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Água: brasiliense aumenta o consumo e obras de captação atrasam um ano

Menos de um ano depois do fim do racionamento, uso mensal dos recursos está praticamente o mesmo de antes da crise

atualizado

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Felipe Menezes/Metrópoles
racionamento, água
1 de 1 racionamento, água - Foto: Felipe Menezes/Metrópoles

No Dia Mundial da Água, celebrado nesta sexta-feira (22/3), os brasilienses têm motivos para ficar em alerta quanto à disponibilidade dos recursos hídricos. Desde o fim do racionamento, em julho de 2018, o nível de consumo mensal no Distrito Federal aumentou substancialmente. Por outro lado, o lançamento do Sistema Produtor de Corumbá IV, alardeado pelo governo local como garantia para evitar nova escassez, está um ano atrasado.

O rodízio de fornecimento de água na capital da República durou um ano e cinco meses – de janeiro de 2017 a julho do ano passado. Nesse período, a população diminuiu o consumo em até 18%. No entanto, apenas três meses após a interrupção da medida, o nível mensal voltou aos mesmos patamares que levaram a capital à sua maior crise hídrica.

Em outubro de 2018, a Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento (Adasa) registrou o consumo de 13.411.396 metros cúbicos no DF. A quantidade é apenas 1,3% menor do que a registrada no mesmo mês de 2016 – último período antes do rodízio. Em novembro e dezembro do ano passado, os números foram similares.

Apontada pela gestão passada como principal solução para a crise, a entrega do sistema de captação de Corumbá IV já sofreu diversos adiamentos. Prevista pelo governo de Rodrigo Rollemberg (PSB) para dezembro de 2018, ela já havia sido postergada para meados deste ano. Agora, segundo o diretor de engenharia da Companhia de Saneamento Ambiental (Caesb), Virgílio Peres, as obras estão avançadas e ficarão prontas até o fim de 2019. “Hoje, o grande gargalo é a linha de transmissão, que pretendemos resolver o quanto antes”, promete.

De acordo com ele, a expectativa é de que até 2050 todos os cantos do DF estejam devidamente abastecidos por mecanismos de distribuição. “A água é finita e temos de ser racionais. Devemos expandir as iniciativas para conseguirmos abastecer todos os locais”, afirma o diretor.

Recuperação das bacias
A Adasa e a Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) têm adotado medidas para preservação e recuperação das bacias hidrográficas e aquíferos que permeiam a capital. Na região de Planaltina, a bacia do rio Pipiripau teve 6,8 mil hectares revitalizados por uma parceria entre o governo e a organização The Nature Conservancy (TNC). O espaço recuperado representa metade da área pertencente ao DF.

Nesta sexta-feira (22/3), o mesmo esforço começará a ser aplicado em um local ainda maior. Com 127 mil hectares, a bacia do Descoberto é o maior reservatório do Distrito Federal, responsável por atender a cerca de 65% da população. “Víamos o manejo inadequado de estradas rurais provocando erosão. Por isso, faremos intervenções para evitar problemas futuros”, detalha o gerente da TNC, Samuel Barrêto.

Entre os problemas constatados na bacia está a contaminação de aquíferos por produtores rurais que abusam de produtos químicos. Segundo a organização, isso provoca a impermeabilização do solo e impede que as águas pluviais irriguem adequadamente a região.

O professor da Universidade de Brasília e presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Paranaíba, Ricardo Tezini, acredita que a qualidade da água à disposição no DF é boa, mas precisa de mais cuidados. “Estamos avançando no controle dos recursos hídricos e estamos conhecendo melhor nossas bacias. É preciso expandir as práticas para acompanharmos o crescimento populacional”, alerta.

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