metropoles.com

Iphan reprova proposta de nova ponte, idêntica à Costa e Silva

Para justificar novo elevado, Secretaria de Obras alega que há muitos condomínios em vias de regularização, com fluxo enorme de trânsito

atualizado

Compartilhar notícia

Daniel Ferreira/Metrópoles
Ponte Honestino Guimarães no Lago Sul – Brasília(DF), 17/06/2016
1 de 1 Ponte Honestino Guimarães no Lago Sul – Brasília(DF), 17/06/2016 - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan-DF) emitiu parecer no qual desaprova proposta da Secretaria de Obras e Infraestrutura de construir um elevado idêntico à Ponte Costa e Silva, que seria erguido sobre o Lago Paranoá ao lado do original.

A intenção da pasta era utilizar o projeto arquitetônico e urbanístico da Ponte Costa e Silva a fim de “construir harmoniosamente a obra de arte especial idêntica à concebida inicialmente”.

A justificativa usada pela pasta é que há “grande quantidade de condomínios em vias de regularização, com fluxo enorme de trânsito usando as pontes que acessam a região do Jardim Botânico, Jardins Mangueiral e Altiplano Leste, entre outros”.

O Parecer Técnico nº 16/2020, de 28 de janeiro, diz que a posição do instituto é “contrária, não devendo prosperar nem a ideia de reprodução do mesmo projeto nem a de construir outra ponte ao lado daquela, obstruindo-lhe a visibilidade e com ela interferindo negativamente”.

“Caso o GDF conclua pela necessidade de um novo acesso ao Lago Sul, em respeito à presença da ponte monumental, que é referência na imagem mental da cidade, deve ser escolhida outra localização”, recomendou.

O documento foi encaminhado à Secretaria de Obras e Infraestrutura em 3 de fevereiro.

Argumentos

Segundo o Iphan-DF, do ponto de vista urbanístico, o argumento é semelhante ao que alicerçou o lançamento da Ponte JK.

Esta nova expansão do sistema viário demonstra, segundo o órgão, “mais uma vez”, que a multiplicação de estruturas destinadas ao trânsito preferencial de veículos particulares “tem nos conduzido a soluções insustentáveis, exigindo sempre novas ampliações – como se estivéssemos enxugando gelo, como popularmente se diz”.

Na avaliação do Iphan-DF, a proposta conflita com outras ocupações existentes ou projetadas na vizinhança da Ponte Costa e Silva. O órgão cita que há interferências importantes em ambos os lados da ponte.

Na margem leste, estão o Pontão do Lago Sul e a Área 1 do Masterplan da Orla do Lago Paranoá, que está em desenvolvimento. Na margem oeste, há clubes e a Prainha/Praça dos Orixás.

“Reputamos como inadequado impactar esses lugares com uma obra de tamanha envergadura. Igualmente lamentável é o fato de que a obra, se edificada neste local, inviabilizará a implantação do espaço de lazer denominado Área 1”, disse o Iphan-DF.

“Como a vocação histórica do lago, e do resto de toda a área bucólica que circunda o conjunto tombado, é para a contemplação e o lazer, sob esse ponto de vista, a construção de uma nova ponte é contraindicada nesse local”, opinou.

O Iphan-DF destacou, ainda, que a proposta analisada não é uma demanda criada por situações não controladas, “como guerras”, nem por projetos de grande porte, “como usinas”, que “por vezes levam a destruições, demolições ou desaparecimentos forçados, obrigando-nos ao debate sobre a relocação ou reconstrução do objeto”.

“No caso presente, a ponte monumental de Oscar Niemeyer é o próprio monumento original, autêntico, que ali permanecerá, porém enfraquecido em seu valor cultural de referência, caso a proposta prospere”, assinalou.

O Iphan-DF também disse que sentiu “falta da menção à necessidade desta obra no Plano Diretor de Ordenamento Territorial (PDOT) ou no Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília (PPCub)”.

O que diz a Secretaria de Obras e Infraestrutura

À coluna, a Secretaria de Obras e Infraestrutura informou que a segunda ponte, paralela e idêntica à Costa e Silva, está em fase de estudo e é um dos projetos de melhoria viária da região. O elevado seria independente, com estrutura própria, calçada e ciclovia.

“O que a secretaria fez foi uma consulta ao Iphan sobre a possibilidade de construção desta nova ponte, nada além disso. Ademais, nós ainda estamos em constante contato com o instituto a fim de encontrar a melhor solução viária possível para a região”, disse.

A pasta afirmou que a consulta ao Iphan-DF foi a primeira etapa de todo o processo, “porque as obras em região tombada precisam de total concordância do órgão”. “Não há definição de prazo nem de como será. Trata-se, apenas, de uma ideia que foi apresentada ao instituto”, pontuou.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?