Zendaya mostra a importância do olhar millennial em collab com a Tommy
Além de dar um ar mais elegante às peças da etiqueta americana, artista fez show com casting negro e apresentação de Grace Jones
atualizado
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Anunciada em outubro de 2018, a comentada colaboração da atriz e cantora Zendaya com a Tommy Hilfiger finalmente ganhou vida nas passarelas do Paris Fashion Week, mas o trabalho se mostrou muito mais do que uma simples parceria. O show de lançamento, exibido neste sábado (2/3), no Théâtre des Champs Elysées, foi uma verdadeira celebração à cultura negra, com direito a uma performance icônica de Grace Jones.
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As grifes mais tradicionais aos poucos se adaptam às diversas possibilidades das plataformas digitais, mas entender o público que move essas ferramentas ainda é uma missão difícil para muitas. Dolce & Gabbana, Prada e Gucci são algumas etiquetas que, recentemente, amargaram crises enormes por baterem de frente com os princípios políticos e sociais da geração millennial.
A mais recente colaboração da Tommy Hilfiger com Zendaya mostra que, talvez, a chave para satisfazer o público mais jovem não seja entendê-lo, mas abrigá-lo nas entranhas da empresa. Com apenas uma coleção, essa artista de 22 anos conseguiu a façanha de revolucionar o estilo das roupas, agora mais elegantes; colocar modelos plus-size na passarela da label pela primeira vez, em um casting 100% negro; e reverenciar um dos acontecimentos mais importantes da moda: a Batalha de Versailles.




Segundo Tommy, a escolha de Zendaya para a colaboração pareceu uma ótima opção dentro do que a grife queria após a bem-sucedida parceria com Gigi Hadid. “Ela preencheu todos os requisitos: estrela da Disney, reconhecida na TV, bem-sucedida no cinema, aceita na música, ativista, uma mulher com mente própria e que é um ícone de estilo. Conversamos por telefone e comentei que queria suas ideias, mas o que eu não sabia é que ela tinha uma arma secreta chamada Law”, contou ao WWD.
Law Roach é o stylist que ajudou Zendaya a moldar sua imagem, e neste trabalho ele teve um papel fundamental. “Quando os dois apareceram no Chateau Marmont com esses quadros, comecei a tremer. Os anos 1970 foram minha época e eu sempre quis trazê-los de volta, mas tinha que ser de uma maneira autêntica. Foi exatamente isso que eles nos trouxeram: uma ideia que não acabou nas roupas. Tinha a música, o casting e uma oportunidade para levar essa empresa ao próximo nível”, relatou.





E deu certo. Afinal, Zendaya não só se estabeleceu como uma fashionista destemida nos red carpets como também se tornou uma ativista para todos os seus 54,4 milhões seguidores no Instagram, lançando luz sobre temas que a preocupam, como o Black Lives Matter.
Então, quando chegou a hora de criar um desfile para a ação Tommy x Zendaya, ela fez questão de colocar a cultura negra no DNA do trabalho. O lendário desfile da Batalha de Versailles, de 1973, foi o ponto de partida do show. Na ocasião, estilistas americanos e franceses travaram uma disputa focada em arrecadar fundos para a revitalização do Palácio de Versailles.
Na época, a moda americana era tímida e não se comparava ao mercado francês, mas, curiosamente, os designers americanos ganharam o embate. Yves Saint Laurent, Givenchy, Ungaro, Pierre Cardin e Christian Dior apresentaram trabalhos muito bem executados, mas Halston, Oscar de la Renta, Bill Blass, Stephen Burrows e Anne Klein tinham uma carta na manga.

Em uma cena inédita nas passarelas de Paris, os americanos colocaram 10 modelos negras para desfilar suas peças. Elas posaram, dançaram e mostraram um sex appeal nunca visto pelas maisons francesas, surpreendendo a todos com passos pontuais e sem falhas.
Foi exatamente esse espírito que Zendaya e Law levaram à apresentação da Tommy. Na primeira fila, marcaram presença: Bethann Hardison, uma das modelos que andaram na Batalha de Versailles; Tyra Banks; Janelle Monáe; Yara Shahidi; e Gigi Hadid.
Na passarela, nomes como Beverly Johnson (primeira modelo afro-americana a estrelar a capa da Vogue America), Veronica Webb (primeira mulher negra a ter um grande contrato de cosméticos) e Pat Cleveland (presença indispensável em vários shows da Chanel, Yves Saint Laurent e Valentino) estrelaram o casting, marcado pela diversidade.




Modelos de 18 a 70 anos de idade, de todos os tipos corporais, tiveram seus momentos de destaque, em um clima descontraído que deu uma nova vida às peças setentistas da coleção. As calças amplas, o couro oxblood, as estampas características da era disco e os vestidos de gala ganharam ritmo enquanto todas sorriam, acenavam, brincavam com seus cabelos e faziam poses descontraídas.
Essa, inclusive, é a primeira vez que a Tommy trabalha com roupas de festa. “Não é algo que eles costumam fazer, mas nós queríamos, porque Zendaya é conhecida por seus looks nos tapetes vermelhos. Tem uma pegada Halston com uma pitada de Saint Laurent. Muitos deles são frisados, mas a técnica usada pela equipe da Hilfiger é realmente leve”, afirmou Law.


De todos os lados, a multidão gritava, principalmente quando Pat Cleveland deixou a sala boquiaberta ao fazer seu giro de assinatura, mas ninguém estava preparado para o que eu estava por vir.
Grace Jones, aos 70 anos, fechou a apresentação cantando o hit Pull Up to the Bumper, de 1981. Enquanto a veterana entoava seus versos, as 59 modelos negras apareceram vestindo apenas camisetas e jeans, ao lado de Zendaya, Hilfiger e Roach.


Todas as peças da nova coleção já estão à venda no e-commerce da empresa. Ainda não se sabe se Zendaya continuará com a Tommy na próxima temporada, mas a grife deveria absorver a evolução iniciada pela artista. Ela conseguiu fazer uma mudança realmente positiva na imagem da label. Que as marcas continuem oxigenando a moda com esses olhares mais jovens e cheios de vida!
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Colaborou Danillo Costa