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Líder do governo vira fiel da balança para votação do PL das Fake News

Presidente da Câmara quer votar urgência do projeto na próxima semana, mas depende do empenho de Ricardo Barros sobre a base do governo

atualizado 03/03/2022 21:57

deputado ricardo barros JP Rodrigues/ Metrópoles

A intenção do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), de votar o requerimento para urgência do projeto de lei das Fake News fez a atenção de lideranças partidárias na Casa se voltar para o líder do governo, deputado Ricardo Barros (PP-PR).

A avaliação de lideranças ouvidas pela coluna é de que a atuação do líder do governo na Câmara será novamente decisiva para a aprovação ou não da proposta, que vai contra as ambições do presidente Jair Bolsonaro e de grande parte de seus apoiadores.

Segundo essas lideranças, tudo dependerá do quanto Barros estará “empenhado” em aprovar o projeto. A dúvida é se, diante da oposição de Bolsonaro, o líder do governo repetirá o script que possibilitou a aprovação pela Câmara do projeto que regulamentou jogos de azar .

Na ocasião, apesar de o presidente se colocar publicamente contra ao projeto, Barros liberou a base do governo tanto no requerimento de urgência quanto na votação do mérito do texto no plenário da Câmara. O líder limitou-se a informar que Bolsonaro vetará a proposta, caso ela também seja aprovada no Senado.

Procurado pela coluna nessa quinta-feira (3/3) para comentar a estratégia para a votação do projeto das Fake News, relatado pelo deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP), Ricardo Barros disse apenas que está ainda “negociando” alterações no texto.

Parlamentares que acompanham as negociações sobre o projeto afirmaram à coluna que o presidente da Câmara deve se reunir, nos próximos dias, com o líder do governo na Casa e com o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, para debater a estratégia sobre o projeto.

Resistência

Em outra frente, o relator Orlando Silva tem se reunido com as bancadas da Câmara para debater o projeto. Mas tem encontrado resistências.

A Frente Parlamentar Mista de Economia e Cidadania Digital, coordenada pela deputada Luísa Canziani (PTB-PR),  também tem feito encontros com deputados para apontar possíveis problemas no texto. A bancada até mesmo fez circular uma carta com pontos considerados problemáticos do projeto.

Deputados da frente argumentam que o projeto é muito mais amplo, chegando a ser quase um “marco para Big Techs”. A proposta, alegam esses parlamentares, englobaria interesses de diversos setores e tem forte oposição das principais empresas da internet.

A Frente Parlamentar Digital avalia que, do jeito que está, o texto de Orlando Silva proíbe a publicidade direcionada na internet, uma das principais fontes de renda das redes sociais, o que prejudicaria especialmente pequenos anunciantes.

Os integrantes da frente também argumentam que o texto traz incentivos para a criação de conteúdo “duvidoso”, ao obrigar a remuneração por divulgação de conteúdo jornalístico.

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