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“UnB não parou na crise e nem vai parar”, garante a reitora Márcia Abrahão

Em entrevista à Grande Angular, a primeira mulher a comandar a Universidade de Brasília fez um balanço dos 4 anos do primeiro mandato

atualizado

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Daniel Ferreira/Metrópoles
Reitora da UNB Márcia Abrahão durante entrevist
1 de 1 Reitora da UNB Márcia Abrahão durante entrevist - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

Os primeiros dias de Márcia Abrahão no comando da Universidade de Brasília (UnB), em 2016, foram distantes do gabinete destinado aos titulares do cargo. O prédio da reitoria da instituição estava ocupado por estudantes. Os alunos protestavam contra o projeto de lei que estabeleceu o teto de gastos públicos, cortando investimentos da União em universidades e institutos federais de educação.

Essa foi só uma das turbulências enfrentadas pela primeira mulher à frente da maior universidade da capital do país ao longo dos quatro anos de gestão. No próximo dia 22 de novembro, chega ao fim o primeiro mandato como reitora de Márcia Abrahão, professora titular do Instituto de Geociências da Universidade de Brasília.

A data é, também, o prazo final para a nomeação da nova reitoria da instituição. A escolha cabe ao presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), a partir de lista tríplice elaborada pelo Conselho Universitário (Consuni) da UnB.

A comunidade acadêmica optou, em consulta pública, pela recondução da reitora. Márcia venceu em primeiro turno, com 54% dos votos, a eleição que contou com a participação de alunos, professores e servidores da universidade. É ela quem encabeça a lista tríplice, seguida por Olgamir Amancia Ferreira, da Faculdade UnB Planaltina (Fup), e por Germana Henriques Pereira, do Instituto de Letras (IL).

Em entrevista à Grande Angular, Márcia fez uma balanço dos quatro anos no comando da UnB. Além do enfrentamento das sucessivas crises – de racionamento de água no Distrito Federal até a pandemia do novo coronavírus –, também houve vitórias, como a melhora dos índices acadêmicos nacionais e internacionais da instituição.

Confira a entrevista:

GA: Nos últimos anos, a UnB avançou em indicadores de rankings mundiais. A que se deve essa mudança?

Márcia Abrahão: Foi um investimento de longo prazo. Fizemos um programa de internacionalização da UnB. Trouxemos professores de fora, aumentamos as publicações em revistas científicas. Sempre prezando pela excelência acadêmica.

GA: A UnB também passou a figurar na lista de universidades mais empreendedoras do país. Como foi esse esforço?

Márcia Abrahão: Ampliamos nossa relação com o setor produtivo. Uma das medidas foi simplificar a tramitação dos processos internos para estabelecer parcerias. Também criamos um decanato de Pesquisa e Inovação.

GA: Ao longo desses quatro anos, a UnB não escapou de crises que afetaram as universidades, os brasilienses e o mundo – no caso do novo coronavírus. Como esses momentos foram enfrentados?

Márcia Abrahão: Foi tudo com muita emoção. Assumi com reitoria da UnB ocupada (fotos abaixo). Logo veio a crise hídrica, enfrentamos os cortes orçamentários – no nosso primeiro ano de gestão, a redução das verbas foi de quase 50% – e a Covid-19.

Buscamos o diálogo com a comunidade, mesmo quando foi necessário adotar medidas difíceis. Mas a UnB não parou e nem vai parar.

Concluímos obras, melhoramos espaços, como laboratórios, e a segurança, com a instalação de câmeras. Modernizamos a biblioteca, que está toda automatizada. E seguimos. Assinamos recentemente contrato para a construção do novo prédio de medicina.

 

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GA: E quais são os próximos desafios? Como será a retomada das atividades presenciais na UnB?

Márcia Abrahão: Nosso maior desafio é, sem dúvidas, a retomada diante da pandemia do novo coronavírus. Há atividades que não dá mais para adiar e que não podem ser feitas remotamente como, por exemplo, pesquisas em laboratórios de microscopia. Para isso, estamos realizando estudos e adequações dos espaços. A Faculdade de Arquitetura está à frente de um estudo para classificar os espaços da UnB de acordo com os riscos de contaminação. E, nesse momento, estamos discutindo a presencialidade das atividades práticas, o que vamos reabrir e quais as providências necessárias.

GA: E quais são os impactos da pandemia na vida acadêmica?

Márcia Abrahão: Acreditamos que os próximos dois anos serão de superação e readequação da vida acadêmica. Está sendo discutido pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) como será o segundo semestre de 2020, que começará em 1ª de fevereiro de 2021. Mas acreditamos que 2021 será predominantemente remoto. Fizemos um grande esforço para ouvir os estudantes e oferecer as ferramentas para que eles possam continuar estudando à distância. Mas, mesmo assim, não paramos. Temos alunos se formando e novos estudantes. Recentemente, chamamos aprovados pelo Programa de Avaliação Seriada (PAS) e abrimos as inscrições para a seleção com nota do Enem.

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