metropoles.com

Colégio do DF é acusado de demitir professores por crítica a Bolsonaro

Alunos dizem que dois professores que trabalhavam há anos no colégio Leonardo da Vinci foram demitidos após criticarem o governo em sala

atualizado

Compartilhar notícia

Myke Sena/Especial para o Metrópoles
leonardo da vinci
1 de 1 leonardo da vinci - Foto: Myke Sena/Especial para o Metrópoles

Alunos do colégio Leonardo da Vinci, uma das principais escolas particulares de Brasília, acusam a direção da instituição de ter demitido dois professores por motivações políticas. Os docentes teriam criticado o governo de Jair Bolsonaro em sala. Procurado, o colégio negou que essa tenha sido a razão.

Foram demitidos na semana passada um professor de física que trabalhou por mais de 20 anos no colégio e um professor de geografia e atualidades que estava na escola há pelo menos 15 anos.

Alunos e ex-alunos estão protestando desde a quarta-feira (15/12) nos comentários de uma postagem que a escola fez para recordar o Dia Internacional Contra a Corrupção. A maioria dos comentários contém críticas à direção da escola e a Bolsonaro.

À coluna, a diretora de recursos humanos e compliance do colégio Leonardo Da Vinci, Édina Botelho, disse que “esse questionamento feito pelos alunos não tem o menor fundamento” e que “a escola não usa os critérios de preferências político-partidárias nem para contratações nem para desligamentos”.

“A escola é apartidária e pedimos durante o ano para que os colaboradores não se posicionem politicamente. Mesmo que os professores tenham recebido avisos em algum momento, isso é motivo para advertir, mas não para desligar. A decisão de desligar um profissional é amadurecida durante meses e passa por discussão num fórum de diretoria. Em nenhum momento foi levantada a questão de posicionamento político”, disse a diretora.

Segundo os alunos, as demissões ocorreram após reclamações feitas por pais sobre os professores.

Na primeira aula do ano, o professor de física demitido contou para os alunos em uma aula virtual que precisou de três meses para se recuperar da Covid-19 e que sua mulher quase tinha morrido ao contrair o vírus. Na ocasião, o docente disse que o Brasil passava por um “caos sanitário” porque o país não tinha se empenhado em comprar vacinas.

Uma mãe que acompanhava a aula procurou o colégio para reclamar que o professor estaria tratando de assuntos políticos em sala. A direção do colégio teria chamado a atenção do docente após ser acionada.

Outros comentários do docente ao longo do ano teriam provocado reclamações da mesma mãe. Em uma aula mais recente, o professor explicava como uma termoelétrica funcionava e abordou o impacto que a crise hídrica teve na geração de energia nas hidrelétricas. O professor mencionou que uma das causas da estiagem era o desmatamento dos biomas brasileiros e apresentou dados oficiais para dizer que o Pantanal e a Amazônia registraram recordes de queimadas em 2019 e 2020. A direção da escola foi acionada mais uma vez e teria repreendido o professor.

Já o professor de geografia e atualidades teria sido alvo, segundo os alunos, de reclamações de pais durante todo o ano letivo por tratar de temas relacionados ao governo.

A coluna não conseguiu contato com os docentes.

(Atualização às 18h52 do dia 17 de dezembro de 2021 – O colégio Leonardo da Vinci emitiu uma nota declarando que “decisões ligadas a desligamentos de colaboradores passam por uma análise criteriosa dos gestores”, e que demissões são fundamentadas a partir do desempenho profissional, das novas demandas educacionais, da análise do quadro de funcionários e da implementação do novo ensino médio. “Lamentamos profundamente as atitudes manifestadas de forma equivocada nas redes sociais”, diz o comunicado, assinado pelo fórum de diretoria da escola.)

Já leu todas as notas e reportagens da coluna hoje? Clique aqui.

Siga a coluna no Twitter e no Instagram para não perder nada.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comGuilherme Amado

Você quer ficar por dentro da coluna Guilherme Amado e receber notificações em tempo real?