O posto de mulher mais rica do mundo é ocupado por Françoise Bettencourt Meyers. Segundo a revista Forbes, a herdeira da L’Oréal acumula um patrimônio de US$ 80,5 bilhões, o equivalente a R$ 391 bilhões. Entretanto, até a magnata conquistar toda essa fortuna, houve uma polêmica envolvendo a sua mãe, Liliane Bettencourt. A história cheia de reviravoltas virou o enredo de uma série de sucesso na Netflix.

Intitulado de A Bilionária, o Mordomo e o Namorado, o seriado documental detalha a trajetória de Liliane e Françoise, filha e neta, respectivamente, do fundador da L’Oréal, Eugène Schueller. Digno de filme, o escândalo movimentou a França entre os anos de 2007 e 2013. Inclusive, “estilhaços da bomba” recaíram em Nicolas Sarkozy, à época presidente francês.

Caso tenha recebido recomendações a respeito da série, mas está em dúvida sobre assistir ou não, a Coluna Claudia Meireles te mostra os motivos para dar o play ao discorrer alguns pontos importantes da história das herdeiras Bettencourt. Mãe e filha cravaram uma batalha judicial enquanto controvérsias vieram à tona.

Liliane Bettencourt morreu aos 94 anos, em 2017. Na data do falecimento, o patrimônio líquido dela atingia a bagatela de US$ 39,5 bilhões, ou seja, R$ 191,9 bilhões. A herdeira passou os últimos anos de vida em uma disputa na Justiça contra a única filha, que alegava que a mãe era manipulada e sofria com problemas de saúde mental incapacitantes.

Infância difícil

Nascida em Paris, Liliane não passou por uma infância fácil. Ela tinha 5 anos quando a mãe, Louise Madeleine Berthe, morreu. A garota foi criada por freiras dominicanas. Questionada uma vez sobre o sentimento relacionado à falta materna, a herdeira da L’Oréal destacou: “Um buraco vazio que nada jamais poderia preencher”.

Órfã de mãe, Liliane enfrentou também a ausência paterna, já que Eugène Schueller era severo, metódico e workaholic. O empresário costumava acordar às 4h para trabalhar. Quando a filha completou 15 anos, ele resolveu levá-la para as fábricas da L’Oréal. Na ocasião, a jovem passou a colar rótulos em embalagens de produtos.

Casamento

Em 1950, Liliane selou a união com o político André Bettencourt. Ele atuou em vários governos da França e colaborou com o mandato dos presidentes Charles de Gaulle e Georges Pompidou. Três anos depois da troca das alianças, o casal teve a única filha, Françoise. Já o fundador da L’Oréal morreu em 1957, quando Liliane tinha 36 anos.

Primeira herdeira a assumir o comando da empresa familiar, Liliane era a principal acionista, com 32,99% das ações, do grupo. Declarada por vezes pela revista Forbes como a mulher mais rica do mundo, ela viu a vida virar ao avesso após a morte do marido. André Bettencourt faleceu em 2007. A partir de então, a magnata começou o Caso Banier.

Embate entre mãe e filha

O duelo entre as mulheres Bettencourt começou em 2008. A filha entrou na Justiça para impedir a mãe de tomar qualquer decisão na empresa. No pedido, Françoise alegou que Liliane poderia prejudicar as finanças da L’Oréal. A razão para interditá-la era por ser vítima de manipulação de pessoas próximas, principalmente do fotógrafo François-Marie Banier.

Caso tenha ligado os pontos, François-Marie é o namorado, responsável por ganhar um “espacinho” no título da série, enquanto Liliane está associada ao termo bilionária. E falando em dinheiro, ele chegou a receber em torno de US$ 1 bilhão da magnata da beleza “sem motivo aparente”. Os dois se conheceram em uma sessão de fotos em 1987.

Casada com André, Liliane deu início a um caso extraconjugal com François-Marie. O fotógrafo era 25 anos mais novo do que a empresária e, inclusive, chegou a pedir para ser adotado por ela. Alguns informantes frisaram que o “namorado” havia se assumido homossexual, ponto usado por Françoise para embasar que a relação amorosa da mãe era uma farsa.

Enquanto algumas pessoas próximas afirmavam que Liliane e François-Marie mantinham uma relação amorosa, outros garantiam que o laço não passava de amizade, regada a presentes de luxo por parte dela. Para onde a bilionária ia, levava o fotógrafo a tiracolo. O vínculo passou a estampar as manchetes com a expressão Caso Banier, sobrenome do fotógrafo.

Mordomo

Caso tenha se perguntando em qual parte entra o mordomo, pois ele foi o responsável por gravar secretamente conversas privadas de Liliane Bettencourt. Ao divulgar os conteúdos, Pascal Bonnefoy abriu uma “caixa de pandora”. O colaborador ficou indignado com o quanto a patroa era manipulada por François-Marie Banier.

Em busca de provar as artimanhas do fotógrafo, Bannefoy escondia um gravador nas bandejas de chás, servidos na hora que Liliane recebia visitas. O mordomo capturou não só acusações contra François-Marie, mas também declarações sobre supostas violações de financiamento de campanha de Nicolas Sarkozy para a presidência da França, em 2007.

Os áudios renderam investigações e as queixas contra o então presidente da França foram retiradas em 2013. Feitas por Bannefoy, as gravações serviram de embasamento para Françoise Bettencourt interditar a mãe judicialmente. Deu certo, visto que um juiz concedeu total poder à herdeira e a dois netos da bilionária em 2011.

Detentores da guarda dos interesses de Liliane, os netos envolvidos no caso são os dois filhos de Françoise, Nicolas Meyers e Jean-Victor Meyers. À época, o fotógrafo François-Marie foi acusado de “abuso de situação de fraqueza”, razão para a pena de três anos de prisão, cumpridos em liberdade. Atualmente, o “namorado” está com 76 anos.

Série

Dividida em três episódios de mais de 48 minutos, a série documental A Bilionária, o Mordomo e o Namorado traz a seguinte descrição: “Como um conflito entre uma das mulheres mais ricas do mundo e sua filha virou um escândalo nacional na França? Esta série documental explica tudo”. Liliane morreu em 2017, já Françoise está com 70 anos.

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