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Após fala do CRM-DF, UnB e entidades saem em defesa do lockdown

A Faculdade de Medicina da UnB, o Conselho de Enfermagem e a Sociedade de Infectologia discordaram publicamente do Conselho de Medicina

atualizado

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Igo Estrela/Metrópoles
Alguns clientes não usavam máscaras
1 de 1 Alguns clientes não usavam máscaras - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

A declaração do Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal (CRM-DF) contra o lockdown no DF provocou reações de infectologistas, da comunidade acadêmica e até de outras categorias, como a de enfermeiros na capital da República.

Nessa segunda-feira (1º/3), a entidade mandou ofício para o Executivo distrital dizendo ser contra a medida decretada pelo governador Ibaneis Rocha (MDB), que justificou o decreto em Brasília devido ao aumento de casos de coronavírus na capital, além da lotação superior a 90% nas UTIs.

A Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília (UnB) divulgou nota pública na qual diz “manifestar profunda preocupação” com posicionamento do Conselho Regional de Medicina do DF (CRM-DF).

“As medidas de restrição preconizadas no decreto do GDF são baseadas em evidências sólidas obtidas em estudos científicos bem desenhados e executados em diversos locais do mundo. Estas medidas reduzem a transmissão do vírus e podem apresentar impacto positivo sobre o comportamento da epidemia, contando com a adesão da população”, disse, em nota, a faculdade.

A Sociedade de Infectologia do DF (SIDF) afirmou, também em nota, que não concorda com o posicionamento do CRM-DF. Segundo a SIDF, o conselho montou uma câmara técnica com infectologistas, mas não a consultou antes de se posicionar a favor do tratamento precoce e contra o lockdown.

“O DF, assim como o restante do Brasil, encontra-se em uma grave crise de saúde pública e tal situação requer máxima expertise, para que as melhores medidas de contenção sejam implementadas, visando assim o benefício da sociedade como um todo. Soluções simples ou radicalismos não atendem à necessidade atual”, diz a diretoria da Sociedade, no documento.

Caos funerário

Na mesma linha, o Conselho Regional de Enfermagem do Distrito Federal (Coren-DF) divulgou nota na qual diz apoiar o lockdown “por entender que a medida é necessária para reduzir a circulação de cepas mais transmissíveis da Covid-19, evitar o colapso do sistema de saúde e impedir um caos funerário em plena capital do país”, aponta o documento.

“Apoiar o lockdown não nos impede de criticar a falta de planejamento do GDF. Depois de um ano de pandemia, deixar que o sistema de saúde pública chegue à beira do colapso é inadmissível. Falta gestão, compromisso e estratégia no combate à pandemia e quem paga o prejuízo pelas falhas dos nossos governantes é a população, mais uma vez obrigada a se submeter a medidas tão radicais”, completa o Coren.

Mais tarde, em documento de 13 páginas, um grupo de pesquisadores de diferentes universidades do Brasil e de Portugal destacaram que a pandemia no Brasil está em franca expansão na maioria dos estados.

“[No documento] Mostramos com dados reais que o isolamento social, o chamado ‘lockdown”, é um instrumento eficiente de combate à pandemia, como muito bem exemplificado pela comparação entre o Distrito Federal e o estado do Amazonas. Mostramos também alguns prognósticos de possível evolução da pandemia baseados em nosso modelo epidemiológico”, ressaltaram os especialistas.

Confira o documento: 

Situação da Pandemia de Covid-19 no Brasil e Impactos da Campanha de Vacinação by Metropoles on Scribd

Um manifesto on-line, lançado nessa segunda-feira, reunia a assinatura de 120 profissionais de Saúde contra a posição do CRM-DF. Confira o manifesto aqui.

Ofício do CRM-DF

No texto encaminhado ao chefe do Executivo local pelo Conselho Regional de Medicina do DF aponta que: “O CRM-DF é contra o lockdown como medida de controle de transmissão”.  No documento, a entidade diz que o lockdown “já se mostrou ineficaz” e “atenta contra os direitos fundamentais da Carta Magna”.

Ao reforçar o posicionamento, o CRM destaca que “a restrição maior de liberdade causa o aumento da incidência de transtornos mentais e agravamento das demais doenças crônicas, além de prejuízo irremediável à economia”.

Na internet, os leitores também receberam mal o posicionamento. No Instagram, começaram um movimento de denúncia contra o CRM-DF por considerarem o ofício como “Fake News”.

Confira: 

Instagram CRM-DF
No Twitter, o movimento foi de questionamento sobre a responsabilidade do conselho em soltar o ofício em um momento no qual a lotação das Unidades de Tratamento Intensivo no DF (UTIs) passam de 90%.

Veja alguns tuítes de usuários da rede:

Leia o documento do CRM na íntegra:

Ofício CRM

Deputadas apoiam

Ao contrário das entidades, pelo menos três deputadas eleitas pelo Distrito Federal apoiaram, nessa segunda-feira (1º/3), a nota pública divulgada CRM-DF.

“O Conselho Regional de Medicina publica nota posicionando-se contra o lockdown. Ele não salva vidas e deixa os pobres muito mais pobres, além de trazer uma série de problemas psicológicos e na saúde em geral. Essa nota é muito importante”, escreveu a deputada federal Bia Kicis (PSL) nas redes sociais.

Na mesma linha, Paula Belmonte (Cidadania) também criticou as medidas restritivas adotadas na capital da República. “O lockdown não salva vidas e faz os pobres muito mais pobres. Quem disse foi a OMS, e agora o CRM-DF. Enquanto isso, o governador, que teve o seu secretário de Saúde preso, impede as pessoas de trabalharem”, emendou Paula Belmonte (Cidadania) no Twitter.

Representante do Partido Novo na Câmara Legislativa (CLDF), a deputada distrital Júlia Lucy também endossou o coro. “O Conselho Regional de Medicina do DF acaba de se posicionar contra o lockdown! Em ofício encaminhado ao governador, atesta que a medida é ineficaz e condenada até mesmo pela OMS. ‘O lockdown não salva vida e faz os pobres muito mais pobres’, afirma o documento”, escreveu a parlamentar na mesma plataforma.

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