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Vídeo. Vereadora trans é insultada em plenário no RJ: “Seu macumbeiro”

Durante votação de projeto na Câmara de Niterói (RJ), Benny Briolly foi alvo de racismo religioso de bolsonaristas com gritos e xingamentos

atualizado

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Vereadora Benny Briolly, de Niterói, Rio de Janeiro
1 de 1 Vereadora Benny Briolly, de Niterói, Rio de Janeiro - Foto: Divulgação

Rio de Janeiro – Alvo de gritos e xingamentos, a vereadora Benny Briolly foi vítima de racismo religioso na Câmara Municipal de Niterói, na quinta-feira (10/3), durante a votação do projeto de lei que propõe instituir a data 12 de novembro como dia de Maria Mulambo.

A sessão precisou ser interrompida por causa da gritaria que algumas pessoas fizeram na Casa. Vídeos registraram o momento em que um grupo de pessoas conservadoras interrompeu a fala da vereadora, a primeira trans eleita no Rio de Janeiro.

No plenário e fora dele, elas gritaram contra a parlamentar, usando palavras e expressões como “xô, satanás”, “babaca”, “seu macumbeiro” e “só Jesus Cristo é o senhor”.

Veja vídeo, abaixo:

Em nota ao Metrópoles, o presidente da Câmara Municipal de Niterói, Milton Carlos Lopes, disse que, “em razão da matéria proposta pela vereadora Benny, ocorreram debates acalorados com posicionamentos diversos, dentro do respeito que o parlamento exige e o Estado de Direito determina”. Tudo ocorreu, segundo ele, “dentro do campo da ideia e convicção”.

“Lastimável”

Segundo a vereadora, os pais de santo que acompanhavam a sessão foram intimidados por bolsonaristas que estavam na Casa. “Esse cenário é lastimável e inaceitável. Precisamos estabelecer o estado laico em Niterói”, disse Benny Briolly, a primeira trans eleita no estado do Rio de Janeiro e a mulher mais votada do município.

“A branquitude busca silenciar nossas divindades africanas e este projeto de lei é justamente para transformar essa perspectiva racista religiosa. Mas a Câmara escolheu intensificar o racismo religioso na cidade. Todo povo de axé foi agredido de alguma forma”, afirmou a vereadora.

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Benny Briolly (Psol), vereadora de Niterói
Benny Briolly (Psol), vereadora de Niterói
Benny Briolly (Psol), vereadora de Niterói
Benny Briolly (Psol), vereadora de Niterói
Benny Briolly usou o Twitter para denunciar racismo e xenofobia
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Benny se declara "preta, favelada, de axé e defensora dos Direitos Humanos"

Foto: Aline Massuca/Metrópoles
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Benny Briolly (Psol), vereadora de Niterói

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Benny Briolly (Psol), vereadora de Niterói

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Benny Briolly (Psol), vereadora de Niterói

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Benny Briolly (Psol), vereadora de Niterói

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Benny Briolly usou o Twitter para denunciar racismo e xenofobia

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Primeira vereadora trans

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Benny Briolly

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Em Niterói (RJ), Benny Briolly (PSOL) foi eleita a primeira vereadora travesti do município, com mais de 4 mil votos

Reprodução/Instagram

Para mobilizar a aprovação do projeto de lei, a vereadora disse que convidou personalidades de axé para verem a votação. Dentre elas, duas mulheres trans que foram impedidas de entrar na câmara por conta de suas roupas.

A assessoria da vereadora informou que a vestimenta era adequada às normas da Casa. Benny disse que essas mesmas mulheres foram xingadas de “demônio” por idosas que acompanhavam a sessão.

Assessores da vereadora disseram que também foram impedidos de entrar na sessão. Além disso, de acordo com a parlamentar, as travestis e a vereadora foram chamadas por pronomes masculinos por bolsonaristas que estavam na casa legislativa.

“Racismo”

O PL09/2022 institui Maria Mulambo como protetora de Niterói. “O estado laico trabalha na lógica de não se opor e nem apoiar nenhuma religião, mas o racismo direcionado às religiões de matrizes africanas é tão naturalizado que consideram normal marginalizar o nosso sagrado dessa forma”, reclamou a vereadora.

“Até quando o racismo religioso vai continuar atrasando as pautas políticas de progresso para o nosso município?”, questionou Benny Briolly. Segundo ela, sua assessoria jurídica tomará as providências legais “para responsabilizar os autores das ofensas pelo crime de racismo”.

De acordo com a vereadora, o projeto de lei foi retirado de votação, “sem mais nem menos”. O presidente da câmara disse que ainda não recebeu reclamação formal por parte de qualquer parlamentar da Casa sobre o episódio.

“Até o momento, não foi noticiado por qualquer parlamentar nenhum tipo de ofensa e, caso tenha ocorrido eventual racismo de qualquer espécie, que ainda não foi noticiado pelo ofendido, assim que formalizado, serão prontamente adotadas as medidas cabíveis para a sua apuração e punição”, afirmou Milton Carlos.

Benny Briolly  também voltou a receber ameaça de morte na última quarta-feira (9/3). Nas redes sociais, ela disse que esta é a sexta vez em que se torna vítima deste tipo de crime,  apenas em 2022.

A Polícia Civil do Rio de Janeiro realiza a investigação contra os supostos criminosos com base também em um dossiê que reúne mais de 20 ameaças em menos de um ano e foi produzido pela vereadora.

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