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Abandonado, prédio entre a UnB e o Iate Clube “apodrece” com o tempo

Estrutura foi abandonada ainda durante a ditadura militar devido a infiltrações. Projeto da Administração do Plano Piloto é fazer um parque

atualizado

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Hugo Barreto/Metrópoles
construção abandonada com concreto caindo
1 de 1 construção abandonada com concreto caindo - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

Um lugar entre o Centro Olímpico da Universidade de Brasília (UnB) e o Iate Clube destoa da arquitetura de Brasília. Abandonado, o prédio conhecido como Ruínas da UnB chama a atenção. A estrutura de concreto está desgastada, com ferragens à mostra e vegetação tomando o local. Segundo o Governo do Distrito Federal (GDF), desde 2018 existe um projeto para transformar a área no Parque Ecológico da Enseada Norte.

Apesar do nome, a estrutura não pertence à UnB. Ela foi abandonada na época da ditadura militar e deveria ter abrigado a Escola Superior de Guerra. O projeto foi deixado de lado devido a infiltrações. Para o professor de engenharia da UnB Dickran Berberian, é preciso limpar a área e fazer uma análise do local. “Pelo que é possível observar, tem corrosão, infiltração, concreto ácido, ferragens aparentes, mas nenhum sintoma de que vai desabar agora. Não tem peso sobre a estrutura. Então, é possível reaproveitar”, sintetiza o especialista.

Para aproveitar o espaço e a estrutura, seria necessário, inicialmente, nivelar todo o terreno. “As vigas da primeira laje são boas, grandes. É preciso uma avaliação mais detalhada, fazer uma valeta para deslocar a água a locais mais seguros e remover as infiltrações”, completa o professor. Berberian afirma que, o ideal, seria cercar a região com tapume, mas, por ser um material caro e não garantir tanta proteção, uma cerca de arame resolveria o problema momentaneamente.

O docente destaca haver outro lado na abandonada estrutura. “Há uma reclamação geral da sociedade de Brasília de que há o consumo e venda de drogas no local, e este ponto é perigoso.”

O empresário Antônio Carlos Osório Filho, 58 anos, morou numa região nas proximidades e queixa-se do espaço esquecido. “Além de ser precário, tem um problema de invasões, de moradores em situação de rua que entram e fazem uso de drogas.” Ele entende que, se sair do papel, o parque dará nova vida ao sombrio lugar. “É um projeto que pode ajudar a devolver o valor à área”, pontua.

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O local e os planos

Logo no acesso às ruínas, há dois cachorros guardando a “entrada”. Porém, sem movimentos bruscos, eles permitem a entrada de quem passa. O espaço é dividido entre concreto e mato. É possível ver as ferragens para fora, todas retorcidas e enferrujadas.

Além disso, há concentração de lixo e água parada, o que pode ser foco para doenças ou transmissores da dengue. A Administração Regional do Plano Piloto informou que a área em questão é pública e destinada originalmente à construção da sede da Escola Superior de Guerra, mas, desde 2018, integra o Plano Urbanístico de Uso e Ocupação da Orla do Lago Paranoá (Masterplan), com a previsão de instalação do Parque da Enseada Norte. “A administração regional fará tratativas com os órgãos envolvidos para viabilizar a implantação do parque”, diz a nota.

O Instituto Brasília Ambiental (Ibram) ressaltou que o projeto do futuro parque foi recategorizado em 5 de outubro de 2020, por estar localizado às margens do Lago Paranoá.

“De acordo com o Sistema Distrital de Unidades de Conservação (Lei Complementar n.º 827/2010), essa categoria tem o objetivo de: conservar amostras dos ecossistemas naturais, da vegetação exótica e paisagens de grande beleza cênica; propiciar a recuperação dos recursos hídricos, edáficos e genéticos; recuperar áreas degradadas, promovendo sua revegetação com espécies nativas; incentivar atividades de pesquisa e monitoramento ambiental e estimular a educação ambiental e as atividades de lazer e recreação em contato harmônico com a natureza”, informou o Ibram.

O local das ruínas da UnB está na lista para elaboração do Plano de Manejo, documento técnico que estabelece o zoneamento e as normas que norteiam o uso da área, ou seja, determina as necessidades e o que pode ou não pode ser feito no espaço.

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