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Agefis: sindicato repudia exonerações. “Atitude covarde do governador”

Além de criticar Rollemberg, entidade afirmou que a presidente do órgão, Bruna Pinheiro, mentiu sobre operação na casa da mãe de Joe Valle

atualizado

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Joe valle, agefis, casa da mãe, pousada irregular
1 de 1 Joe valle, agefis, casa da mãe, pousada irregular - Foto: Foto cedida ao Metrópoles

O Sindicato dos Servidores de Carreira de Auditoria de Atividades Urbanas (Sindafis) reagiu à exoneração de dois trabalhadores da Agência de Fiscalização (Agefis) após a operação que lacrou a casa da mãe do presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), Joe Valle (PDT). No local, funcionava uma pensão sem licença.

Em nota, a entidade afirmou que as declarações da titular do órgão, Bruna Pinheiro, sobre o episódio são “mentirosas e totalmente descabidas”. Segundo o Sindafis, “todas as ações dos auditores fiscais são controladas diretamente pela mandatária da agência, o que torna impossível, frente ao modelo de gestão centralizadora, autoritária e ditatorial empregado pela diretora-presidente, dizer que foi pega de surpresa”.

O sindicato também critica Rollemberg: “Tão absurda quanto a fala da presidente da Agefis foi a atitude covarde do governador, que primeiro negou veementemente ter conhecimento prévio da ação (difícil de acreditar) e, posteriormente, sem qualquer pudor ou caráter, exonerou os servidores ‘responsáveis’ para tentar amenizar o desgaste político de uma ação da própria diretora-presidente”.

O texto termina cobrando da encarregada da Agefis “maior integridade e verdade, que assuma os próprios erros e não prejudique seus subordinados”.

À Grande Angular, o presidente do Sindafis, Eduardo Jorge de Paula, afirmou que “qualquer órgão público, seja ele qual for, não pode sofrer com o uso político comandado por pessoas inescrupulosas que visam atingir os seus objetivos pessoais”.

O posicionamento do sindicato só tornou-se público três dias após a publicação das exonerações do diretor-presidente adjunto Wagner Martins Ramos e de Lucilene Abreu da Silva Nogueira da Superintendência de Fiscalização de Atividades Econômicas.

A entidade teria escutado os servidores destituídos e que participaram da ação antes de comentar oficialmente o episódio.

Aluguel de quartos
A Grande Angular revelou, na última quarta-feira (25/4), que dois servidores do alto escalão da Agefis foram exonerados após uma operação de combate a pousadas irregulares na 703 Sul lacrar a casa da mãe do presidente da Câmara Legislativa, Joe Valle.

O deputado disse que a família foi vítima de uma ação violenta e truculenta. De acordo com Joe Valle, os agentes usaram pé-de-cabra para arrancar o portão, quebraram o mármore da edificação, tiraram o corrimão, levaram os móveis e reviraram todo o lugar.

“Se eles usaram dessa violência na casa da mãe do presidente da Câmara Legislativa, imagina com as famílias de periferia que não têm voz”, disse.

Veja as fotos da operação e do interior do imóvel:

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Conforme explicou Joe Valle, a casa pertence aos pais dele. A mãe já não mora no local, mas começou há décadas a receber funcionários do Banco do Brasil que vinham ao DF fazer treinamentos. O pai dele era servidor de carreira da instituição. A matriarca mudou-se para a Paraíba, e uma das irmãs, Rosaria Carla Viana Valle, assumiu o negócio, alugando quartos no subsolo do imóvel.

A atividade extra ganhou impulso em 2014, com a realização da Copa do Mundo em Brasília. A casa, contou o parlamentar, começou a funcionar recebendo hóspedes no sistema cama e café. De acordo com o distrital, desde 2008 a família tenta regularizar a pensão.

O outro lado
Rollemberg garantiu, por meio de sua assessoria, desconhecer que a ação da Agefis se daria na residência ocupada por familiares do presidente da CLDF. Tão logo soube, procurou se informar dos motivos da operação e, posteriormente, determinou o afastamento dos servidores que a teriam autorizado: “O governador Rollemberg e o seu governo não adotam qualquer tipo de medida específica e dirigida contra qualquer pessoa, seja física ou jurídica”.

Bruna Pinheiro reforçou a versão: “A ação está no nosso acordo de resultados. Estabelecida em metas a serem cumpridas. Não houve nada fora do padrão, do ponto de vista técnico e jurídico, a operação foi correta”.

A presidente da Agefis explicou que existe uma sentença transitada em julgado determinando o fechamento de todos os estabelecimentos não residenciais naquela região, sob pena de sanção correspondente e exasperação no caso de persistência, com multa de R$ 2 mil por dia caso a agência não a cumpra.

A decisão, de 2010, transitou em julgado em 13 de setembro de 2017. De acordo com Bruna Pinheiro, a medida alcançou 45 estabelecimentos que insistiam em funcionar. Vinte e oito teriam sido fechados em operações desde 2016, e 11 deixaram a atividade espontaneamente. Segundo a presidente da Agefis, ainda faltavam seis pousadas. Entre elas, a que funcionava na casa da mãe de Joe Valle. No dia 13, outra foi fechada na mesma quadra.

Bruna informou ainda que não soube previamente da ação no imóvel da família do deputado. “Estava de férias e fui tomada de surpresa. As operações sempre geram consequências muito duras, desde a apreensão de mercadorias de ambulantes à derrubada de casas. Por isso, elas precisam ser comunicadas e aprovadas, para que avaliemos se realmente é a última alternativa”, ressaltou.

Confira a íntegra da nota do Sindafis:

Nota de repúdio

Brasília, 27 de abril 2018

A diretoria do Sindafis repudia veementemente as declarações recentes da diretora-presidente da Agefis, Bruna Pinheiro, sobre ação da fiscalização na pousada da mãe do presidente da Câmara Legislativa, deputado Joe Valle. As declarações são mentirosas e totalmente descabidas, visto que todas as ações dos auditores-fiscais são controladas diretamente pela mandatária da agência, o que torna impossível, frente ao modelo de gestão centralizadora, autoritária e ditatorial empregado pela diretora-presidente, dizer que foi pega de surpresa.

Tão absurda quanto a fala da diretora-presidente da Agefis foi a atitude covarde do governador Rollemberg, que primeiro negou veementemente ter conhecimento prévio da ação, (difícil de acreditar) e posteriormente, sem qualquer pudor ou caráter, exonerou os servidores “responsáveis” para tentar amenizar o desgaste político de uma ação da própria diretora-presidente.

Para os diretores do sindicato, mais uma vez, Bruna tenta safar-se transferindo a responsabilidade aos comandados. Bruna disse, em entrevista ao Metrópoles, que iria apurar responsabilidades. Pois o Sindafis cobra dela maior integridade e verdade, que assuma os próprios erros e não prejudique seus subordinados. Por último, clamamos à senhora presidente que não some mais este caso ao histórico de mentiras acumuladas no período em que esteve e está na direção da Agefis.

Mais verdade e menos covardia!

Sindicato dos Servidores de Carreira de Auditoria de Atividades Urbanas (Sindafis)

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