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Violência no Espírito Santo faz turistas anteciparem viagens de volta

Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Espírito Santo (ABIH-ES) estima prejuízo de 30% por causa de desistências no carnaval

atualizado

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avião aeroporto
1 de 1 avião aeroporto - Foto: Michael Melo/Metrópoles

Assustados e inseguros, turistas estão deixando as cidades do Espírito Santo mais cedo do que esperavam, por causa do medo de ser tornarem vítimas da violência agravada nos últimos cinco dias no estado — houve 87 mortes e 270 saques a lojas desde sábado (4/2). A administradora Angélica Viana, de Itabira (MG), chegou há duas semanas em Guarapari, para visitar a família, e decidiu voltar para casa no fim de semana passado.

“Quando chegou a madrugada de domingo (5), a cidade foi invadida por gangues que destruíram e roubaram diversas lojas, além de assassinarem pessoas. Eu não vou ficar aqui nem mais um dia. Estamos vivendo uma guerra”, lamenta.

O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Espírito Santo (ABIH-ES), Gustavo Guimarães, disse que por dia pelo menos 15 pessoas ligam para os hotéis capixabas, questionando a insegurança nas principais praias. De acordo com ele, há 10% de desistências de hospedagens.

“Estamos todos preocupados com essa situação no Espírito Santo. Acreditamos que nesse próximo feriado (de carnaval), vamos ter um prejuízo de até 30% ou mais, com essas desistências. Mesmo assim, tentamos reverter essa situação, dizendo para quem nos liga que o Exército está nas ruas”, disse Guimarães. “Nós tínhamos hotéis com 100% de hospedagens fechadas e agora não temos mais”, alertou.

O proprietário da rodoviária de Guarapari, Agenor Nicchio Júnior, observou que as vendas de passagens agora estão sendo feitas pela internet e os ônibus deixaram de sair do local, por medo de serem alvos de bandidos.

Houve um aumento de 30% na procura de passagens de saída. “Não há mais vendas de passagens aqui na rodoviária. Notamos uma grande movimentação desde quando começou as tragédias aqui na cidade. As pessoas estão indo embora com medo. Os ônibus só passam aqui e ficam poucos minutos”, afirmou.

Tradição
Em Anchieta, o secretário de Turismo, Edson de Souza, disse que o município tem procurado diálogo com o governo do estado para conseguir trazer segurança imediatamente. “Nossa programação de carnaval está mantida. Sabemos que houve muitas desistências, mas asseguramos que as pessoas que vierem verão um bom carnaval tradicional”.

Reforço
Em crise na segurança, o Espírito Santo recebeu o socorro das Forças Armadas e da Força Nacional de Segurança por causa da paralisação da Polícia Militar, iniciada no fim de semana. O movimento já foi considerado ilegal pela Justiça, que determinou aplicação de multa diária de R$ 100 mil por descumprimento.

A categoria reivindica reajuste salarial e denuncia falta de pagamento de auxílio-alimentação, adicional noturno e por periculosidade, além de más condições da frota de veículos empregada no patrulhamento.

Familiares de PMs se posicionaram na frente de batalhões na Grande Vitória e em cidades do interior para impedir a saída dos PMs e de carros e protestar contra o governo — que não aceita negociar enquanto os PMs não voltarem a seus postos.

IML
Superlotado após a alta de mortes, o Departamento Médico Legal (DML) da capital foi fechado na segunda, por orientação da Polícia Civil. Havia quase 30 corpos no departamento, que tem só 12 gavetas frigoríficas, segundo o Sindicato dos Delegados de Polícia Civil do Espírito Santo (Sindepes). “Parecia campo de guerra da Síria. Havia 16 cadáveres no chão”, descreveu Rodolfo Laterza, presidente da entidade.

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