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Deputados do PSol pedem investigação de Damares após relato chocante

Damares revelou, em igreja evangélica, que crianças são traficadas por meio da Ilha do Marajó e passam por situações desumanas

atualizado

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Fotografia colorida de mulher com camiseta do Brasil discursando com microfone na mão esquerda
1 de 1 Fotografia colorida de mulher com camiseta do Brasil discursando com microfone na mão esquerda - Foto: Reprodução

Os deputados distrital Fábio Felix (PSol-DF) e federal Henrique Vieira (PSol-RJ) pediram ao Ministério Público Eleitoral que investigue a senadora eleita Damares Alves (Republicanos-DF) por um discurso chocante em igreja evangélica durante campanha à reeleição de Jair Bolsonaro (PL).

Os parlamentares do PSol e um grupo de advogados apontam que Damares teria cometido crime eleitoral, violência política e prevaricação ao revelar crimes graves contra crianças e indicar Bolsonaro como a única opção para salvar as vítimas.

“O inferno se levantou contra Bolsonaro”, diz Damares Alves em igreja

Na Assembleia de Deus Ministério Fama, em Goiânia (GO), Damares falou sobre tráfico de crianças brasileiras para outros países, por meio da Ilha do Marajó (PA). Ela disse ter tido acesso aos fatos enquanto era ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.

Damares e outras apoiadoras de Bolsonaro fazem uma peregrinação pelo país em campanha à reeleição do presidente, por meio do grupo chamado Mulheres com Bolsonaro. Goiânia foi a primeira capital visitada por elas.

No discurso, feito no último sábado (8/10), Damares contou que crianças traficadas têm dentes arrancados, para não machucar estupradores, e comem comida pastosa “para o intestino ficar livre para a hora do sexo anal”. Ela disse que Bolsonaro determinou ações contra o tráfico, “e o inferno se levantou contra ele”. “A guerra contra Bolsonaro que a imprensa, o Supremo e o Congresso levantaram, acreditem, não é uma guerra política. É uma guerra espiritual”, afirmou.

Em representação enviada ao MP Eleitoral, os deputados do PSol e os advogados pedem a exclusão do vídeo do discurso de Damares das redes sociais.

Segundo os autores da representação, as palavras da senadora eleita “extrapolam uma mera fala em templo religioso e tratam-se de manipulação do direito e da liberdade de votar com o fito de atingir a integridade eleitoral mediante uso de violência psicológica”.

“No conteúdo veiculado, além da disseminação de informações manifestamente inverídicas relatando o cometimento de crimes bárbaros e deixando implícito um envolvimento de governos anteriores e do grupo político adversário, a senhora Damares Alves faz o claro uso eleitoral da disseminação dessas informações na tentativa de provocar artificialmente profunda indignação e engajamento na audiência”, diz trecho da representação.

MPF

Na segunda-feira (10/10), o Ministério Público Federal (MPF) cobrou do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos que todos os detalhes descobertos sobre o tráfico de crianças relatado por Damares sejam encaminhados ao órgão para tomar as providências cabíveis. O ofício foi encaminhado à secretária-executiva da pasta, Tatiana Barbosa de Alvarenga.

O documento exige que a pasta federal “informe quais providências tomou ao descobrir os casos e se houve representação [denúncia] ao Ministério Público ou à polícia”.

CPI

Em nota, o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos informou que as afirmações prestadas por Damares tem base em “numerosos inquéritos já instaurados, que dão conta de uma série de fatos gravíssimos praticados contra crianças e adolescentes”.

Em relação ao caso de Marajó, segundo a pasta, houve a criação do programa Abrace o Marajó “como resposta à vulnerabilidade social, econômica e ambiental que caracteriza uma porção expressiva da Amazônia brasileira”.

“As denúncias recebidas pela ONDH [Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos] são encaminhadas aos órgãos competentes e, posteriormente, monitoradas, para assegurar o bom andamento das demandas. Os dados coletados auxiliam, entre outras ações, nas operações integradas, a exemplo da Parador 27 — contra a exploração sexual de crianças e adolescentes”, destacou o ministério.

Nesta terça-feira (11/10), Damares Alves disse à coluna Grande Angular que ela e o senador eleito Magno Malta (PL-ES) vão propor uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) mista para investigar o tráfico e o desaparecimento de crianças nas fronteiras do Brasil.

A coluna apurou que as deputadas Silvia Waiãpi (PL), do Amapá; Antônia Lúcia Câmara (Republicanos), do Acre; e o senador Alan Rick (União Brasil), também do Acre, manifestaram interesse em integrar a CPI.

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