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Alunos, políticos e servidores protestam contra corte de verba na UnB

O ato, que contou com discursos acalorados de parlamentares, foi no mesmo momento em que ministro estava no Senado

atualizado

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JP Rodrigues/Metrópoles
Ato na UnB contra corte
1 de 1 Ato na UnB contra corte - Foto: JP Rodrigues/Metrópoles

Alunos, parlamentares, líderes estudantis e servidores da Universidade de Brasília (UnB) fizeram um protesto nesta terça-feira (07/05/2019) contra o corte de recursos na instituição de ensino. Após se concentrarem na biblioteca, deram um abraço coletivo e depois foram recebidos pela reitora, Márcia Abrahão.

“Como ex-aluna da universidade, muito me orgulha ver a UnB sempre unida em prol da sobrevivência desta instituição. Vamos lutar para que nossa comunidade não precise mais fazer nenhum tipo de sacrifício”, destacou. Ela classificou a situação como “gravíssima”. “Temos R$ 48 milhões bloqueados”, disse.

Entre os parlamentares presentes, as deputadas federais Erika Kokay (PT-DF), Gleisi Hoffmann, também presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, e Maria do Rosário (PT-RS). Os discursos foram inflamados. “Querem nos tirar a consciência crítica. Um ataque à democracia, à nossa liberdade. Que medo eles têm de vocês?”, disse a parlamentar do Distrito Federal.

Aos gritos de “não vai ter corte, vai ter luta”, estudantes “abraçaram” a Biblioteca Central da UnB. Também anunciaram um movimento no dia 15 de maio. “Bolsonaro, preste atenção, no dia 15 vai ter paralisação”, disseram.

O ato na UnB, organizado pelos estudantes, ocorreu no mesmo momento em que o ministro da Educação, Abraham Weintraub, participava de audiência no Senado. Aos parlamentares, ele disse que não houve corte em recursos em universidades, mas sim “contingenciamento”.

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O deputado distrital Fábio Felix (PSol-DF) rebateu as declarações do ministro dizendo que “contingenciamento e corte, na prática, são a mesma coisa”. “É um corte, sim, e um corte violento e ideológico. Esse governo só dá mais provas de que não entende nada de educação, e querem atingir, agora, as universidades brasileiras”, ressaltou.

Gleisi Hoffmann classificou o corte como uma “desconstrução da democracia”. “Quando o governo ataca a universidade, ataca toda a resistência que tivemos até chegar neste marco democrático que são as universidades públicas. Esse gesto de hoje é fundamental para mostrar que não vamos aceitar o que está acontecendo. Não podemos permitir o retrocesso e, por isso, estamos aqui com vocês.”

“Parabéns pela balbúrdia pedagógica de hoje. Trata-se de uma enorme injustiça. Nasci na periferia e sei o que a universidade representa para a população mais carente, para a luta contra uma realidade desigual. Bolsonaro está atingindo a educação como um todo, algo que atinge toda comunidade. É o momento de as universidades entenderem seu papel na democracia. Não vamos permitir”, disse o deputado federal Marcelo Ribeiro Freixo (PSol-RJ).

O deputado federal completou sua fala dizendo que “Bolsonaro cometeu um grande erro”. “Acendeu uma faísca em um lugar onde não vai conseguir controlar o incêndio.”

Na audiência pública de que participou, na Comissão de Educação do Senado, o ministro enfatizou que é a favor da autonomia universitária, mas destacou que as instituições de ensino superior públicas não podem ser tratadas como “Estados soberanos” – na sua opinião, é o que ocorre atualmente.

Sou 100% a favor da autonomia universitária. Para mim, [que haja] mais liberdade para as universidades. Mas autonomia universitária não é soberania universitária. Eles não são um Estado soberano. Com a legislação que a gente tem no Brasil, não pode ter consumo de drogas dentro dos campi. Porque a lei não permite no território nacional o consumo

Abraham Weintraub

A deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ) também expôs sua indignação em relação ao corte. “Nesse momento, temos que ser resistentes e impedir essa barbaridade desse nefasto governo que está tirando nossa liberdade, nosso afeto”, assinalou. Advogados da Comissão dos Direitos Humanos da Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil no Distrito Federal (OAB-DF) também estiveram presentes.

Maria do Rosário explicou que a estratégia dos parlamentares é recolher assinaturas para que o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), vote em regime de urgência o Projeto de Lei Complementar (PLP) n° 8 de 2019. A proposta prevê que recursos no Orçamento da União destinados para as universidades públicas federais e os institutos de educação, ciência e tecnologia não sejam objeto de limitação de empenho e movimentação financeira.

A aluna de direito Bruna Peixoto Silva, 20, defendeu a importância da presença dos parlamentares para “fazer mais barulho”. “Muito orgulhosa de ver a Comissão de Direitos Humanos da OAB e os deputados presentes. Mostra a importância da UnB para a comunidade e para o o país”, afirmou. “Esse corte é um ataque à democracia”, acrescentou o estudante de psicologia Pedro Flores, 23.

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