Empresário alvo do STF em inquérito das milícias digitais doa a Tarcísio
Meyer Joseph Nigri foi investigado pelo STF por integrar um grupo de empresários bolsonaristas em que foi defendido um golpe de Estado
atualizado

O empresário Meyer Joseph Nigri, investigado pelo STF por integrar um grupo de empresários bolsonaristas em que foi defendido um golpe de Estado caso Lula ganhe a eleição, doou R$ 50 mil para a campanha de Tarcísio de Freitas em São Paulo. O depósito, feito via PIX, foi na segunda-feira (11/10).
O empreiteiro, fundador da construtora Tecnisa, foi alvo de uma operação da Polícia Federal, com outros sete empresários, no âmbito do inquérito das milícias digitais. Nigri é um dos empresários mais próximos do governo federal e de Jair Bolsonaro.
Nas mensagens do grupo revelado pela coluna, o empresário não era um dos que defendia um golpe. Ele atacava ministros do Supremo Tribunal Federal, as urnas eletrônicas e defendia a contagem paralela dos votos nas eleições.
Na época da reportagem, procurado pela coluna, Nigri disse que pode “ter repassado algum WhatsApp” que recebeu. “Isso não significa que eu falei ou concorde”, afirmou. “Já estou deixando claro que não afirmei nada disso. Só repassei um WhatsApp que recebia”.

Tarcísio Gomes de Freitas, nascido em 1975, é um engenheiro, político e militar da reserva. Natural do Rio de Janeiro, Freitas é ex-ministro da Infraestrutura do Brasil e o preferido de Bolsonaro para o governo de São Paulo Rafaela Felicciano

Servidor de carreira vinculado à consultoria legislativa da Câmara dos Deputados, Freitas também é formado pela Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), a mesma frequentada por Bolsonaro Rafael Carvalho/Governo de transição

Em 2011, chegou a cúpula do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit), durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff, e mais tarde, em 2014, assumiu o comando do órgão Agência Brasil

Após o impeachment de Dilma, Tarcísio de Freitas passou a atuar na Secretaria Especial do Programa de Parcerias de Investimento (PPI). Já no governo Bolsonaro, o político assumiu o comando do ministério da Infraestrutura do Brasil Marcelo Camargo/Agência Brasil

No fim de março de 2022, no entanto, Freitas deixou o ministério para se lançar pré-candidato ao governo de São Paulo pelo Partido Republicanos. Ele tem o total apoio do atual presidente da República Alan Santos/PR

Católico fervoroso e apoiador de Bolsonaro, o ex-ministro chegou a afirmar que Jair “não só foi escolhido pela população brasileira, mas também foi escolhido por Deus” Igo Estrela/ Metrópoles

Tarcísio é conhecido por ser alguém impaciente e que enfrenta qualquer pessoa que não concorde com ele Coluna Guilherme Amado/Metrópoles

Enquanto trabalhava como secretário do PPI e tentava conseguir a concessão da Rodoviária de Integração do Sul (RIS), por exemplo, auditores não quiseram liberá-la, pois enxergavam irregularidades no edital. O ex-ministro por sua vez, irritado, acusou o TCU de levantar suspeitas sem prova Alan Santos/PR

“Os auditores do TCU não são os papas do universo. Tem muito absurdo nesse relatório, faz insinuações e não apresenta evidências. Estamos seguros do que colocamos lá e vamos nisso até o fim”, disse Freitas à época Fábio Vieira/Metrópoles

Recentemente, declarações do pré-candidato ao governo de São Paulo irritaram policiais paulistas. Isso porque em entrevista ao canal do YouTube Money Report, Freitas afirmou que a segurança pública do estado havia ruído e que um dos motivos para isso seria um suposto pacto com o crime organizado Divulgação

Alberto Ruy/MInfra

Além disso, o deputado também criticou o destino político de Tarcísio, que quer o governo de SP, mas é do Rio de Janeiro Rafaela Felicciano/Metrópoles

Desde eleito, o presidente Jair Bolsonaro (PL) tem travado grandes embates com a Justiça Eleitoral. Ele é, juntamente com aliados, uma das principais vozes no questionamento do processo brasileiro Felipe Menezes/Metrópoles

A troca de farpas preocupa. Em tentativa de minimizar os conflitos, o ministro Luiz Fux, inclusive, tentou realizar reunião entre os três Poderes. Contudo, logo voltou atrás e cancelou o encontro declarando que o presidente da República insiste em atacar integrantes do STF e colocar sob suspeição o processo eleitoral brasileiro Igo Estrela/Metrópoles

A declaração de Fux foi feita após Bolsonaro voltar a ameaçar a realização das eleições de 2022 Rafaela Felicciano/Metrópoles

“É uma resposta de um imbecil. Lamento falar isso para uma autoridade do STF. O que está em jogo é o nosso futuro e a nossa vida, não pode um homem querer decidir o futuro do Brasil na fraude”, disse o presidente Reprodução

“Não tenho medo de eleições. Entrego a faixa para quem ganhar no voto auditável e confiável. Dessa forma, corremos o risco de não termos eleições no ano que vem”, declarou Rafaela Felicciano/Metrópoles

Durante as lives semanais, o assunto é recorrente. Bolsonaro prometeu que apresentaria, em uma delas, prova de fraudes eleitorais que supostamente ocorreram em 2014. No entanto, acabou alegando que “não tem como comprovar que as eleições foram fraudadas” e, mesmo assim, prosseguiu atacando o sistema eleitoral Reprodução/Youtube

Em resposta, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aprovou, por unanimidade, portaria da Corregedoria-Geral da Justiça Eleitoral para a instauração de um inquérito administrativo contra Bolsonaro. Além disso, pediram ainda que o incluíssem em outro inquérito, o das fake news Igo Estrela/Metrópoles

Bolsonaro, por sua vez, criticou o inquérito e ameaçou o STF. “O meu jogo é dentro das quatro linhas, mas se sair das quatro linhas, sou obrigado a sair das quatro linhas. O Moraes, ele investiga, ele pune e ele prende. Se eu perder as eleições vou recorrer ao próprio TSE? Não tem cabimento”, afirmou em entrevista ao canal da Jovem Pan Igo Estrela/Metrópoles

Após a declaração de Bolsonaro, Alexandre de Moraes postou no twitter que “ameaças vazias e agressões covardes não afastarão o STF de exercer sua missão constitucional de defesa e manutenção da democracia e do Estado de direito” Daniel Ferreira/Metrópoles

Jair Bolsonaro reclamou da retirada de veículos blindados Rafaela Felicciano/Metrópoles

Como consequência da ação, o TSE enviou ao STF uma notícia-crime contra o presidente Vinícius Santa Rosa/Metrópoles

Recentemente, o conflito entre Jair e o TSE ganhou novos capítulos. Isso porque Bolsonaro passou a estimular um clima de disputa entre o TSE e as Forças Armadas Cleber Caetano/Presidência da República

Durante lives semanais, o chefe do Executivo federal acusou o TSE de “carimbar como confidenciais” sugestões dos militares para aprimorar a segurança das urnas eletrônicas e voltou a colocar em dúvida a segurança do sistema de contagem dos votos Igo Estrela/Metrópoles