Autor de ameaças à professora da UnB: “Deveria sangrar até morrer”
O suspeito, de 42 anos, mora com a mãe no Paraná. O homem responderá por injúria e ameaça. A docente diz que voltará para Brasília
atualizado
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A 1,4 mil quilômetros de distância, um homem de 42 anos, desempregado e que mora com a mãe, fazia graves ameaças à professora da Universidade de Brasília (UnB) Débora Diniz, 48 anos. De São José dos Pinhais, no Paraná, disparava mensagens de ódio: “Pessoas como você têm de morrer. Deveriam sangrar até a morte”. Ele foi identificado pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) e responderá pelos ataques feitos via internet.
Defensora da descriminalização do aborto, bem como dos direitos das mulheres, a pesquisadora é referência em bioética e está na lista das 100 mais importantes pensadoras do mundo devido ao seu trabalho a respeito das grávidas que contraíram o zika vírus.
No início de julho, a docente registrou um boletim de ocorrência na Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) de Brasília em virtude das ameaças recebidas pelo site do Instituto de Biomédica e também via WhatsApp. Temendo por sua segurança, Débora chegou a deixar Brasília.
Entre quarta (1º/8) e quinta-feira (2), a Polícia Civil do DF cumpriu dois mandados de busca e apreensão. Um em São José dos Pinhais, no Paraná, onde o homem, identificado apenas pelas iniciais H.G.M., foi achado. Os investigadores chegaram até o suspeito após rastrear o IP do computador do autor das ameças.
O suspeito tem passagens pela polícia no Paraná, por porte de arma e lesões corporais, mas, segundo o acusado, teria sido absolvido. De acordo com a delegada Sandra Gomes, chefe da Deam, o paranaense trocava mensagens com grupos de extrema-direita e se identificava “como alguém que não concordava com o posicionamento da professora”. O suspeito não foi preso, mas responderá pelos crimes de injúria e ameaça, de menor potencial ofensivo.
O outro mandado foi cumprido em Ceilândia, onde um morador também é investigado por provavelmente ter mandado mensagens de WhatsApp para a pesquisadora. “Chegamos ao local e o suspeito informou que o celular dele havia sido roubado. Não podemos garantir seu envolvimento no caso, mas continuamos a diligência”, destacou a delegada.
A professora chegou a comparecer à delegacia na sexta-feira (3). Ao Metrópoles, Débora Diniz disse, nesta segunda-feira (6), que pretende voltar a Brasília. “É um recomeço. Estou mais confiante”, afirma. De acordo com a advogada da docente, Vitória Buzzi, assim que as investigações forem concluídas, o próximo passo é buscar providências nas áreas penal e cível.
“A gente está em contato com a delegacia. A nossa intenção é fazer desse caso um exemplo. Foram ataques muito violentos que ela [Débora Diniz] sofreu. Não é a primeira vez, mas esse episódio foi muito assustador. Não estamos falando só da Débora, mas de várias mulheres. São pessoas que ficam muito vulneráveis. Ela não é a única, mas a gente queria que fosse a última”, ressaltou a defensora da vítima.