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Agente da PF suspeito de induzir esposa ao suicídio é promovido

Agente da Polícia Federal (PF) nega acusação e diz não ter conseguido impedir suicídio porque esposa estava de posse da sua arma de fogo

atualizado

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Polícia Federal
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1 de 1 PF - Foto: Polícia Federal

O agente da Polícia Federal (PF) Altino Ramalho Braga Junior foi promovido à agente de classe especial. Em 2016, ele chegou a ser preso em Minas Gerais suspeito de induzir a esposa, a advogada Abqueila Raupp, a cometer suicídio.

A promoção de Altino, que passará a receber R$ 18 mil, foi oficializada pela diretoria de Gestão de Pessoas da PF. Antes, ele ocupava o posto de agente da primeira classe, com salário de R$ 15 mil.

Na versão da família, Abqueila era vítima de agressões, como socos e coronhadas por parte do marido. A advogada teria enviado uma mensagem à mãe, em Rondônia, pedindo socorro.

Ao chegar a Varginha, ela teria encontrado a filha dopada, supostamente, com uma dose de insulina. Abqueila acabou sendo internada e morreu quatro meses depois, no hospital.

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A coluna conseguiu contato com Altino Ramalho Junior. Pela primeira vez, ele concordou em contar sua versão sobre o caso.

Ele ainda mora em Varginha, na mesma casa onde vivia com Abqueila, e está casado novamente.

O agente lembra que estava aposentado da PF na época da morte da advogada. Um problema na coluna cervical o teria deixado incapacitado para o serviço.

No dia em que a mãe da advogada chegou a Varginha, Abqueila havia tomado uma dose de insulina e várias cartelas de medicamentos controlados. Para Ramalho, ela teria planejado a cena para a chegada da mãe.

Ramalho conta que não conseguiu impedir a esposa de tomar os medicamentos. Ela estaria de posse da arma de fogo do agente. “E ela tinha condições físicas melhores que eu na época, porque eu estava com o problema de coluna”, conta o agente.

Ele acabou sendo preso dias depois da morte de Abqueila. Ficou 55 dias em prisão temporária até ser libertado.

“Eu fui alvo da imprensa na época. Ninguém nunca ouviu a minha versão. Apenas a família dela teve espaço para falar. Nos últimos sete anos, eu passei por muitos transtornos por causa dessa situação. Nunca consegui me recuperar social e profissionalmente”, diz Ramalho.

O processo sobre a morte da advogada continua aberto. De acordo com o agente, um laudo da psiquiatra de Abqueila registra o tratamento contra depressão ao qual ela era submetida.

“Ela se suicidou na minha frente. Eu não pude impedir. Eu acredito que serei impronunciado pela Justiça e não vá a julgamento, porque não há provas”, afirma.

Ramalho teve sua aposentadoria revertida dois anos atrás, depois de tratar o problema na coluna, e foi reintegrado aos quadros da PF.

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