Você já despertou durante a madrugada com o pijama e os lençóis encharcados (ou úmidos)? Ou acordou pela manhã sentindo como se estivesse “se exercitado” enquanto dormia? Sim, essa sensação não é nada agradável. E se esse episódio se tornar recorrente em sua rotina, talvez seja hora de procurar respostas.

Por mais que a sudorese durante o sono seja algo, no mínimo, estranho, é importante saber que há, sim, pessoas que passam por essa situação, seja por uma resposta lógica do corpo em determinadas circunstâncias, seja por causas que merecem ser investigadas e tratadas.

No entanto, de acordo com o neurologista especialista em sono Nonato Rodrigues, em condições normais de temperatura, a transpiração não é comum. “A sudorese durante o sono pode corresponder a fatores externos, como a temperatura do ambiente, ou internos, no caso da febre, por exemplo”, diz ele.

Em que ponto essa condição pode ser motivo de preocupação?

O médico explica que, quando o suor foi excessivo enquanto dormimos — e estiver acompanhado de fenômenos como roncos e pausas respiratórias —, deve procurar um profissional, pois esse quadro pode representar Síndrome da Apneia de Sono, onde é comum a sudorese.

Segundo o Ministério da Saúde, metade dos brasileiros sofre com alguma dificuldade para dormir, e a síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS) é uma das causas, acometendo cerca de 33% da população adulta no Brasil.

A doença é “o distúrbio no qual o indivíduo sofre breves e repetidas interrupções da respiração enquanto dorme”, conforme descreve o Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.

O problema, nessas horas, é que é durante o sono que o organismo humano se recupera dos desgastes físicos e mentais do dia. Por isso, não dormir bem prejudica a reabilitação mental e faz o cansaço acumular.

De acordo com a Academia Americana de Medicina do Sono, se não for tratada, a síndrome pode provocar hipertensão, doença cardíaca, diabetes tipo 2 ou depressão e, até mesmo, uma morte prematura.

Simples de resolver

Por outro lado, fatores simples como o calor e a umidade do ambiente podem ser o verdadeiro motivo pelo qual suamos durante a madrugada. Está aí a importância de preparar-se bem antes de deitar. “Confira a ventilação no quarto, use roupas leves e evite atividades físicas estressantes próximo ao horário de dormir”, sugere o neurologista.

Manter o quarto fresco, em torno de 18 graus, abrir a janela ou ligar o ventilador são táticas que podem ajudar. Já no quesito roupas de cama e pijamas, recomenda-se optar por tecidos respiráveis ​​e absorventes de umidade, como lã, linho, viscose de bambu, lyoncell e cânhamo. Evite tecidos como poliéster, nylon e algodão.

Xô, estresse e ansiedade!

Se você liga frequentemente com a ansiedade e o estresse, então saiba que ambas essas peculiaridades interferem, sim, na sudorese do sono. Segundo o neurologista, eles levam a um aumento de atividade do sistema nervoso simpático, com a liberação de neurotransmissores como adrenalina, que contribuem para o aumento da temperatura corporal.

Um truque é reservar um tempo para relaxar antes de se deitar, como rituais calmantes e evitar a exposição às telas.

Medicamentos

Alguns medicamentos têm como efeito colateral o aumento da transpiração, especialmente os antidepressivos ou os de tratamento para diabetes.

A seguir, Nonato Rodrigues lista 8 tipos de remédios que podem ocasionar esse efeito:

1. Comprimidos para a pressão arterial;
2. Analgésicos;
3. Antibióticos;
4. Antidepressivos;
5. Remédios gastrointestinais;
6. Remédios dermatológicos;
7. Comprimidos para diabetes;
8. Reposição hormonal.

Por fim, se a sudorese tem sido recorrente em suas noites de descanso, procure um especialista em medicina do sono. “A partir daí, ele pode encaminhar o paciente para uma área específica, caso necessário”, afirma o profissional.

Para saber mais, siga o perfil da coluna no Instagram.