Líder dos caminhoneiros, Wanderlei Alves, conhecido como Dedeco, anunciou nesta quinta-feira (10/3) paralisações do setor em pelo menos quatro estados contra o aumento de até 24,9% imposto pela Petrobras ao preço de gasolina, diesel e gás. Dedeco citou paralisações em São Paulo, Paraná, Mato Grosso e Pará, começando nesta quinta-feira (10/3) e nesta sexta-feira (11/3).
Segundo Dedeco, protestarão com paralisações o Sindicato Nacional dos Cegonheiros (Sinaceg), em São Bernardo do Campo (SP) e o Sindicato dos Transportadores Rodoviários de Veículos Automotores (Sintravam), em São José dos Pinhais (PR).
O caminheiro que conduziu a greve de caminhoneiros em 2018 disse ainda que caminhoneiros de Sinop (MT) prometeram parar caminhões na BR-163 na cidade, além de Rondonópolis (MT) e Novo Progresso (PA). A rodovia federal corta o país do Rio Grande do Sul ao Pará. Em um comunicado, caminhoneiros afirmam que não impedirão a passagem de ônibus, ambulâncias, alimentos perecíveis ou automóveis.
“Bolsonaro trata os caminhoneiros como otários e vai encarar uma greve sem precedentes. Agora Bolsonaro vem com conversa pedindo para o Congresso aprovar subsídio para o diesel? Isso vai sair da segurança, da saúde, da educação. Bolsonaro tem de peitar os investidores da Petrobras e olhar para o povo brasileiro. Esse aumento absurdo vai refletir nas prateleiras, a população também vai sofrer”, afirmou Dedeco, acrescentando:
“Passou de todos os limites. Bolsonaro não cumpre a promessa de acabar com o preço de paridade da Petrobras. Se Bolsonaro não tem coragem para resolver o problema, nós temos coragem para parar”.
Nesta quinta-feira (10/3), a Petrobras anunciou um mega-aumento de até R$ 0,54 no preço do litro da gasolina, que subiu 18,8%. O diesel ficará 24,9% mais caro, o que atinge em cheio os caminhoneiros. Como desde 2016 a estatal acompanha os preços do petróleo no mercado internacional, o país sentirá a disparada do petróleo provocada em meio à guerra entre Rússia e Ucrânia.

O preço da gasolina tem uma explicação! Alguns índices são responsáveis pelo valor do litro de gasolina, que é repassado ao consumidor na hora de abastecerGetty Images

Há quatro tributos que incidem sobre os combustíveis vendidos nos postos: três federais (Cide, PIS/Pasep e Cofins) e um estadual (ICMS)Getty Images

No caso da gasolina, de acordo com dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a composição do preço nos postos se dá por uma porcentagem em cima de cada tributoGetty Images

O preço na bomba incorpora a carga tributária e a ação dos demais agentes do setor de comercialização, como importadores, distribuidores, revendedores e produtores de biocombustíveisGetty Images

Além do lucro da Petrobras, o valor final depende das movimentações internacionais em relação ao custo do petróleo, e acaba sendo influenciado diretamente pela situação do real – se mais valorizado ou desvalorizadoGetty Images

A composição, então, se dá da seguinte forma: 27,9% – tributo estadual (ICMS); 11,6% – impostos federais (Cide, PIS/Pasep e Cofins); 32,9% – lucro da Petrobras; 15,9% – custo do etanol presente na mistura e 11,7% – distribuição e revenda do combustívelGetty Images

O disparo da moeda americana no câmbio, por exemplo, encarece o preço do combustível e pode ser considerado o principal vilão para o bolso do consumidor, uma vez que o Brasil importa petróleo e paga em dólar o valor do barril, que corresponde a mais de R$ 400 na conversão atual Getty Images

A alíquota do ICMS, que é estadual, varia de local para local, mas, em média, representa 78% da carga tributária sobre álcool e diesel, e 66% sobre gasolina, segundo estudos da FecombustíveisGetty Images