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Aluno que matou na Bahia falava de massacres com invasor de escola no Espírito Santo

O estudante é filho de um policial reformado da PMDF. O atirador usou a arma do próprio pai, um revólver calibre .38 para cometer o crime

atualizado

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1 de 1 Foto-atirador-bahia (3) - Foto: Foto cedida ao Metrópoles

Em um manifesto publicado no Twitter pelo adolescente de 14 anos que abriu fogo contra estudantes da Escola Eurides Sant’anna, em Barreiras (BA), o jovem declarou que mantinha contato com Henrique Lira Trad, preso em agosto deste ano após invadir uma escola em Vitória, no Espírito Santo, com faca, arco, flechas, bombas de fabricação caseira e um coquetel molotov.

De acordo com um trecho, escrito no documento pelo atirador da Bahia, ele e Henrique conheceram-se em um grupo on-line e identificaram-se por terem “tendências iguais”.

“Tamanha era nossa sincronia que pessoas da mesma comunidade ao qual pertencíamos diziam que eu tinha 70% da personalidade dele [Henrique]”, escreveu o menino, que garantiu, ainda, que ambos planejavam a mesma coisa.

Atualmente o perfil do adolescente no Twitter está suspenso por violar regras da empresa.

Confira algumas fotos publicadas pelo adolescente na rede

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Segundo o adolescente, ele e Henrique formavam uma “dupla épica”, e conversaram por anos antes de decidirem invadir escolas para cometerem massacres.

Em um trecho do manifesto, no entanto, fazendo referência à tentativa frustrada que ocasionou a prisão do invasor da escola no Espirito Santo, o adolescente aproveitou para descrever a decepção com o amigo. “Ele [Henrique] falhou ao ponto de virar chacota. Não consigo descrever como foi minha decepção. E ela cresceu ainda mais quando o vi ser reduzido a mais um doente qualquer”, disse o estudante.

“Entretanto, sua falha me deu frutos, enxerguei que, para ter sucesso em meus objetivos, precisaria elaborar meus planos”, completou.

Apesar de deixar clara a influência de Henrique sobre seus atos, o adolescente ressaltou no texto que não foi o amigo criminoso quem o incentivou. “Eu, e mais ninguém, decidi que seria uma ideia conveniente”, disse o rapaz.

Henrique Lira Trad, de 18 anos, foi impedido de cometer diversos assassinatos por funcionários da escola a qual invadiu. Graças a ação, apenas uma criança ficou levemente ferida no rosto.

No momento em que foi detido, o criminoso teria dito que “queria aloprar uma galera”. Ele está preso em uma unidade de segurança no Espirito Santo.

Perfil do criminoso

Ainda no manifesto, o adolescente brasiliense declarou ter vivido a “maior parte da vida” com o pai, que é separado da mãe dele, e descreveu-se como um “ser superior”. “Desde pequeno sentia-me superior aos demais. Alimentava um nojo e ódio de grupos do meu convívio, simplesmente não aceitava estar no mesmo lugar que eles, sentia que merecia mais, ou eles mereciam menos. O que importava, na verdade, era eu estar acima”, escreveu.

Segundo o rapaz, por muitos anos ele viveu “na internet, assistindo a vídeos e participando de comunidades”. Com o tempo, alegou ter passado a apresentar “tendências homicidas” e a nutrir o “ódio que sentia”.

“Quando não fui mais capaz de levar uma vida comum, comecei a premeditar um atentado, simplesmente frustrei-me ao ponto de chegar a insanidade”, declarou, dando a entender que houve uma primeira tentativa de massacre frustrada.

Durante o período, o adolescente teria conhecido Henrique, com quem passou a conversar.

Aversão a judeus e ameaças à imprensa

Em vários pontos do texto, o adolescente demonstra aversão à população judaica. Segundo ele, os judeus são responsáveis por controlar o dinheiro da população mundial, bem como a mídia, os bancos e as redes sociais.

Ele também faz menção a jornalistas e profere ameaças à imprensa declarando que, há qualquer momento, um atentado poderia acontecer. “E aviso a mídia, quanto mais vocês mentirem sobre nós e sobre o que defendemos, mais dos nossos se tornarão santos, e uma hora nós chegaremos até vocês, pois suas ações trazem consequências”, ameaçou.

Publicação nas redes sociais

Antes de invadir a escola onde estudava na Bahia e abrir fogo contra colegas, o estudante anunciou o passo a passo do ataque em sua conta no Twitter, que também utilizava para atacar gays, lésbicas, nordestinos e, ainda, exaltar ideais nacionalistas e de extrema-direita.

Nas postagens, o adolescente declarou que “o dia do massacre estava chegando” e que as vítimas sentiriam “a ira divina”.

“Saí da capital do Brasil para o merdeste e nunca pensei que aqui fosse tão repugnante. Lésbicas, gays e marginais aos montes, acham que são dignos de me conhecer e conhecer minha santidade. Os farei clamar pela minha misericórdia, sentirão a ira divina”, afirmou.

Em outra publicação, o jovem teria dito que não via “a hora de fatiar gorda” e que “não teria misericórdia”. “Irá acontecer daqui quatro horas e eu estou bem de boa. Estou tão calmo, nem parece que irei aparecer em todos os jornais”, afirmou o adolescente em sua última postagem no Twitter.

O jovem também participava de comunidades e fóruns que discutiam crimes notórios e assassinatos em série.

De acordo com a coluna Na Mira, o estudante é filho de um policial reformado da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF). O atirador usou a arma do próprio pai, um revólver calibre .38 para cometer o atentado.

O caso

Trajando roupas escuras, encapuzado e portando a arma do PM aposentado, além de um facão, o adolescente teria ameaçado a porteira da escola e se dirigido ao local onde estava a cadeirante. Lá, efetuou os disparos.

Os tiros atingiram Geane da Silva Brito, uma jovem cadeirante, de 20 anos, que não resistiu. O criminoso foi baleado e socorrido posteriormente.

Um vídeo gravado logo após a tentativa de massacre mostra desespero, tumulto e correria. Os alunos amontoaram-se na saída enquanto tentavam deixar a escola.

Ao Metrópoles a Polícia Militar do município informou que o atirador foi atingido por uma pessoa não identificada e levado a uma unidade de pronto atendimento (UPA) da cidade. O rapaz está em estado grave. A Polícia Civil deve periciar o local, que foi isolado.

Veja o vídeo de minutos após o ocorrido:

 

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