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Bailarina do Faustão sobre prisão em SC: “Nem um cachorro se trata assim”

Em entrevista exclusiva, Natacha Horana nega as acusações e afirma que vai processar o Governo do Estado de Santa Catarina

atualizado

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Reprodução/ Instagram
Natacha Horana
1 de 1 Natacha Horana - Foto: Reprodução/ Instagram

Após ser detida sob acusação de desacato e agressão contra a guardas municipais de Balneário Camboriú, em Santa Catarina, a bailarina do Faustão Natacha Horana, de 28 anos, procurou a Coluna do Leo Dias para apresentar sua versão dos fatos.

A este colunista, Natasha afirmou que não hão cometeu nenhum dos crimes. Ao contrário, ela acusa os agentes de segurança de agredi-la — “Estou toda roxa. Tenho marcas dele. Meu pescoço está roxo. Ele agiu de má-fé — e garante que vai processar o Governo do Estado de Santa Catarina.

Confira a entrevista exclusiva e, ao fim, o posicionamento da Prefeitura de Balneário Camburuí sobre o fato.

Leo Dias – Boa tarde, Natacha.

Natacha Horana – Boa tarde. Eu nem sei se vou conseguir conversar porque eu não paro de me tremer, não paro de chorar. Toda vez que recebo uma mensagem ou um vídeo, eu me acabo de chorar. Estou muito nervosa com tudo isso que aconteceu. Nunca imaginei em passar por uma coisa dessas. Entrou a guarda, fiquei assustada. Estava no meu quarto, não estava tendo festa. Eu fui almoçar com meus amigos, fui pra casa, chamei uma amiga pra ir lá. A gente estava conversando, eu estava cansada. Aí, começou a chegar um monte de… não um monte de gente, acho que umas seis pessoas. Eu estava no meu quarto, tinha voo cedo. Comecei a escutar uma confusão, uma barulheira e começou a bater muito forte no quarto. Falei: ‘Gente, o que está acontecendo?’. Começaram a bater muito, de chute. Eles arrombaram a porta. Eu assustada, morrendo de medo. Vi um cara filmando que nem é policial. Nem tinha mandado para entrar lá. Cadê o mandado? O que eles alegaram para entrar em uma casa com outra pessoa que nem é policial filmando tudo. E se eu estivesse pelada dentro do quarto?

Você diz que era uma reunião de seis e não 20 pessoas?

Não eram 20. No máximo oito.

Foi algum vizinho que chamou a polícia?

Eu não sei. Não sei como eles foram parar lá.

Você não participava dessa reuniãozinha? Você estava no seu quarto trancada?

Não trancada. Eu estava no quarto, às vezes ia na cozinha, conversava com minha amiga. Mas eu estava no quarto, estava cansada.

Mas os guardas municipais arrombaram a porta para entrar?

Arrombaram a porta para entrar. Eu abri a porta depois, comecei a filmar, fiquei assustada. ‘Gente, o que está acontecendo?’ ‘Tem um mandado de prisão para você’. ‘ O que que eu fiz?’. Eu não estava entendendo nada.

Tinha de fato um mandado de prisão?

Não, claro que não. Graças a Deus que filmei tudo. A brutalidade policial, mais uma vez, no Brasil. Qual o motivo deles ali? Por que eu? Se tinha 10, se tinha 20, como eles falaram, por que só eu fui para a delegacia? Em nenhum momento em agredi.

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No Boletim de Ocorrência está desacato a autoridades e agressão. Em que momento você agrediu?

Nenhum. Nem verbalmente eu agredi. Toda a calma possível. Eu falei: ‘Gente, o que está acontecendo? Vocês não podem encostar em mim’. Aí o guarda: ‘Você acha que a gente não pode? Você quer ver se a gente não pode?’. Toda hora abusando da autoridade. Nenhum momento ele falou para mim o que estava acontecendo. Já chegaram com um mandado de prisão. Gente, o que eu fiz? Nem um cachorro se trata assim como eles me trataram. Nem um cachorro se joga no camburão sem eu ter feito crime algum. Isso está injusto, é uma injustiça. Por que? Só porque eu estava em um apartamento? Só porque eu sou branca e loira ninguém vai ficar do meu lado? Inclusive, o delegado, quando cheguei lá, ele falou: ‘Ah, essa patricinha’.

Como foi o tratamento na delegacia?

O delegado me tratou igual a um animal. Me deixou em um lugar escuro, algemada. Falei: ‘Por favor, posso tirar a algema?’. Ele: ‘É, você tá se achando, sua patricinha. Você tá me tirando. Quem você pensa que é?’. Falei que não pensava ser ninguém. Eles entraram no apartamento sem mandado sem nada. Pode isso? Claro que não pode. É um abuso de autoridade.

Você não chegou a ser levada em uma cela não, né? Só prestou depoimento e pagou uma fiança?

Me levaram para um quartinho. Não teve que pagar fiança, é só um BO. Eu não fiz nada, por que iria pagar fiança?

Mas você reclamou com o delegado pelo que você chama de turbulência?

Não podia nem falar com ele. Ele não deixava nem eu falar. Se eu abrisse a boca, ele já dizia: ‘Essa patricinha tá me tirando. Ela tá pensando que é quem?’. Se eu fosse falar alguma coisa, nem sei o que ele iria fazer comigo.

Só você foi levada?

Engraçado, por que só eu fui levada? Está muito estranho.

Qual lição que você tira disso tudo, Natacha?

Eu nem sei o que vou fazer depois disso. Não tenho condições psicológicas. Vejo um monte de gente me xingando nas redes sociais por que? Eu não estava em festa nenhuma. Estava apenas no meu apartamento, dentro do meu quarto. Por que estou saindo tão discriminada? Mulheres falando. Cadê uma mulher defendendo a outra? Não tem. Estou sendo julgada, bombardeada de coisas. E os policiais, sem motivo, com brutalidade, com força. Em nenhum momento eu agredi, briguei. Por que algemada?

Você conseguiu auxílio de um advogado? Quem providenciou isso para você?

Eu tenho um advogado que eu cuido das coisas com ele e ele vai me ajudar nesse caso.

Você pretende processar o Governo do Estado de Santa Catarina?

Com certeza. Isso está errado. O guarda me enforcou. Em nenhum momento eu poderia estar li naquela situação. Eu só estava segurando meu celular. Eu estava muito assustada.

Então, você está afirmando, com toda certeza, que não houve nem desacato nem agressão nem festa.

Não houve desacato, não houve agressão. Estou toda roxa. Tenho marcas dele. Meu pescoço está roxo. Ele agiu de má-fé. E se ele tivesse me sufocado e eu estivesse morta? Aí ninguém iria falar nada. Será que alguém iria falar alguma coisa? Por que o policial fez isso? Qual o motivo?

A Coluna do Leo Dias procurou a Prefeitura de Balneário Camboriú. De acordo com a assessoria de imprensa, a guarda municipal foi chamada pela Polícia Militar para dar auxílio após uma denúncia de uma festa proibida na noite de domingo (19/7).

Ainda segundo a assessoria, Natacha teria se excedido bastante, agredindo um dos funcionários que fazia a filmagem da abordagem e dificultado o trabalho da guarda municipal. Festas e eventos estão proibidos em Santa Catarina desde março para evitar aglomerações de pessoas e conter o avanço da pandemia do novo coronavírus. Até esse domingo, Balneário Camboriú tinha 3,1 mil casos e 30 mortes por Covid-19.

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