do Distrito Federal, por isso existe uma movimentação mais intensa em suas ruas. “As pessoas saem das Regiões Administrativas para trabalhar na área central, provavelmente é por isso que as cidades dormitórios aparentam estar mais quietas”, explica.

Por fim, o infectologista destaca a importância de manter o isolamento social. “Essa é a única certeza no momento. Os países que flexibilizaram muito cedo ou demoraram para impor a quarentena estão pagando por essa decisão, como Estados Unidos, Espanha e Itália. Portugal, por outro lado, atuou cedo e está com o número de casos controlados e o sistema de saúde funcionando dentro da sua capacidade”, disse.

Feriado

Durante a Semana Santa, 26 das 29 RAs aumentaram o isolamento social. Segundo as informações coletadas pela Inloco, apenas Brazlândia, Jardim Botânico e Planaltina tiveram média menor durante o feriado.

No Jardim Botânico, a média ficou 5,7 pontos percentuais menor durante o feriado. Seguido de Brazlândia (2,1) e Planaltina (1,4).

Correlação entre casos e isolamento

O isolamento social é a principal recomendação dos especialistas, do Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde (OMS) para diminuir os efeitos negativos da pandemia de coronavírus. Ao inibir o contato social, ameniza-se o contágio da doença e dilui-se no tempo a quantidade de casos graves, o que evita o colapso do sistema médico.

Quando o índice de isolamento social médio é cruzado com a quantidade de casos apurados em cada uma das RAs, o que ocorreu no dia 12 de abril, a correlação entre os dois é significativa. Quanto maior o índice médio de quarentena, menor a quantidade casos. O cálculo de correlação vai de -1 a 1. Quanto mais perto das pontas, maior a correlação. Quanto mais perto do meio da escala – o número 0 –, menor a correlação. Nesse caso, a correlação é de -0,68.

É importante ressaltar que correlações não são causalidades. Para se chegar à causa, é necessária uma investigação aprofundada que leva em conta todos os elementos que podem influenciar na situação. No caso da doença, outra correlação existente é entre a renda média da RA e o número de casos.

 

Compartilhar notícia