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Wellington Dias: “Governo demora a sancionar arma para salvar vidas”

Governador do Piauí disse que ritmo de vacinação está lento e governo prioriza “armas que matam” em detrimento de armas que salvam vidas

atualizado

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Michael Melo/Metrópoles
Wellington Dias_Consórcio Nordeste
1 de 1 Wellington Dias_Consórcio Nordeste - Foto: Michael Melo/Metrópoles

O governador do Piauí, Wellington Dias (PT), criticou nesta segunda-feira (15/2) o ritmo de vacinação da população brasileira contra a Covid-19 e a demora do governo federal em sancionar a medida provisória que trata das vacinas (MP nº 1.003/2020).

Dias contrapôs a atuação na questão dos imunizantes à publicação de decretos do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) que facilitam o acesso a armas de fogo. Os decretos foram publicados em um momento em que o número de assassinatos está aumentando no Brasil.

“O governo, sem qualquer debate com a sociedade, autoriza o uso de armas com uma simples ‘certidão de habitualidade’ uso de até seis armas e para alguns casos até 15 armas. ‘Para facilitar e desburocratizar’, justifica ele. Neste decreto, trata de armas, armas que matam. E vacina, arma para salvar vidas, após apoio científico, debate na Câmara e no Senado, demora para sancionar, anuncia que deve vetar mecanismo de validação do uso no Brasil de vacinas já aprovadas e em uso em outros países do mundo, salvando vidas”, protestou Dias.

A MP estipula regras mais flexíveis para a concessão de autorização de uso emergencial de vacinas contra a Covid-19, emitida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A agência reguladora apresenta resistências ao texto e pediu que o presidente vetasse a matéria.

Na última sexta-feira (12/2), os gestores estaduais se reuniram com os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e trataram, entre outros assuntos, da distribuição das vacinas.

O presidente da República tem até o dia 1° de março para sancionar ou vetar a matéria. O veto pode ser total ou parcial, mas a palavra final cabe ao Congresso, que pode rejeitar os vetos presidenciais.

Ritmo da campanha de imunização

Wellington Dias, que é o coordenador da temática de vacina no Fórum Nacional de Governadores, também se queixou da lentidão no ritmo da campanha nacional de imunização no Brasil.

“Nos aproximamos de 30 dias do início da vacinação com perspectiva de alcançar apenas 3% da população brasileira vacinada. Neste ritmo, o Plano do Governo de vacinar até junho 50% da população não vai se concretizar, seguindo nesta lentidão o Brasil deve chegar a cerca de 20% da população vacinada”, disse ele.

Nesta segunda, a prefeitura do Rio de Janeiro anunciou que a vacinação contra a Covid-19 será suspensa na próxima quarta-feira (17/2), por falta de doses de imunizante. O calendário do serviço para o idoso será cumprido apenas nesta segunda-feira (15/2) e terça-feira (16/2), recebendo nos pontos de vacinação os idosos com 84 e 83 anos.

Como mostrado pelo Metrópoles, integrantes do Ministério da Saúde observam com cautela o risco de o país não ter vacinas para a aplicação da 2ª dose e para a continuidade da campanha.

Reunião com Pazuello

Os governadores se reúnem, na próxima quarta-feira (17/2), virtualmente, com o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, para tratar do cronograma de entrega das vacinas contra a Covid-19 até o mês de abril.

Também serão discutidos na reunião o pagamento das Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) e outras alternativas de imunizantes, tais como a Sputnik V, da Rússia.

O Brasil tem até o momento duas vacinas registradas na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa): a Coronavac, desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, e a AstraZeneca/Oxford, produzida pela Fiocruz. Os gestores devem cobrar celeridade na aquisição de novas vacinas.

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