Amaro pede recuperação extrajudicial por dívida milionária
A marca brasileira de moda afirma estar sofrendo com aumento da inflação. Além do e-commerce, a empresa tem 20 lojas físicas
atualizado
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Uma das principais empresas de moda do Brasil, a Amaro entrou, no dia 22 de março, com pedido de recuperação extrajudicial na 3º Vara de Falências e Recuperação Judicial de São Paulo. Após tentativas sem sucesso de buscar investidores para o negócio e renegociar dívidas com credores desde o início do ano, a marca recorreu à Justiça na tentativa de contornar a situação.
A rede quase conseguiu o aporte de um fundo em 2022, mas alega que “a piora do mercado com a alta dos juros e retração dos investimentos em empresas de tecnologia” fez o futuro sócio desistir dos planos. Segundo a empresa, a decisão piorou ainda mais a situação financeira.
De acordo com o processo, as dívidas da marca somam R$ 244,5 milhões. Desse total, R$ 151,8 milhões são dívidas bancárias e R$ 92,8 milhões são débitos com fornecedores.
Dentre os motivos para que o pedido seja concedido rapidamente, a companhia cita ações que sofre na Justiça “que colocam em risco as atividades empresariais, em virtude da iminência de atos de constrição de patrimônio, falência e/ou despejo das lojas”. Por isso, a companhia pede que essas ações sejam suspensas por 180 dias com a homologação do plano.
“A empresa reafirma ainda seu compromisso de continuar entregando um excelente nível de serviço pelo qual é reconhecida e mantém seu posicionamento como ecossistema de lifestyle no mercado premium, focado em moda, beleza e casa”, complementou a companhia em comunicado.
A Amaro é uma empresa de moda brasileira fundada pelo suíço Dominique Oliver. Nativa digital, a marca foi uma das primeiras a promover esse tipo de integração do comércio físico com o on-line. Além da etiqueta própria, o e-commerce funciona como um marketplace e reúne opções de beleza, decoração, bem-estar e estilo de vida.
Assim como outras empresas de tecnologia brasileiras, a Amaro alega que foi afetada pela piora no consumo, devido à baixa liquidez do mercado — medida para conter o avanço da inflação no país.
Em paralelo aos maus ventos que a companhia enfrenta, o crescimento significativo de consumidores de e-commerces como Shein não favorece. Enquanto os preços da Amaro subiram de maneira expressiva no último ano, a rede de fast fashion chinesa oferta produtos por um valor bem inferior, apesar da qualidade não ser a mesma e das acusações por falta de transparência e trabalho escravo.